sábado, 5 de janeiro de 2013

Banho de mar. "Que maravilha! Eu consegui!!!"

Num desses mais de 100 artigos já escritos no meu blog, Eu me rendo a essa maravilha criada por Deus que é o mar. Nasci e me criei bem perto do mar. De madrugada, quando o vento soprava na direção da nossa rua, dava até pra ouvir o barulho do mar como também sentir o cheiro inconfundível de maresia. Adorava quando criança, ir a praia com meu avô Nicolau e minhas três irmãs. Às vezes sonhava acordado, pensando em desbravar esses mares já desbravados pelos grandes navegadores, que com suas Naus descobriram novas terras além mar.
Nas fotos 1 e 2 abaixo, a situação da Praia da Barra de São Miguel no dia em que Eu dei o meu primeiro mergulho pós AVC.

Foto 1
Fui crescendo e cada vez mais, me apaixonando pelo mar. Aprendi a pescar de arremesso com o meu amigo Bebéu um outro apaixonado pelo mar e, todos os finais de semana, estava em qualquer lugar dando minhas arremessadas e curtindo essas maravilhosas praias que só aqui em Alagoas temos tão perto de nós. Juntava eu, Sergio meu cunhado e normalmente o grande Joel, outro amigo irmão e a pescaria estava feita. Pois é, essa era minha vida até então. Minha e de minha família. Era muito difícil passar um fim de semana sem tomar um bom banho de mar. Era na Praia da Barra de São Miguel, no Gunga, no Francês... Foram realmente momentos maravilhosos que jamais esquecerei. Saudade é a palavra certa para definir tudo isso.

Foto 2
És que de repente, fui surpreendido com um AVC isquêmico que a princípio me deixou com sequelas que não me deixava ir a praia e tomar o meu banho de mar. Passei mais de 3 anos e 3 meses sem ir a praia e lógico sem mergulhar nas águas quentes das nossas maravilhosas praias que banham esse nosso vasto litoral alagoano.
Não foi por falta de convite. Minha esposa e minhas filhas sabendo que eu adoro ir a praia, sempre insistia para tomarmos um mergulho. Eu sabia que entrar no mar eu até conseguiria, o problema era dominar meu corpo no vai e vem das ondas. Tinha também o receio de que, na hora de sair, algo errado acontecesse e eu, mesmo com a ajuda da minha família causasse algum acidente, prejudicando a mim mesmo como também as minhas queridas filhas e esposa. Confesso a vocês que sempre que recusava um desses convites, ficava muito triste por dentro e realmente passava o resto do dia abusado e sem vontade de fazer nada. Aliás, o domingo passou a ser um pesadelo na minha modesta vida. Não sei se era certo, mas tudo que fazia e que me dava satisfação, deixei de fazer.
Pensando bem, para ir a praia e arriscar um mergulho, o local teria de ser daqueles que só eu sei onde encontrar. Já tinha em mente a praia ideal para o meu primeiro banho de mar pós AVC: A Praia da Barra de São Miguel! E ela que reúne o mínimo de segurança pra mim, pra minhas filhas e para minha esposa que, com certeza, irão me acompanhar. Não sei se todo esse cuidado é necessário mas, por via das dúvidas eu tinha de me precaver. Aliás, Eu sempre fui assim preocupado com coisas que nem se quer tinham ainda acontecido. Como diz a minha esposa Fatima: "seu nome é preocupação"! Na foto 3 abaixo, detalhes do grande momento: Eu tomando banho de mar, com a minha querida netinha.

Foto 3
Aconteceu da nossa filha Paulinha chegar de Campinas para passar as festas de fim de ano com a família e, apesar de não gostar muito de mar, estava querendo dar um mergulho e matar a saudade desse maravilhoso visual das nossas praias. Desde que chegou a Maceió, tanto ela como a irmã Renata, vinha insistindo para juntos irmos a praia. Pra mim ainda tinha um porém: a maré teria de estar baixa para facilitar a minha entrada e saída da água, evitando as ondas mais fortes formadas quando a maré está cheia.
Para que não decepcionasse mais ainda minhas filhas, resolvi aceitar o convite. Era dia de semana e, apesar das férias, o movimento tanto na estrada como na praia era menor e por coincidência a maré estava baixa, do jeito que Eu queria. A princípio escolheram a Praia do Francês mas logo descartei. Apesar de belíssima o acesso até a praia é difícil para mim e tem um movimento diário muito grande, pela sua fama. Sugeri então a Barra de São Miguel pois sei que tem no mínimo um local de fácil acesso para a praia.
O dia estava lindo! O céu azul sem uma nuvem deixava em evidência o sol que brilhava e espalhava seus raios além do horizonte, formando um visual próprio para um delicioso banho de mar. Saímos então Eu, a Paulinha, a Renatinha e a minha netinha Maria Luísa. Lamentavelmente minha esposa não pode presenciar o meu retorno à praia, pois estava trabalhando.
Na foto 4 abaixo, mais detalhes do meu banho de mar com minhas filhas Paulinha e Renatinha e minha netinha Malu.

Foto 4
Com a duplicação da AL-101 Sul, a ida até a Barra ficou uma maravilha. Rápida e segura. Além do visual, o trânsito fluía normalmente e chegamos sem problema na Barra. Estávamos com tanta sorte que até encontramos uma vaga para estacionar o carro, próxima ao acesso para a praia. Descemos e sentamos em uma mesa, próximo ao mar, para que eu pudesse me deslocar mais facilmente. O mar estava belíssimo. Era realmente indescritível a sua cor e a sua beleza que juntamente com o céu azul, nos transmitia paz e tranqüilidade nos deixando relaxados e prontos para mergulhar em suas águas. Me lembrei dos bons tempos. 
Tudo pronto! Tudo em seu lugar! Só faltava criar coragem e enfrentar a platéia, na sua maioria turistas e caminhar aproximadamente uns vinte metros até a água para matar o meu grande desejo. Tirei a minha órtese, respirei fundo, me pus de pé com o auxílio das minhas filhas e da minha inseparável bengala e parti firme em direção ao mar. A areia nesse trecho estava úmida facilitando bastante a minha caminhada. Mesmo assim, o pé direito estranhava aquele caminho que ele conhecia muito bem, de outras épocas. Toda vez que eu pisava na areia com o pé direito ele dobrava pra dentro, me deixando sem equilíbrio. Mesmo assim, eu não me entregava e continuava firme na minha vontade cada vez maior de cair naquelas águas que antes tanto tinha me esbaldado de tantos banhos tomados. Entrei na água devagar para sentir o meu reencontro com minha velha companheira, pois pelo tempo que passei desaparecido, não sabia qual seria sua reação.
Na foto 5 abaixo, mais detalhes: dessa vez de minha netinha Malu se lambuzando toda chapando um delicioso picolé de chocolate. Que maravilha!  Estava realmente como queria.

Foto 5
Pra minha surpresa, a minha recepção foi muito tranquila. Quando a água estava na metade das minhas pernas, parei e disse para minhas filhas: "bem! agora é só sentar e curtir!" Me sentei na areia e quase não acreditei o que estava acontecendo: Eu em carne e osso, sentado nas águas cristalinas do mar da Barra de São Miguel em plena luz do dia, por volta das 10:30 horas de uma manhã ensolarada, pra mim, só em sonho!
Já que não era sonho, mergulhei, me arrastei sobre a areia e a água, me ajoelhei como se estivesse agradecendo à Deus por aquele momento que ele através das minhas filhas, tinha me proporcionado. Aproveitei todos os segundos mas, não podia me demorar mais, pois a maré estava começando a subir e eu já estava sentindo dificuldades para controlar os movimentos do meu corpo, então resolvi sair da água. Não estava triste por sair rápido, quer dizer, depois de aproximadamente uns vinte minutos, mas sim, muito alegre e satisfeito pois, agora tinha a certeza de que muitos outros dias iguais a esse com certeza virão.
Na foto 6 abaixo, Eu e minha netinha já em terra firme degustando um delicioso picolé.

Foto 6
A Malu estava com a vida que pediu à Deus: só praia, sol, picolé e tudo de bom para aproveitar esse dia maravilhoso. Eu só podia fazer uma coisa: acompanha-la nessa farra. Voltamos para a nossa mesa colocada na areia a poucos metros do mar e a platéia na areia me olhava muito curiosa. Para mim e pra minhas filhas. A volta foi um pouco mais difícil, pois a areia estava seca e muito solta, dificultando os meus passos. Mas isso não foi problema, como na ida, levantei a cabeça e com poucas passadas cheguei ao meu objetivo. Demoramos um pouco e depois voltamos para casa. Minha netinha Maria Luísa, aproveitou bastante como também minhas filhas. Já combinei com a família que na próxima maré baixa, estaremos mais uma vez na Barra de São Miguel para juntos, curtirmos essa que é uma das minhas melhores opções de lazer. Confesso para todos amigos que esse que parece um simples banho de mar, pra mim foi um santo remédio para curar esse meu medo sem necessidade, de fazer as coisas triviais do dia à dia.

Nicolau Cavalcanti em 04/01/2013

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A lenta morte do Riacho Salgadinho. "Que vergonha, meu Deus!!!"

É meus amigos! É lamentável a situação em que se encontra o nosso Riacho Salgadinho. Como todos nós sabemos, não é de agora! Entra e sai prefeito e governador e nada de uma solução para essa fétida ferida, a céu aberto, cortando parte da cidade de Maceió e jogando sua podre secreção na nossa belíssima Praia da Avenida. É uma vergonha para todos nós alagoanos. Reclamamos! Reclamamos! E nada fazemos!
E os turistas que chegam aos milhares todos os anos em nossa cidade? O que será que pensam dos nossos "políticos", dirigentes e até mesmo de nós, ao ver esse total descaso com a nossa linda cidade de Maceió, rica em maravilhas naturais, mas paupérrima de políticos competentes. Os que estão no poder, só sabem usufruir de seus mandatos e não estão nem aí para nossa cidade?
É inacreditável o que está acontecendo com o coitado do Riacho Salgadinho. Lembro muito, bem que no início dos anos 70, eu e a minha turma, atravessava o Riacho com água no pescoço e, muitas vezes, até mergulhávamos, para conseguirmos "tomar pé" para conseguir atravessar da Praia do Sobral para chegarmos até a Praia da Avenida. A cor da água do Salgadinho se confundia com a cor da água do mar, quando ambos estavam cheios. Mas no entanto, já existia poluição!
Quando a maré estava baixa, já era evidente que alguma coisa muito séria e errada estava para acontecer com o Riacho Salgadinho. Já se via na fina e branca areia, por onde o Riacho escorria e desembocava no mar, um fino veio de água escura que escorria silenciosa para o mar. Na época de inferno principalmente. Isso já mostrava o início da decadência do Riacho Salgadinho, que só piorava anos após anos. Hoje o Riacho está morrendo! Se é que ainda não morreu! Assistimos a tudo isso calados. 
Acredito que toda a vida animal e vegetal está totalmente comprometida e o seu leito nada mais é do que um grande depósito de lama podre e de lixo de toda espécie. A fedentina é muito grande! Muitas vezes insuportável! Não acredito que essa situação deva perdurar por muito tempo. Não acredito que os nossos gestores e "políticos" que transitam diariamente, com seus carrões blindados pelas suas margens, não notem e não tomem nenhuma atitude, pois só sabem mesmo é utilizar o nosso dinheiro em benefício próprio.
Não acredito que, com os meus mais de 60 anos já completados, terei a satisfação, de um dia, pelo menos, ver o nosso Riacho Salgadinho em processo final de despoluição e, quem sabe, nossos descendentes podendo usufruir dele como deveria realmente ser usufruído. Quem sabe se um dia poderemos apreciar a sua beleza sentados em algum dos vários bancos colocados ao longo de suas margens, passear com a família pelas calçadas ao longo do trajeto do seu leito, ir de um ponto para outro através de barcos colocados à disposição da população para essa finalidade, aproveitar as horas vagas para pescar com os amigos em suas margens, ver casais de namorados curtindo a sua beleza... Será que esse é um sonho impossível? Será que vai acontecer nesses 25 anos que é o tempo de sobrevida estipulado pelo INSS, para quem sabe, eu ainda possa estar vivo e ver com meus próprios olhos, esse milagre? Se isso acontecer, com certeza estarei presenciando também a realização de um projeto ousado de algum "doido", que teve a coragem de assumir para si esse compromisso e mostrar para esse bando de políticos "não faz nada", que quando se quer, com certeza, se faz! Eu claro! Estarei lá, com minha família documentando e fotografando essa grandiosa façanha para, com certeza, postar no meu Blog. Aliás! Estarei lá documentando todos os detalhes da realização de um sonho de todos nós maceioenses e alagoanos. Oh! Meu Deus do céu! Não é que era mesmo um sonho! Poxa vida! Acordei! 

Nicolau Cavalcanti em 01/01/2013