terça-feira, 28 de agosto de 2012

A grande descoberta: depois de mais 50 anos! Descobrimos o paradeiro do nosso Pai!!!

Sabe! Não sei o que me deu na cabeça, mas de repente me lembrei dos meus queridos pais e resolvi escrever algumas linhas sobre tudo que me lembro sobre eles. A história da minha pequena família não sei direito nem o início, nem o meio e, muito menos, o fim! Só sei o seguinte: quando tomei pé da situação, isto é, quando comecei a entender as coisas, soube que estava sendo criado pelos meus avós paternos. Eu e minhas irmãs.
Bem! Meus avós paternos eram: Nicolau Cavalcanti e Silva(Vovô Lalau) e Maria Madalena lindoso Cavalcanti(Vovó Liquinha), a sua segunda esposa. A primeira, não chegamos a conhecê-la e se chamava Maria Pessoa Cavalcanti e até hoje não se sabe do seu paradeiro. Só sei que era muito nova, a metade da idade do meu avô e era descendente de índios. Meu Avô trabalhou pras bandas do Amazonas, como seringueiro e foi por lá que a descobriu. Os meus Avós maternos eram: Elpídio Teles Machado(Vovô Pipipa) e a sua esposa se chamava Maria Teles Machado, cujo paradeiro e o que tinha acontecido com ela, na época. Todos já falecidos.e eu e minhas irmãs.
Meus avôs tanto por parte de pai como por parte de mãe, eram criaturas muito rígidas em se tratando de criação. Isso influenciou muito a criação dos seus filhos e também da nossa criação, seus netos.
Meu avô Nicolau, do primeiro casamento teve três filhos: meu pai Rubem, meu tio Antonio e minha tia Desdemona. A sua primeira esposa se casou posteriormente e teve mais um ou dois filhos, que infelizmente, não sei os seus nomes, se estão vivos e onde moram. Sua primeira esposa deixou meu avô, por não suportar a vida que ele imponha para ela. Segundo pessoas da sua época, ele era muito ciumento. Tenho até hoje a curiosidade de ainda encontra-los, nem que sejam os seus descendentes. Meu avô Elpidio, só tinha uma filha, minha querida mãe Maria Liberata Machado. Ele morava com sua mãe, Dona Ana Teles e uma tia Maria. Confesso que até hoje, não sei os nomes completos delas.
O meu tio Antonio Pessoa, o tio Tonico, como era chamado, era formado em Engenharia Civil e era o xodó do seu pai Nicolau. Meu pai era, segundo os mais velhos, um verdadeiro boêmio. Só queria "curtir" a vida. Meu avô era totalmente contra a vida que meu pai levava. Minha tia Desdemona, era uma mulher cujas idéias, na época, eram muito avançadas e não aceitava o tipo de criação imposta por meu avô Nicolau. Resumindo: meu tio Antonio casou com a minha tia Maria Aparecida Coutinho Cavalcanti e, viveram muito bem. Tiveram dois filhos, Ricardo e Angela, nossos primos. Meu tio já faleceu mas, a nossa tia Aparecida, graças a Deus, continua viva. Minha tia Desdemona, contrariando o desejo do seu pai, viveu uma grande história de amor, sendo inclusive notícia na primeira página de um jornal local da época. Conheceu um engenheiro elétrico inglês, que veio a Maceió resolver um problema na rede elétrica na cidade, uma vez que, na época toda a energia de Maceió era administrada por uma empresa inglesa e, fugiu com ele para Inglaterra quando ele concluiu o seu trabalho. Meu avô, quase morreu com a notícia e nunca aceitou a sua reconciliação, muito embora a minha tia Dezinha, como era chamada pela família, tenha tentado por diversas vezes. Morreu e nunca aceitou. Desse lindo amor nasceram dois filhos: o Anthony e o Willian, que moram atualmente em cidades distintas, na Inglaterra, com suas famílias. Estiveram aqui em Maceió a alguns anos atrás e tivemos o prazer de conhecê-los. Fizemos uma boa farra aqui em casa e eles assim como nós, adoramos nos conhecermos. A sua mãe já faleceu e seu pai, que só conheço pelo apelido de "Velho Bill", ainda está vivo e mora com o seu filho Anthony.
Meu pai, casou contrariando a vontade do meu avô. Ouvimos por várias vezes do nosso avô, que quando meu pai chegou pra ele informando da sua intenção de casar, ele, meu avô, dizia: "Rubem! Você não tem condições de sustentar uma galinha, quanto mais de casar!". Mesmo assim meu pai casou com seu grande amor, a nossa querida mãe Maria Liberata e constituiu uma grande família. Nasceu a Lilian, um ano depois nasceu a Rubia e mais um ano, nasceu Eu Nicolau e minha irmã Fatima. Com o meu nascimento e da minha irmã Fatima, aconteceu uma grande tragédia: minha mãe foi acometida por um "eclampse" e faleceu no mesmo dia do nosso nascimento, 23 de outubro de 1952. Não sabemos mais detalhes sobre a sua morte, qual a idade que tinha... Da nossa querida mãe, só nos restou um retrato 3x4, branco e preto, que minha irmã Fatima, mandou ampliar e colocar em uma moldura e me presenteou. Esse retrato mostra o quanto nossa querida mãe, era tão bonita.


As informações de muitas pessoas da época, que conviveram com ela, falavam que a nossa mãe era uma pessoa muito meiga, delicada, bonita e muito educada. Amava muito o nosso pai. Com relação ao nosso pai esse sofreu muito, amava muito a nossa querida mãe e ficou realmente, totalmente perdido. Com quatro filhos para criar sem a presença fundamental da sua querida esposa e, se não bastasse, a cobrança quase que diária do seu pai, o Vovô Lalau, com razão, é claro, mostrando para ele, da grande responsabilidade que ele tinha de nos criar. Não sei por quanto tempo passou morando na casa do seus pais com nós quatro e, só soube depois que não agüentando a pressão: desapareceu! Se mandou! Ninguém sabia onde o Rubem Pessoa tinha se metido. Não sei se a causa foi a pressão ou se realmente queria aproveitar a vida longe de seus pais e de. Seus filhos. Na foto acima, eu e minhas irmãs antes e hoje.
Na época, trabalhava numa empresa como representante comercial mas, nem a empresa sabia do seu paradeiro. Se não estou enganado, enviou algumas correspondências para uma namorada que tinha arrumado após a morte de nossa mãe, cujo nome era Vanda, e que morava no Bairro do Vergel do Lago. Sua namorada, era enfermeira e trabalhava no Hospital de Pronto Socorro. As vezes passava lá na casa de nossos avós, para saber ou dar notícias do nosso pai quando conseguia. Assim mesmo incertas. Para a família, nosso pai não deu mais notícia. Ninguém sabia se ele estava vivo. Apenas pessoas amigas que, quando viajavam, diziam que tinham visto pessoas muito parecidas com o nosso pai. Surgiam sempre boatos que ele estava no Rio, em Brasília e outras cidades, mas nada de concreto com relação ao seu paradeiro.
Um certo dia, creio que já tinha os meus seis anos, ou mais um pouco, estava brincando com minhas irmãs, quando alguém bateu à porta. Morávamos nessa época, na Rua Barão de Alagoas - 320, no bairro da Levada. Corri e abri o "postigo" e um homem alto, magro, de bigode, cabelos pretos e penteado pra trás, sorrindo me perguntou: "você é o Niel?", Eu respondi que sim! Daí o homem afirmou: "Eu sou o Rubem! O seu pai!". Eu muito assustado gritei: - "Vovô! Vovó! tem um homem aqui, dizendo que é meu pai!". As minhas irmãs correram até a porta onde estava o homem dizendo que era nosso pai. Nisso chegou os nossos Avós e quando viram o tal homem, assustados perguntaram: Rubem! Você voltou? Então ele respondeu que tinha vindo fazer um visita para matar a saudade deles, dos pais e, principalmente conhecer melhor os filhos, já que quando ele foi embora éramos todos muito pequenos. Tinha vindo também para acertar com o nosso avô, uma ajuda mensal para ajudar nossos Avós na nossa criação, já que até aquele momento, todas essas despesas tinham sido exclusivamente de meu avô.
Entramos todos, ele carregava uma mala grande e, assim que sentou, chamou Eu e minhas irmãs, abriu a mala e deu a cada um de nós uma bolsa de cor roxa, cheia de bombons de chocolates e nos lados da bolsa tinha escrito alguma coisa, mas só me lembro do nome Real, era grande. Segundo o meu pai tinha sido uma cortesia da empresa aérea. Pesquisando recentemente, descobri que era a Real Transportes Aéreos.
Me lembro também que a Vanda, a sua namorada, foi bater lá em casa por várias vezes e, só deixou de ir, quando nosso pai retornou, pra onde, nunca soubemos! Para encurtar a história, nosso pai passou vários dias com a gente e foi para nós os melhores dias das nossas vidas. Apesar de não me lembrar de muitas coisas mas, uma coisa nunca saiu da minha memória: o seu semblante de surpresa ao me ver e a sua pergunta se Eu era o Niel! E a sua afirmação de que era o meu pai! Pôxa vida! Isso me marcou até hoje!
Bem! O nosso pai, como já disse, foi embora, prometendo que jamais aconteceria novamente, o que aconteceu antes: ter ido embora, desaparecido sem dar qualquer notícia de seu paradeiro. Daria notícias sobre as suas andanças pelo Brasil, sempre que pudesse. Disse inclusive que pretendia voltar para Maceió, casar com a Vanda, sua namorada e morar com ela e nós quatro. Claro! isso nós soubemos muito depois em desabafos de meu avô, quando por qualquer motivo, falávamos o nome de nosso pai.
Meu pai depois dessa vinda a Maceió, da promessa de que iria voltar e enviar uma ajuda mensal, para nosso Avô, no início até cumpriu o acordado mas, depois desapareceu por completo. Não deu mais qualquer noticia e perdemos a esperança que ele próprio havia depositado em nós. Continuamos a nossa vida, morando com os nossos avós e não tínhamos do que reclamar. Tínhamos de tudo. Não faltava nada para nós, a não ser a falta de um pai e uma mãe. O nosso avô "Pipipa", dava a sua ajuda indo todas as noites lá em casa para ensinar as tarefas da escola para nós quatro. Nos finais de semana, levava a gente para passar o dia na casa de sua mãe, dar uma volta no comércio para olhar as vitrines e, algumas vezes íamos visitar a vovó Elvira. Uma senhora que ele conhecia e chamávamos carinhosamente de vovó Elvira.
Na realidade, morávamos com os nossos avós e uma irmã de minha avó, chamada Maria Luiza, a Tia Luiza, como chamávamos. Os três se esforçavam muito para nos oferecer uma criação digna. Disso não podemos reclamar. Eram pessoas maravilhosas. Claro! Cada uma com a sua forma de ver e encarar a vida, como também de educar. A nossa avó Liquinha, era uma Santa. Sempre nos defendia quando os nossos avós, por algum motivo, queria nos bater com uma "palmatória".
Várias coisa aconteceram em nossa vidas: morreu toda a família do meu avô materno. O mesmo ocorreu com os nossos avôs paterno e da Tia Luiza. Passamos então, a morar na casa do nosso Avô materno, a única herança que erdamos de todos os nossos parentes. Graças aos ensinamentos de todos, não tivemos quaisquer dificuldades para superar mais esse desafio. Minha irmã mais velha já trabalhava e assumiu a responsabilidade de nos criar. Mais tarde eu me formei em engenharia civil, casei e a vida continuou. Minha irmã mais velha também casou e foi morar em Porto Velho. E as outras duas irmãs terminarm o segundo grau e continuam morando até hoje, na mesma casa. Cada uma teve um filho, mas não casaram.
O tempo passava e, desde a última vez que vimos nosso pai, acredito que no final dos anos 50, até por volta do meado dos anos 90, jamais tivemos qualquer notícias dele. Tínhamos a certeza de que íamos morrer sem saber do seu paradeiro. Realmente, jamais tivemos qualquer notícias do nosso pai. Perdemos as esperanças e nem mais falávamos dele e desse assunto.
Comentando certa vez com a minha esposa, sobre esse estranho desaparecimento sem uma explicação plausível, mesmo depois da morte de seu pai, pois pensávamos que esse fosse o maior impesilio para sua volta, ela então sugeriu para que nós nos inscrevêssemos num programa de TV, se não me engano, o programa do Silvio Santos, que procurava pessoas desaparecidas, atendendo a solicitação de parentes que desejavam encontrar essas pessoas. Confesso que não tive coragem de enfrentar esse desafio e, mais uma vez adiávamos esse tão sonhado encontro com o nosso pai.
No final dos anos 90, tendo procurado a Receita Federal para resolver uma pendência do nosso IR, tivemos a sorte de conhecer uma Senhora, que lamentavelmente não lembramos o mais o seu nome e que nos atendeu maravilhosamente bem resolvendo rapidinho, o nosso problema. Aproveitei esse momento para perguntar a essa senhora, se tivéssemos o nome completo de alguma pessoa, se ela teria como ver qual o Estado onde essa pessoa estava morando. Ela disse que tinha, mas... Explicamos para essa senhora qual o motivo da nossa curiosidade: 50 anos do desaparecimento do meu pai, aí ela então resolveu nos ajudar. Entrou no sistema e, digitou o nome do nosso pai. Deu uma paradinha e, com um ar de positivo, nos disse: "bem, o seu CPF, está ativo! Isso significa dizer que, a princípio ele está vivo mas, mesmo assim, não posso garantir. O seu CPF está cadastrado em Brasília".
A Fatima, minha esposa tomou a frente do caso e disse que só descansaria quando tudo tivesse resolvido e o caso totalmente esclarecido. Eu também fiquei muito curioso, pois não tínhamos notícias do nosso pai a praticamente cinqüenta anos e, de repente surgia essa possibilidade de que ele estivesse vivo, mexeu bastante com as nossas cabeças. A minha, a da minha esposa e a das minhas irmãs e parentes.
Minha esposa iniciou de imediato a busca por mais pistas. Começou ligando para Receita Federal, em Brasília e conversando com várias pessoas de lá e explicando o porque dessa busca, conseguiu convencer uma criatura que, comovida com o nosso caso, resolveu também nos ajudar. Fez a mesma pesquisa com o nome do meu pai e aí veio a primeira notícia realmente verdadeira: o meu pai morava em Taguatinga e era funcionário da Prefeitura local. Era só isso que souberam informar. A Fatima então, dando seqüência na sua busca pelo paradeiro do nosso pai, ligou então para a Prefeitura de Taguatinga, na esperança de desvendar de uma vez por todas esse mistério em torno da vida e do paradeiro do nosso pai.
Veio então a grande e triste surpresa: ele realmente morou em Taguatinga mas, já havia falecido, desde o ano de 1989. Mas também, para amenizar a nossa tristeza, soubemos então outra notícia que nos deixou comovidos e perplexo: nosso pai era casado e deixou uma família cuja esposa se chamava Maria e uma filha que, a principio era nossa irmã e cujo nome, por incrível que pareça, era o mesmo nome da nossa tia Desdemona. Com essa grande coincidência dos nomes não tínhamos mais a menor dúvida de que realmente era a família de nosso pai. O pessoal da Prefeitura de Taguatinga, tinha inclusive o endereço e o telefone da casa de minha mais nova irmã e sem problema, passaram para nós. Agradecemos a grande colaboração do pessoal da Prefeitura, pela grande ajuda que tinha nos dado, como também ligamos para a Receita Federal, tanto em Brasília como a daqui de Maceió, pois quando ligamos da primeira vez, ficaram curiosos para saber qual seria o resultado de toda essa procura. Ficaram muitos satisfeitos e desejaram boa sorte para nós. Já com tudo nas mãos: endereço, uma breve informação sobre a vida do nosso pai e o telefone da sua família em Taguatinga, era só decidirmos o que iríamos fazer.
Eu a principio não tive coragem de ligar, pois temia que causasse qualquer problema a família de minha nova irmã. Todos os amigos e parentes, insistiam para que ligássemos. Das minhas irmãs, a mais nova, era a única que estava muito curiosa para saber de tudo sobre a nossa outra família e, principalmente sobre o nosso querido pai. Afinal de contas, tínhamos uma nova mãe! De tanta curiosidade, a minha irmã resolveu então ligar. Se preparou psicologicamente e depois de muita preparação, criou coragem e então ligou! Quem atendeu foi nossa irmã Desdemona. Minha irmã Fatima começou a conversar e explicar tudo com muita calma para não criar um clima hostil com a nossa irmã. A conversa se prolongou e no final a nossa mais nova irmã ficou impressionada com tudo que tinha ouvido da minha irmã Fatima e, disse que nunca passou pela sua cabeça nem também dos seus familiares que isso pudesse ter ocorrido, uma vez que, ele nunca tinha contado que tinha sido casado anteriormente. Sim! Disse também que sua mãe já tinha falecido há poucos meses atrás. A notícia deixou todos nós muito tristes. Apesar de tudo, nossa mais nova irmã ficou muito satisfeita pois tinha ganho quatro irmãos e, que estava curiosa para conhecer todos nós. Falou também que tanto o seu pai como a sua mãe, faziam muita falta e principalmente o seu pai por ser uma pessoa maravilhosa, muito compreensiva e muito carinhosa. Era também uma pessoa muito calada e realmente tinha um olhar muito triste, como se alguma coisa lhe deixasse sempre preocupado.
Em 1998, ano da privatização das TELES eu tinha a possibilidade de conhecer minha irmã. Tinha um Seminário de Telecomunicações anual que se realizava em Brasília e eu poderia ser indicado. Não esperei ser indicado, falei com o meu gerente e ele de imediato autorizou. Agradeci muito a ele e comecei a ficar muito ansioso, a medida que o dia da viagem se aproximava.
Nesse intervalo de tempo, nossa nova irmã ligou dizendo que tinha feito uma grande descoberta: estava fazendo uma reforma em sua casa e, descobriu no sótão muitas coisa antigas do nosso pai. Fotos, documentos e um seguro em meu nome e de minhas irmãs e que estava mandando para nós, um cópia e mais alguns retratos. Disse também de estar impressionada como ele tinha conseguido guardar por tanto tempo esse segredo.
Dias depois, chegou uma correspondência de Taguatinga com algumas fotos e cópia do seguro. Ficamos todos surpresos e emocionados de ver depois de mais de 50 anos os retratos do nosso pai. Tinha retratos antigos de quando ele tinha morado do Rio, como também de fotos mais recentes, dele já morando em Brasília. Com a cópia do seguro em nossos nomes, concluímos que apesar de está longe, nosso pai jamais esqueceu de nós. Tínhamos certeza que deve ter sofrido muito. É impressionante que durante todo esse tempo guardou pra se mesmo esse segredo. Como deve ter sofrido nosso pai! Pois andava sempre se controlando pra não deixar escapar nada que revelasse alguma pista sobre a sua vida antes do seu segundo casamento.
Eu realmente fiquei muito parecido com ele. Me perguntava porque não nos conhecemos antes? Porque ele foi tão egoísta ao ponto de nos privar de desfrutarmos da sua companhia? Porque não teve coragem de enfrentar à tudo e a todos, principalmente o seu pai e ter resolvido essa questão de uma vez por todas e ter ficado com nós. Não podemos julga-lo. Devia ter lá as suas razões que para nós não justificava.
Enquanto isso, a minha ida a Brasília chegou! Para não causar um impacto maior, liguei para Desdemona e disse da minha possibilidade de conhece-la nos próximas dias. Ela ficou muito alegre e disse que ia contar até os segundos até a minha chegada. Viajei para Brasília, conforme a programaçãoda da empresa. No outro dia fui participar do Seminário e me programar para conhecer minha irmã. Passei e dia todo na Seminário mas, muito inquieto esperando o momento de conhecer minha nova irmã.
A ansiedade era tanta que resolvi não demorar mais e, no outro dia decidi que iria. No dia seguinte, fui mais uma vez ao Seminário, participei de algumas palestras almocei e a tarde, fui conhecer minha irmã. Aluguei um taxi, avisei para minha nova irmã e parti. Estava com o coração na mão. Muito ancioso! Durante o percurso, para quebrar o gelo e relaxar um pouco, fui contando ao taxista o motivo daquela viagem. Ele achou tudo muito legal e me desejou muita sorte.
Cheguei na casa de minha irmã, por volta de 14:30 horas. Chamei por ela e dos fundos da casa apareceu um Senhor. Cumprimentei a ele e, perguntei se ali era a residência de Desdemona! Ele afirmando com um sim, me disse: meu filho, se você não se parecesse tanto com o velho Rubem, eu não acreditaria nessa conversa! Vamos entrar pra conhecer sua irmã! Me deu um forte abraço e entramos. A casa estava em reforma e ela estava morando em uma dependência situada nos fundos da casa. Cheguando na porta da dependência encontrei uma jovem simpática, de rosto redondo e cabelos grandes e escuros e estava acompanhada de um jovem de cor clara. O Senhor que me acompanhava, olhou para a jovem e disse: Desdemona, esse é o seu irmão, e a cara do compadre Rubem! Esse Senhor era irmão da sua mãe e padrinho de casamento dos dois.
Ela se levantou e dei um forte e bem demorado abraço nela. Enchi os olhos de lágrimas e com a voz um pouco embolada, sempre fui emotivo, falei pra ela o quanto estava feliz em conhece-la. Ela muito emocionada, disse que também estava mas, estava com a cabeça muito confusa e difícil de acreditar naquilo tudo que derrepente estava mudando a sua vida e principalmente a história da vida do nosso pai. Me apresentou o jovem que estava com ela, como André, seu namorado. Aí sentamos e começamos a conversar. Eu estava doido para saber o máximo de informações sobre o nosso pai, pois tinha hora pra voltar. Para não haver dúvidas com relação a nossa paternidade, mostrei a minha carteira de identidade onde tinha o nome do nosso pai. Ela olhou e, sem jeito, disse que não precisava daquilo. Falei pra ela que a minha ida em sua casa, era só para conhece-lá e que ficasse tranqüila que não tinha nenhum interesse por nada que nosso pai havia deixado.
Ela aparentava ser uma pessoa tranqüila e muito só, já que com a morte dos pais, só tinha restado os parentes da mãe que, apesar da assistência de todos, sentia muita falta deles. Conversamos bastante, ela me contou muitas histórias de nosso pai. Ví um copo com o escudo do Vasco da gama, na prateleira de uma estante e perguntei a ela de quem era! Ela disse que era dele. Disse também que era um torcedor doente do Vasco. Quando estava assistindo um jogo do Vasco pela televisão, não deixava ninguém falar. Dava logo um grito e todos se calavam. O meu time no Rio é o Botafogo mas, em homenagem à ele resolvi também torcer pelo vasco. A explicação é muito simples: se tivesse tido a sorte de ter sido criado pelo meu pai, com certeza seria vascaíno.
Mostrou muitas fotos do nosso pai, quando ele morava no Rio. Ele era realmente um verdadeiro "bon vivant". Deve ter aproveitado bastante a sua vida, longe de sua família. Mostrou algumas peças de roupas e um óculos que ela usava. Falou também sobre sua morte mas, não quis me aprofundar sobre o assunto. Falou que o cemitério onde ele tinha sido enterrado, tanto ele como a sua mãe, ficava bem próximo da sua casa e sempre que batia a saudade dava um chegada por lá e rezava por eles. Fiquei muito curioso e pedi para que ela me levasse até o cemitério para eu ver a sepultura do meu pai. Fomos até lá, rezei pela sua alma e tirei fotos da sepultura para mostrar as minhas irmãs.
A hora se passou rapidamente e, de repente estava chegando a hora de voltar. Tiramos algumas fotos, ela me mostrou o quarto onde ele dormia, mas em função da reforma que estava fazendo na casa, estava tudo bagunçado. Fiz um rápido lanche e então me despedi de todos, prometendo a ela e ao seu namorado, que levaria eles para conhecer as minhas irmãs e parentes. O táxi já tinha chegado, e só restava me despedir de todos. Como ainda iria ficar em Brasília, fiquei de antes de ir embora me encontrar com ela para dar um abraço de despedida. Voltei triste mas ao mesmo tempo muito alegre e satisfeito por ter conseguido resgatar parte da história da vida do nosso pai e conhecido a minha nova irmã. Um dia antes de retornar a Maceió, fui a um Shopping próximo e comprei uma lembrança para ela, um perfume, liguei para ela e marcamos para nos encontrar no seu trabalho, que por coincidência, ficava próximo ao hotel onde estava hospedado. Foi uma despedida rápida. Entreguei o seu presente dei um grande abraço nela, mandei recomendações para o seu namorado e demais parentes e fui embora, com muita saudade de todos.
Voltei para Maceió e todos aguardavam ansiosos, as novidades. Só tive tempo de trocar de roupa. Sentei na sala e passei um bom tempo conversando e respondendo as perguntas de minha esposa e de minhas irmãs, querendo saber de tudo. No outro dia, mandei revelar as fotos que tirei com ela e, mostrei pra todo mundo como era a mais nova irmã e o mais novo membro da nossa família.
Passados alguns dias e ligamos para a nossa irmã dizendo que tínhamos combinado que ela e seu namorado André viriam a Maceió conhecer toda a nossa família. Ficariam hospedados em nossa casa e todas as despesas de viagem seriam pagas por nós, seus irmãos. Ela ficou muito satisfeita e disse que iria combinar com o seu namorado André, qual o melhor período para a viagem e ligaria depois confirmando. Falou também que a principio a viagem seria melhor quando da suas férias e que, inclusive já estavam próximas.
Uma fato muito interessante aconteceu comigo. No ano de 1981, trabalhando na Federação das Indústrias, fui designado para participar de um treinamento no SESI de Taguatinga, que ficava a poucas quadras da casa onde morava na época nosso pai. Passei uma semana em Taquatinga. Nesse período ele ainda estava vivo. Realmente o nosso encontro não estava previsto para essa vida. Como é que estive tão próximo dele e, ao mesmo tempo continuávamos tão distantes.
Minha irmã Desdemona, tirou suas férias e veio passar alguns dias com a gente, juntamente com o André, conforme prometemos. Ficaram hospedados em nossa casa e aproveitaram bastante a sua vinda para Maceió. Conheceram as outras irmãs, suas sobrinhas e nossos amigos, que fizemos questão de apresenta-los. Nessa época, nosso tio Tonico ainda estava vivo e morava com a tia Aparecida, sua filha Angela e uma linda netinha. Levamos ela e seu namorado para conhecerem o irmão do seu pai. Andamos muito. O casal adorou o passeio. Mostramos nossas belas praias e vários pontos turísticos, como também levamos para comer da culinária local. Voltaram para Taguatinga afirmando que assim que tivessem um tempinho e uma graninha a mais, voltariam. Deixaram muitas saudades! Sempre mantemos contato por telefone ou por email e sempre atualizamos as novidades. De vez em quando, para matar a saudade ou quando começo a pensar em meu pai, a única forma é olhar as fotos que ganhamos da nossa irmã. Não deixa de ser uma boa recordação!

Nicolau Cavalcanti em 28/08/2012

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Eu e o Mar: "esse amor é muito antigo e verdadeiro!!!"

Não sei explicar, mas desde criança, sempre gostei de praia, de mar. O cheiro de mar, de maresia, sempre me fez bem! Sempre me atraiu! Ainda me lembro como se fosse hoje, quando era criança, ia com meu Avô Nicolau e minhas irmãs na Praia do Sobral, bem cedinho, por volta das seis horas da manhã. Meu Avô levava um recipiente de vidro, um litro ou uma garrafa e também uma sacola de tecido, daqueles listrados que se usava muito em cadeiras chamadas de "espriguiçosas". O litro era para levar água do mar para casa. Pra que? Não me lembro! Se não me engano, era para colocar no fio terra do rádio. Um monstrengo à valvulas, que só pra funcionar evava um bom tempo. Meu Avô morria de ciumes dele. Já a sacola, levava areia fina pra casa, para "arear" as panelas. Ficava Muito ansioso para chegar logo na praia. Me lembro que descíamos pela Rua Dias Cabral, rua do Hospital de Pronto Socorro e da Santa Casa de Misericórdia, atravessávamos os trilhos e desse ponto em diante até a praia, o acesso era no barro. Me lembro também, que no lado direito da rua, existia uma casa grande rodeada de varanda e que nessa casa morava uma pessoa que provavelmente tinha um distúrbio mental, pois passava o dia na varanda, apoiada nas grades dessa varanda, pulando freneticamente e fazendo caretas. A casa ficava num nível bem acima da rua, bem visível para quem, por ali passava.
Voltando a nossa história, assim que chegávamos a praia, corríamos direto para o mar e dávamos um belo de um mergulho. Demorávamos um pouco brincando na água. Meu Avô enchia a garrafa de água então saíamos. Meu Avô enchia a sacola de areia bem fininha e partíamos de volta pra casa. Antes de voltarmos, ficávamos admirando os navios ancorados próximo ao cais. Ficávamos impressionados com o tamanho daquelas embarcações.
Desde muito cedo já era encantado com a beleza do mar. Nasci e me criei bem perto do mar. Lá de casa, ouvíamos rotineiramente três sons e, que chamavam a nossa atenção: o barulho do mar, principalmente tarde da noite, o apito do trem chegando ou saindo da estação e o apito dos navios ancorados no cais e no mar da Praia do Sobral. Não me lembro o significado desses apitos, apesar de meus avós, terem falados sobre eles.
Sempre que podia, estava na praia. Na foto ao lado, vemos a Praia do Sobral, a Praia do Trapiche da Barra e a Praia do Pontal da barra. Muitas vezes só, Eu e a brisa do mar, perambulando e ouvindo o som estridente das ondas quebrando na praia. Às vezes, o vento assobiava nos meus ouvidos de tão forte como sobrava. Gostava muito da maré seca. Tinha bastante espaço para caminhar. Naqueles momentos, apesar de está só, minha cabeça estava trabalhando a mil por hora, processando um coquetel de idéias e pensamentos sobre a minha pacata boa vida. Muitas vezes, entrava no mar, gesticulando os braços, batendo as mãos com bastante força na água e chamando porra! Porra! e porra! Como se estivesse reprovando as minhas próprias atitudes, pela minha insegurança e pelo o meu medo de enfrentar a realidade da vida.
Pois é! O mar muitas vezes foi o meu "saco de pancadas"! O meu confessionário! O meu confidente! Eu acho que muitas vezes me repreendia, quando desabafava alguma coisa que ele não aprovava, fazendo com que uma onda maior me atingisse. Mas, Eu sempre confiei nele. Não tinha medo de me arriscar nas suas águas. Muitas vezes, junto com a turma, saíamos da Praia da Avenida, nadando em direção ao Cais do Porto, com o objetivo de: olha só a nossa doidice! Cada um de nós, teria de tocar no casco do navio, com os demais assistindo de uma certa distância, uns cinco metros e, depois de todos realizássemos esse ritual, descansávamos um pouco, e depois sem pressa, voltávamos. Levávamos apenas uma bóia de pneu de trator e íamos revezando. Cada um empurrava a bóia alguns metros, passando para outro amigo até o último. Aí tudo se repetia novamente, para não cansar só um amigo. Era melhor ir nadando do que empurrando a bóia. Cansava muito! Na foto abaixo, vemos a Praia da Avenida.
Erámos no mínimo, de oito a dez amigos que participavam dessa aventura. Quem deixasse de cumprir esse ritual, quando chegasse na praia, levava uma boa de uma "lincha" ou então um bom "caldo", nas águas do mar. Mas normalmente todos realizávamos. Sempre fiz isso sem medo. Ao contrário, Gostava muito de fazer!
Tirando a Praia da Avenida, as demais até o Pontal da Barra, não eram confiáveis em relação a segurança dos banhistas. Tinham muita "bacias", buracos formados por correntes marinhas, que eram e são ainda hoje, um grande perigo para os banhistas. Tomava banho em todas elas e nada me aconteceu. Vi muita gente se afogando e até morrer nessas bacias.
Gostava muito de ir a Praia da Avenida da Avenida e observar o trabalho dos mestres carpinteiros, reformando e construindo barcos de pescas em pequenos estaleiros, que nada mais eram do que estruturas feitas de estroncas, na areia da praia cobertas com palhas de coqueiro, existentes no final da Praia da Avenida, onde existia uma vila de pescadores. Recentemente a Prefeitura estava providenciando o remanejamento desses das famílias desses pescadores e não sei como ficou a situação desses pequenos estaleiros. Me perguntava, muito curioso como era que aqueles homens praticamente com o pouco estudo que tinham, conseguiam fazer obras tão perfeitas e seguras. Passava um bom tempo observando o maravilhoso trabalho de artes desses mestres. Ere um belo trabalho artesanal. Pensei inclusive, de quando ganhasse dinheiro, pagaria para um desses mestres, construir um desses barcos, para fazer como aqueles pescadores. Partir em direção ao mar e curtir mais de perto, o encanto desse imponente continente formado de água salgada. Foi realmente só um sonho!
Nas minhas caminhadas, sempre parava também para ver, pescadores puxando suas redes de pescas lançadas ao mar através de jangadas, embarcações muito simples, construídas com pau de jangadas e movida a vela e remo. Tinham também os pescadores amadores que pescavam na beira da praia, utilizando uma vara de bambu e um molinete. Outros pescavam com a "linha de mão". Nada mais era do que uma linha de naylon fina enrolada numa lata de leite ninho, tendo em sua ponta, chumbada e anzóis. Fiquei muito curioso que aquele tipo de pesca com vara e molinete e resolvi encarar esse esporte. Meu amigo Bebéu foi quem teve paciência para me ensinar a arremessar. Era muito bom aluno e, em poucas aulas, estava um verdadeiro pescador. Só não tinha aprendido ainda, a contar as famosas "histórias de pescador"!
Aí a tudo melhorou ainda mais. Durante a semana, pegava minha vara de pesca de bambu, montada por mim, o pé de vara e uma bolsa de "titara" com todos os materiais necessários para uma boa pescaria. Me mandava caminhando até depois da ponte da Salgema, na Praia do Trapiche da Barra. Lá arremessava a linha, colocava a vara no pé de vara e ficava só esperando a fisgada do xaréu, da piraroba, peixes bom de serem fisgados e que lutavam muito para sair da água ou qualquer outro peixe fisgado e, que desse para preparar uma boa peixada. Mas, confesso que, apesar do meu empenho, não tinha sorte com a pescaria.
Enquanto aguardava a vara dá aquela "badocada", avisando que tinha peixe fisgado, ficava tomando banho de mar ou então, ruminando pensamentos que, até sem querer, surgiam do nada em minha mente. Dependendo da "badocada", sabia até qual o tipo de peixe que tinha sido fisgado. Gostava muito de pescar. Era um verdadeiro teste de paciência. Muitas vezes, passava a tarde toda pescando e nada de peixe.
Muitas vezes ficava parado admirando aquela imensidão de água que vinha, despejava toda sua energia e voltava num movimento praticamente sincronizado e cronometrado, como se obedecesse a um ser supremo. Ficava impressionado com a sua grandeza, com a sua imponência e ao mesmo tempo com a sua tranqüilidade. Brincava com as pessoas que se banhavam em sua águas e raramente apelava com elas.
Andei por muitos lugares mas, sempre procurei aqueles que tivessem um pedacinho de mar onde pudesse dar os meus bons mergulhos e relaxar em suas águas. Sempre admirei o mar. Depois que sofri o AVC, ainda não tive coragem para dar um mergulho. Não sei como ele vai reagir quando me vê com as seqüelas deixadas pelo AVC. Será que ele vai se decepcionar quando me ver desse jeito? Sem condições de nadar e mergulhar em suas águas, como fazia antes? Bem! Ele pode pensar tudo de mim mas, sinto muita falta de caminhar pela areia da praia, como normalmente fazia e de curtir a sua beleza. Tenho certeza, que antes morrer terei um cantinho, mesmo que seja simples, para ficar mais próximo do meu amigo e confidente, esse grandioso e maravilhoso mar!!!

Nicolau Cavalcanti em 23/08/2012

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Esses nossos políticos!!! que vergonha!!!

É meus amigos! É uma vergonha o nível dos nossos candidatos a Câmara de Vereadores de Maceió. Isso demonstra porque não só Maceió mas principalmente Alagoas, é notícia quase que diariamente, nos principais veículos de comunicação do País, como o Estado com os piores índices em todo Brasil. Não duvido nada, que Maceió seja citada também, como a capital com os piores candidatos de todas as capitais, do Brasil! Não é pra menos! Por outro lado, as Velhas Raposas, com o mesmo blá, blá, blá, de sempre, transformam esses cargos em cargos hereditários e só sabem mamar até se fartarem nas tetas da "Mamãe Câmara"! Quando se aposentam, deixam suas cadeiras para a sua prole!!!

Nicolau Cavalcanti em 21/08/2012

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

As "Peladas" na Praia do Sobral: "Sábado quem comandava era o Seu Francisco!!!"

Uma boa opção que a nossa turma tinha nos dias de semana, pela tarde, era as "peladas" na Praia do Sobral, principalmente quando a maré estava baixa. Tínhamos então uma boa faixa de areia úmida, onde as "peladas" se tornavam mais disputadas. Íamos todos nós da turma, de pés descalços pela Rua Vieira Perdigão, chutando de um para o outro, a bola, em direção a praia. Isso numa gritaria danada, chamando a atenção de todos. A medida que íamos em direção a praia, alguns integrantes da turma que moravam na rua se juntavam ao grupo. Era o caso do Mário "Pitota", Mário Veiga e o Carlinhos "Lombra". Todos gentes finíssimas!
Vai aí alguns nomes que participavam da nossa turma de infância e claro! Dos nossos "rachas". Eram nomes estranhos mas não "mordiam": Zequinha "Cientista Maluco", Equinho "Pavão", "Biu Bomba", Beto "Torreiro", Missinho, Francisquinho, Tonho irmão do Francisquinho, Paulinho "Buçú", Carlinhos "Matasma", Jarbão "Formiga de Açucar", "Tomatinho", "Vestibular", Laurinho "Tarzan da bunda grande", Beto seu irmão, "Sapão", Julio "Mamão", "Piaba", Zezinho, Geraldo "Cabeção", João "Bolinha", Bebéu, Aroldo, Everaldo "Ventola" e Eu claro! Mais conhecido como Niel e, a turma comentava que meu nasal era grande, mas nada de apelido oficial! A nossa turma era bem maior! Me desculpem aqueles que não foram citados!
Quando chegávamos na praia, fazíamos a divisão da turma em vários time, se não estou enganado, de cinco jogadores de cada lado, que se revezavam depois de um determinado placar ou depois de um determinado tempo. As traves eram as nossas próprias sandálias havaianas. O "racha" nem se quer começava e a porrada já "comia no centro"! Não tinha quem agüentasse. A bola molhada e melada de areia, era como se fosse lixa. Batia no nosso corpo e deixava a nossa pele vermelha e ardendo como se estivesse arranhada.
As vezes o "racha" só terminava quando o sol já estava se escondendo e aí corríamos todos para o mar para dar aquele mergulho para esfriar e tirar toda a areia do corpo. A água do mar naquela hora, estava morna e nem vontade de sair tínhamos. Pra não parar de vez, ainda brincávamos de "doidinho" dentro do mar. Era um jogo rápido, já que estávamos bastante cansados e ninguém tinha coragem de ficar correndo atrás da bola que era arremessada de jogador pra jogador, impedindo que o "Doido" pegasse a bola. Isso era só para não ficarmos parados. Tínhamos tanta energia que só parávamos quando, praticamente, já era noite. Tinham amigos mais doídos que tiravam o calção e davam mergulhos mostrando a bunda pra o resto da turma. Éramos felizes e não sabíamos.
Mas, tinha uma outra pelada que era muito famosa, pela sua freqüência, pelo dia da semana em que era realizada, pelo horário em que acontecia e pelo seu organizador. Era a famosa "pelada do Seu Francisco", que acontecia todos os sábados, na Praia do Sobral, sempre as 15:00 horas. Só não acontecia, quando o Seu Francisco, por algum motivo excepcional, não podia participar.
Seu Francisco era uma criatura maravilhosa! Pai do Francisquinho(Dr. Francisco), nosso amigo de infância e que também fazia parte da nossa turma. Tanto ele como seu irmão Tonho(Antonio). Tinha uma filha chamada Lourdinha(Maria de Lourdes) e sua esposa chamada de Dona Neobel.
Seu Francisco, era um Senhor aposentado e cujo hobby era colecionar discos. Tinha em casa, uma excelente eletrola e uma coleção de discos de dar inveja. Os seus discos além de ser bem cuidados, eram as meninas de seus olhos. Emprestar! nem pensar! Nos finais de semana, gostava muito de curtir boas músicas em sua eletrola HI-FI. Me lembro que nos finais de semana, antes de começar a ouvir seus LP's, passava pela frente lá de casa com alguns discos na mão e, se dirigia a "Feira do Passarinho", que existia perto lá de casa, para trocar esses discos por outros que não tinha em sua coleção.
Nos finais de semana além de curtir uma boa musica, gostava também de "bater uma bola" com a nossa turma da esquina. Todos nós gostávamos do Velho Francisco. Era uma pessoa alegre e gostava muito de todas as pessoas da nossa turma.
Nos sábados à tarde, já sabíamos, depois das duas horas a turma já ia chegando na esquina, esperando o Seu Francisco aparecer no portão de sua casa com a sua famosa "couraça" na mão, conservada com "sebo" para os gomos de couro na não ressecasse, vestido uma bermuda feita com calça usada ou então um calção de pano muito vendido na época e, uma camisa comum de tecido. O cós, tanto da bermuda como do calção, ficava acima do umbigo. Quando ele tirava a camisa ficava muito engraçado e diferente, o cós acima da cintura, chamava a atenção de todos. Tinha alguns gaiatos que brincando com o Seu Francisco, pediam para que ele levantasse mais um pouco a bermuda ou o calção, dizendo que daquele jeito a peça podia cair. Ele não estava nem aí! Apenas dava a sua tradicional risadinha, e pronto!
Quando ele aparecia no portão era aquela gritaria e uma alegria total da turma. Aí todos nós nos juntávamos a ele que vinha acompanhado dos seus filhos Francisquinho e Tonho que traziam pequenas traves feitas de vergalhão e então partíamos em direção a praia. Todo mundo alegre e ansioso para chegar na praia e iniciar a tão esperada "pelada". Seu Francisco ficava só observado as brincadeiras da turma e dando suas risadas, muito peculiar, por sinal.
Quando chegávamos na praia e íamos formar os times para o jogo, isto é: "chamar os times", aí começava uma tremenda discussão pois, todos queriam ficar com os melhores jogadores. Depois de muita confusão, os times eram escolhidos e aí começava então o jogo. Bem! Aí a "coisa pegava"! Era um "racha" disputadíssimo, onde toda e qualquer jogada era como se fosse a última em busca do gol. Eu sempre fui "canela de pau", até a bola corria de mim. Geralmente era escalado para jogar na defesa. Ficava plantado na frente da trave e, quando a bola vinha, tome "bicuda".
No final do jogo, aquele maravilhoso banho de mar, no mar da Praia do Sobral, pra fechar com chave de ouro a disputadissima "pelada". Não me lembro por que o "racha", acabou. Não sei se foi por que o Francisquinho terminando o curso de Medicina, foi para o Sul do país fazer Residência Médica e, somado a isso o Seu Francisco, mudou de endereço com o resto da família. Mas só sei que sentimos muita falta daquele "racha", principalmente pela presença do nosso saudoso amigo e Mestre, Seu Francisco!
Tanto na ida como na volta da "pelada", íamos também conversando e muitas vezes "fofocando" e contando fatos interessante que aconteceram com a turma durante a semana. Saía cada um caso, que muitas vezes deixava o protagonista "cheio de pernas"! Mas era apenas uma forma de passarmos o tempo até chagarmos na esquina da Casa de Dona Amélia e daí, cada um para sua casa. Será que tinha um passa tempo melhor do que esse? Claro que não!
Muitas vezes acompanhávamos a turma até a praia mas não participávamos do jogo. As vezes por estarmos sem vontade e outras vezes por estarmos com algum problema que impediam a nossa participação na "pelada". Íamos só para acompanhar a turma, uma vez que as brincadeiras eram tão boas que não poderíamos ficar de fora. Na praia dava uma boa caminhada. Por exemplo: íamos até a Praia da Avenida ou então, até a Praia do Trapiche da Barra. Quando voltávamos, a "pelada" estava acabando e aí, juntos dávamos o tradicional mergulho e voltávamos para casa. Não tem dinheiro que pague a lembrança daqueles maravilhosos momentos! Morrerei com todos esses excelentes momentos da nossa vida, na minha mente!!!

Nicolau Cavalcanti em 15/08/2012

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Jogo de botão na calçada da Rua São Domingos: "o tempo passava e nem percebíamos!!!"

Existia um jogo que a nossa turma gostava muito de jogar! Era o "Jogo de Botão". O único amigo da turma que tinha o campo, era o nosso amigo Francisquinho, que lamentavelmente já não está mais com a gente. Foi barbaramente assassinado e, até hoje o caso ainda não foi esclarecido. Alias! Ele não só tinha o campo mas, tinha também o melhor time de botão da turma. Foi por várias vezes, Campeão com o seu time e com a sua forma única de jogar!
O Jogo de Botão, era jogado num campo confeccionado de Madeira Compensada ou de Eucatex. As dimensões do campo, confesso que não me recordo, mas era o suficiente para passarmos horas jogando. O campo era todo demarcado com todas as demarcações de um campo real. A quantidade de botões era a mesma de um time de futebol: dez botões e um goleiro que na época usávamos muito a caixa de fósforo.
Os botões eram em sua maioria, de capas de relógios, escolhidos de acordo com as posições no campo. Os botões de ataques eram mais finos, ou melhor eram mais baixos, pois quando íamos arremessar a bola(botões de camisa) eles faziam com que a bola subisse e cobrisse o goleiro(uma caixa de fósforo) e fazer o gol. Os dois botões da defesa, na realidade não eram botões de capa de relógio, usávamos tampas de vidros de perfumes ou então derretíamos galalite e colocávamos dentro de um medida de leite ninho que vinha dentro da lata de leite ninho, deixava esfriar e então desenformava e estava pronto a defesa. Depois era só dá o acabamento e o polimento com folha de cajueiro brabo e por fim um polimento final com pó de porcelana. Ficava bom de mais.
A defesa tinha de ser de botões mais altos para dificultar a marcação do gol pelo adversário, por isso utilizávamos a tampa de perfumes ou os de galalite. Os demais botões eram também de capas de relógios, um pouco mais altos, para levar a bola da defesa para o ataque, com mais facilidade, quando os mais baixos se encarregavam de arremessar para o gol. Comprávamos capas de relógios usadas e as vezes até novas, em qualquer relojoeiro da época. Tinha um relojoeiro muito famoso, "o médico dos relógios", cuja loja ficava na Rua São José. Fazíamos também botões de casco de côco, mas eu particularmente não gostava. Além do trabalho que dava pra fazer, não eram bons para fazer gols. Para fazer os botões se deslocarem no campo, usava-se palhetas. Mas eu gostava muito era de usar um pente! Os pentes flamengo eram, pra mim, os melhores! Pelo seu tamanho como também pelos seus dentes que facilitavam o deslocamento do botão no campo. De acordo com a inclinação do pente, podíamos arremessar a bola de várias maneiras: rasteira, por cima do goleiro, etc... As traves eram utilizadas as de plásticos de um jogo que era vendido no comércio mas, que só se aproveitávamos as traves. Os botões eram horríveis! Ou então confeccionadas de arame. Tinha até rede de "filó". Os botões de capa de relógio, como eram transparentes colava-se, rostos de jogadores encontrados em revistas, na parte interna da capa. Ficava muito legal.
Para se guardar esses times de botão, pedia-se para alguma pessoa da família que soubesse costurar à maquina, fazer com um pedaço de flanela, um porta botões, onde cada botão tinha o seu lugar individual, inclusive o goleiro. Quem jogava botão, na época, tinha idéia de como era. Antes de cada jogo, os botões eram polidos com pó de porcelana que além de polir tirava possíveis riscos e ficava lisos, facilitando o seu movimento no campo.
A turma fazia campeonato de botão, com tabela, regras, troféu e tudo mais que fosse necessário para que o campeonato acontecesse sem nenhum problema. Durante toda a semana, sempre a tarde, jogávamos o campeonato. Seguindo rigorosamente a tabela e o tempo determinado para cada partida, passávamos a tarde jogando. Tinha até torcida!
O jogo era realizado na Rua São Domingos, na esquina da casa de Dona Amelia ou em qualquer trecho de caçada na rua. O problema era o dono da casa concordar. Durante as partidas, fazíamos muito barulho e, não tinha quem agüentasse. Além de todo o barulho não podia faltar aquele rádio de pilhas, sintonizado em uma das rádios AM que existiam na época, onde passávamos todo o tempo curtindo as maravilhosas músicas da "Jovem Guarda". Era o maior barato!
O campo do Jogo de Botão era colocado na calçada e, os dois jogadores da vez, na maioria do tempo, jogava de joelhos e com a "bunda" pra cima. Tinha aqueles "gaiatos", que quando um dos jogadores dava "bobeira", passavam a mão na bunda dele, tirando muitas vezes, a concentração do coitado do jogador. Tinha jogador que entrava na onda e se rebolava! Aí a "zona" era generalizada. Muitas vezes o jogo não terminava. Surgia uma discussão e pronto. Se não era resolvida logo, a bagunça começava e, alguém aproveitava a confusão e passava a mão no campo, desmanchando todo o esquema tático do jogador. Aí era o fim! Tínhamos de suspender realmente o jogo. Íamos fazer outra coisa e no outro dia dávamos seqüência ao campeonato. Não tenho palavras para descrever aqueles momentos, cujos detalhes me lembro até hoje. A saudade é tanta que, a vontade que dá é de continuar escrevendo se parar!

Nicolau Cavalcanti em 14/08/2012

domingo, 12 de agosto de 2012

As brincadeiras debaixo dos Pés de Tamarindo: "jamais esqueceremos!!!"

Os bons anos de minha vida e, com certeza a da nossa maravilhosa turma de infância, passamos na Rua São Domingos, na esquina da casa da Dona Amélia, na Praça da Faculdade de Medicina, na Praia do Sobral e embaixo dos pés de tamarindeiro, que ainda existe na frente do Prédio da Faculdade de Medicina. Passávamos horas e horas brincando nesses lugares e até esquecíamos do tempo. O tempo passava e não dávamos conta de quantas brincadeiras, brincávamos. A rua em frente ao Prédio da Faculdade de Medicina, a Avenida Amazonas, era toda no barro. Tipo de cenário ideal para nossas loucuras.
Na frente do Prédio tinham e tem até hoje, vários pés de arvores grandes e frondosas e, se não estou enganado eram umas quatro ou cinco dessas árvores. Não me lembro que tipos de árvores eram, só sei que existiam no mínimo dois pés de tamarindo(na foto acima, as duas da esquerda) onde, embaixo e trepados neles, costumávamos brincar. Aliás, brincávamos de tudo. Desde "Tarzan", subindo nas árvores e passando de galho em galho, ou também de "pega". Era muito bom e muito arriscado! Mas éramos jovens e adorávamos esse tipo de aventura!
Tínhamos um amigo que chamávamos de Mário "Pitota", apelido colocado em função do seu tamanho: tinha no máximo 1,55 metros de altura. Apesar do tamanho era muito forte e um verdadeiro Tarzan quando estava em cima, nos galhos das árvores. Passava de galho em galho com a maior tranqüilidade, como também fazia isso tanto para subir e como para descer da árvore. Quando não estávamos brincando subíamos nos tamarindeiros para colher e deliciar o seu fruto, que apesar de muito azedo, gostávamos. As vezes subíamos também só pra ficar conversando "miolo de pote"!
Embaixo dos pés de tamarindo, brincávamos de tudo. Desde o pião, onde jogávamos em duplas onde íamos empurrando o pião do adversário até conseguir ultrapassar uma linha limite. Cada jogador tinha direito a uma jogada por vês e iam se alterando até que um dos dois conseguia empurrar o pião do adversário e fazer com ele ultrapassasse a linha limite. Quem conseguisse primeiro, era o vencedor. O pião do adversário era empurrado da seguinte forma: fazia-se o pião rodar, depois com o pião rodando na palma da mão, jogava-se ele de encontro ao pião do adversário, fazendo com que ele se movimentasse em direção a linha limite. Se o pião continuasse rodando, o jogador tinha direto a continuar empurrando o pião do adversário, até quando o pião parasse.
Como prêmio o vencedor tinha direito a dar uma pontada no pião do adversário, com a ponta do pião de uma forma bastante peculiar, utilizando a ponteira(cordão)do pião e o próprio piâo. Tinha pontada que chegava a arrancar pedaços do pião ou até mesmo racha-lo, inutilizando, dessa forma, o pião do adversário. Depois o vencedor jogava com o outro adversário da vez. As vezes ficávamos só dando demonstração de quanto éramos bons. Era maravilhoso! Lamentavelmente hoje só faz parte da nossa memória.
Brincávamos também de "ximbra" ou "bola de gude". Me lembro de três jogos que mais a nossa turma jogava: o jogo do triângulo que jogavam três pessoas. Desenhava-se um triângulo na areia/barro e cada participante colocava uma "ximbra" em cada vértice do triângulo. Riscava-se uma linha limite com uma certa distância do triângulo e então se começava o jogo. A partir da linha limite cada jogador arremessa a "ximbra" em direção ao triângulo tentando ficar o mais próximo possível dele. Se algum jogador acertasse uma das três "ximbra" colocadas no triângulo e conseguisse tirar ela para fora do triângulo essa "ximbra" já era dele. Mas, se durante a aproximação, tirando ou não a "ximbra" do triângulo, a sua bola ficasse dentro do triângulo, o jogador, não só era eliminado, como também perdia a sua "ximbra" e ela era colocada no interior da triângulo, para fazer parte do jogo. Quem ficasse mais próximo do triângulo começava o jogo. O jogo era muito simples. Cada jogador jogava na sua vez, de acordo com a proximidade que ficou do triângulo. A bola era jogada na direção do triângulo e, todas as bolas que o jogador conseguisse tirar do triângulo era sua, mas se por acaso na jogada a sua bola parasse dentro do triângulo, o jogador perdia não só a sua bola mas, também todas as bolas que ganhou durante o jogo.
O jogo terminava quando não tinha mais bolas no triângulo. Era bom de mais! Esse jogo sempre acabava em confusão, principalmente quando algum amigo perdia todas as "ximbras". Porque será que tudo isso acabou?
Um outro jogo de "ximbra", era o jogo dos três buracos. Que consistia em fazer três buracos na terra/barro com um determinada distância iguais entre eles. O início era disputado da seguinte forma: cada jogador arremessava a "ximbra" do primeiro furo ao último. Quem chegasse mais próximo do furo último furo, era quem começava e assim até o último que jogava mais distante. Agora! Se a "ximbra", caísse no furo, o jogador estava eliminado. O Jogo consistia em percorrer os três furos, fazendo a "ximbra" cair em cada um. Ganhava o jogo quem fizesse o percurso de ida e volta, primeiro. Se não estou enganado.
Agora! O mais jogado de todos era o "mata, mata". Não sei se o nome era esse, só sei que gostávamos de jogar esse jogo, porque não tinha limite na quantidade de jogadores e cada jogador eliminado, perdia a " ximbra" para quem o eliminava, como também todas aquelas que ganhou, se por acaso tinha ganho eliminando algum adversário.
Como era o jogo: começava quem ficasse mais próximo de uma linha feita na terra e assim até o último que ficava mais distante da linha. Quem jogasse depois dessa linha era eliminado do jogo.
O jogo terminava quando ficava apenas um jogador. Quando jogávamos esse jogo, era tanta confusão que tinha amigos da turma que saíam antes do jogo acabar. Já por outro lado, tinham amigos que para continuar jogando pediam até "ximbra" emprestada. Gostavam de confusão. Não esqueço jamais esses maravilhosos momentos!
Um outro jogo que gostávamos de jogar era o de "chuncho". Não sei se escreve desse jeito, ou se o nome era exatamente esse. Se não fosse era muito parecido! Só sei que se jogava com um pedaço de arame grosso ou de vergalhão do mais fino, de aproximadamente 30 cm, onde em uma das extremidades se fazia uma ponta, na outra, podia-se dobrar um pedaço do arame, na direção da outra ponta, de aproximadamente 10 cm formando uma espécie de contrapeso e um apoio para jogar o "chincho" e, para traçar o risco unindo dois pontos, durante o jogo.
Esse jogo era muito fácil de jogar, principalmente se o cara tivesse uma boa pontaria. Fazia-se o desenho de um triângulo na terra/areia e cada jogador começava o jogo de cada um dos vértices do triângulo. Era um jogo que só jogavam no máximo três pessoas, claro! O jogo consistia em que cada jogador partindo do seu vértice, circundasse todo o triângulo e prendesse os demais jogadores, evitando que esses pudessem fazer o mesmo. Jogava-se da seguinte forma: pegava-se o "chuncho" na parte pontiaguda e arremessava-se ele de encontro ao chão, de forma que a parte pontiaguda enterrasse na chão e a haste ficasse em pé. Se caísse, perdia a vem. Aí se unia esse ponto ao penúltimo. Por exemplo: se o jogo estivesse começando, esse último furo seria ligado ao vértice e, assim por diante. Existia uma ordem para ver quem começava o jogo. Essa ordem era escolhida traçando-se um risco no chão e cada jogador arremessava o "chuncho" uma vez na direção do risco. Quem ficasse mais próximo do risco, começava e assim era para os demais. Quem acertasse o risco estava eliminado. O jogo terminava quando o jogador conseguia fechar todo o polígono e prender os demais jogadores. Esse jogo era muito interessante, cada jogador dependendo da sua posição, apertava a passagem dos demais jogadores, tornando a partida muito mais disputada. Esse jogo foi que nunca mais vi alguém jogando. Isso faz muito mal para mim! Mas, infelizmente não podemos fazer nada, a não ser escrever sobre ele!!!
Uma outra brincadeira era de atirar em passarinhos que pousavam nas tamarindeiras e calangos que andavam nas paredes do Prédio da Faculdade de Medicina, com "estilingues", mais conhecido na época como "petecas". Fazíamos até campeonato para ver quem acertava mais. Os passarinhos eram mais difíceis mas, os calangos, raramente errávamos o alvo.
Nós mesmos preparávamos as nossas "petecas". Escolhíamos as forquilhas com muito cuidado. Os galhos tinham de ser iguais e a abertura entre os galhos tinha de ser de tal forma que pudesse apoiar adequadamente na mão. Gostávamos de usar os galhos da goiabeira por ser mais resistentes e mais certos. A borracha usada era de pneus de bicicleta. Eram mais elásticas. O couro conseguíamos em qualquer sapateiro, muito comum também na época. Depois era só montar! Depois de montada era só azucrinar a vida dos calangos e dos passarinhos que pousavam nas árvores e os calangos nas paredes da Faculdade! Será que tinha coisa melhor? Claro que não! Ainda hoje sinto saudades!
Anualmente, não me lembro bem em que mês, tinha uma tradicional cavalhada no local. O trecho da rua em frente ao Prédio da Faculdade, era totalmente interditado e ficava totalmente tomado por moradores da redondeza como também de curiosos. Os Cavaleiros chegavam perfilados e montados em seus cavalos, todos enfeitados, uma parte vestido com roupa na cor azul e a outra na cor vermelha. A disputa era exatamente entre os cavaleiros de azul e os de vermelho que montados em seus cavalos, corriam com uma lança em punho, para acertar e soltar e manter na lança uma argola que ficava pendurada através de um grampo numa corda que cruzava de um lado para o outro a rua. Os Cavaleiros carregavam em seus ombros ou presos na sela, vários cortes de lindos tecidos e a cada vez que conseguiam acertar a argola, o cavaleiro oferecia a uma das jovens que estava assistindo a cavalhada, um desses cortes. Era muito bonito! Na época essas coisas além de chamar a atenção de todos, tinha o seu lado bucólico! Nostálgico! Saudoso! Tinha também e, não podia faltar era uma bandinha de pífanos.
Bem! Resumindo: brincávamos bastante e de tudo. Era mesmo um céu em plena terra! Ainda tinha um "racha", onde a trave era de sandália japonesa, o time era formado por apenas três jogadores de cada lado. Jogava-se pés descalços e o campo cujo gramado era o barro da rua. Eita racha bom da "gota serena"! Quem viveu na minha época, viveu os melhores anos de todos os tempos. A nossa turma era uma turma muito legal. Tinha todo tipo de gente, todos maravilhosos!
Escrevi essas memórias, lembrando de tudo na hora em que estava realmente escrevendo. Não quero aqui ser o entendido do assunto, com relação ao descrever corretamente cada jogo. Na realidade, o que quis mostrar, foi o que fazíamos quando éramos garotos!!!

Obs: Fotos copiadas do Google.

Nicolau Cavalcanti em 12/08/2012

"De repente! Volto no tempo e me vejo vivendo aqueles bons tempos!"

Gente! Além de ter recebido um lindo presente nesse maravilhoso DIA DOS PAIS, de está junto da minha querida família, recebi um outro presente assistindo o encerramento dos Jogos Olímpicos. Tive a oportunidade de realmente voltar no tempo quando foi mostrado uma retrospectiva e a grande importância da musica britânica no mundo. Juro que fiquei muito emocionado pois, além de rever grandes sucessos da época, tive o privilegio de acompanhar todos esses maravilhosos momentos, cronologicamente, através dos meus quase 60 anos bem vividos! Foi realmente muito emocionante! Maravilhoso!!! Música é vida!!!

Nicolau Cavalcanti em 12/08/2012

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Sorveteria DK - 1: "uma ótima opção para matar o calor daquela época"!!!

Funcionava na Avenida Moreira e Silva, no Centro de Maceió, acredito no final dos anos 60 e início dos ano 70, em um imóvel, se não estou enganado onde depois funcionou a Casa São Luiz, ou bem próximo a ele, quase em frente a Casa Lavor ou a imóvel próximo. Seu dono era um dos comerciantes mais bem sucedidos de Maceió, dono também das lojas Guido, que até hoje ainda funciona. Ia na DK - 1, sempre com meu avô Nicolau, quando ele ia receber a sua aposentadoria ou resolver alguma coisa no banco e Eu tinha sempre de acompanha-lo carregando a sua bolsa tipo executiva, de cor marrom, sanfonada na parte de cima e com várias divisórias no seu interior, presenteada pelo seu filho, o meu tio Pessoa. Essas bolsas eram muito utilizadas na época. Na volta dava uma passa por lá. Ia também com minhas irmãs e meu avô, quando íamos ao dentista. As pessoas mais idosas tinham essa mania. Principalmente quando a gente extraia algum dente. Se não estou enganado era até sugerido pelos dentistas. Realmente não sei quando e porque a sorveteria acabou mas, ainda me lembro quando passo no local, aquele nome que realmente me chamava bastante a atenção!!!

Nicolau Cavalcanti em 08/08/2012

domingo, 5 de agosto de 2012

Restaurante " O Recanto": "O Filé de peixe a fromage! Que maravilha de prato!!!"

Ficava na Rua Desembargador Artur Jucá, ao lado do prédio da Sociedade Alagoana de Medicina, que ficava na Rua Barão de Anadia, no Bairro do Centro, no final dos anos 70 e até o meado dos anos 80. Era um Restaurante que atendia a classe médica, no entanto era aberto ao público em geral. Tinha uma área aberta que dava para Rua Artur Jucá, na frente do Restaurante com algumas mesas, onde os clientes ficavam tomando uma cervejinha, degustando os deliciosos tira-gostos e conversando "miolo de pote".
Na parte interna do Restaurante, tinha um grande salão com várias mesas dispostas lado a lado em toda extensão do salão. Existia de um dos lados do salão, um balcão que servia de apoio, para atender os diversos pedidos dos clientes. Eu ia sempre no "Recanto", com a Fatima, minha namorada e amigos da época, normalmente à noite. Ficava na frente do Bar só tomando uma cervejinha, acompanhada dos deliciosos tira-gostos.
Nos finais de semanas, quando íamos à praia, normalmente na volta íamos lá no "Recanto", tomar a saideira mas, principalmente para degustar dois pratos que eram servidos ali e, que nunca em outro lugar qualquer que fôssemos encontraríamos tão deliciosos como o que eram preparados lá: o "filé de peixe à fromage" ou então a famosa "Caldeirada". Não tinham pratos tão maravilhosos como esses. O "Filé de peixe a fromage", era delicioso. Uma posta de arabaiana grande, cozinhada na água e sal, colocada numa travessa e mergulhada em molho branco, coberto com bastante queijo ralado. Depois de pronto, a travessa de aço inox era colocada no forno para gratinar. Depois que a superfície do filé estava gratinada: pronto! Estava pronto o prato mais delicioso que já tive oportunidade de saborear. Acompanhava o prato, o arroz e purê. Comia Eu e Fatima e não sobrava nada! Apesar de ser um prato caprichado.
A "Caldeirada" era outro prato que apesar de já ter degustado em vários locais diferentes, nunca comemos igual a de lá. Como é conhecido de todos, a "Cadeirada" é uma mistura de vários mariscos: sururu, maçunim, taioba, mexilhão e mais, peixe, camarão, pata de uçá e polvo, ensopado no côco com todos os temperos. Mas a de lá, tinha um tempero a mais que, deixava esse prato inigualável! Era servida numa tigela de aço inox com tampa e acompanhava o prato, também o arroz branco e o purê. Comíamos tudo. Quando a Fatima já estava "empanturrada" de tanto comer e ainda tinha resto da caldeirada na tigela, Eu substituía o meu prato pela tigela e, passava então a comer nela. Só parava quando não tinha mais nada e quando a Fatima reclamava. Que tempo maravilhoso! Sim! Eram servidos vários pratos tanto de tira-gostos como para refeição que também eram deliciosos. A peixada a moda da casa e o peixe frito, todos preparados com o postas de peixe arabaiana, eram também deliciosos! Lamentavelmente, o Restaurante acabou só restando boas lembranças.

Nicolau Cavalcanti em 05/08/2012

sábado, 4 de agosto de 2012

Bar e Restaurante "O Amarelinho": "Muito bom!!!"

Funcionava na Avenida Dr. Antonio Gouveia, na Praia de Pajuçara, no final dos anos 70. Me Parece que quando o "Bar e Restaurante Aquários" acabou, "O Amarelinho" foi inaugurado no mesmo endereço ou, se isso aconteceu ao contrário ou, se tinham endereços diferentes. Só sei que os dois existiram. Não me recordo exatamente do local. "O Amarelinho" como o nome já diz era pintado na cor amarela.
Tinha uma espécie de apoio onde funcionava a administração, a cozinha e os sanitários. Assim como o "Aquários", o "Amarelinho" era totalmente descoberto e as mesas ficavam dispostas em toda a área do Bar. Freqüentei bastante esse Bar com minha namorada e, hoje minha esposa Fatima e com vários amigos e colegas da antiga TELASA. Gostávamos muito do local, pela movimentação nos finais de semana e principalmente em dia de lua cheia. O Bar ficava mais iluminado, o céu mais claro, e mar da Pajuçara ficava maravilhoso, iluminado pela lua com os seus raios prateados, e de longe se via as silhuetas de várias embarcações ancorados na enseada da Praia de Pajuçara. Era uma visão deslumbrante! Que tempos bons! Bons até de mais! A cerveja bem gelada, o campari puro com gelo ou uma caipirosca bem preparada, descia suave. Os tira-gostos eram os mais variados.
A turma jovem, como sempre, comandava a agitação das noites de Maceió nos finais de semana! Lamentavelmente "O Amarelinho" acabou, deixando muitas saudades das nossas boas noitadas!!!

Nicolau Cavalcanti em 04/08/2012

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Bar e Restaurante "Aquários": "Freqüentamos muito esse Bar! Era maravilhoso!!!"

Funcionava na Avenida Dr. Antonio Gouveia, na Praia de Pajuçara, no final dos anos 70, num térreo em que provavelmente existia uma casa que foi demolida e seu terreno foi aproveitado para a construção do Bar. Não me recordo exatamente do local, só sei que o Bar realmente existiu. Nas paredes e no piso, ainda existiam restos da antiga construção. Acredito pela pressa do proprietário para inaugurar o Bar. No final do terreno, foi construída uma espécie de apoio onde funcionava a administração, a cozinha e os sanitários. O Bar era totalmente descoberto e as mesas ficavam espalhadas no terreno. Tinham casais e turmas de amigos que gostavam de sentar no mesmos lugares, claro que esses estivessem disponíveis. Freqüentei bastante o Bar com minha namorada e, hoje minha esposa Fatima, com amigos e colegas de trabalho e tínhamos o nosso lugarzinho preferido.
Gostávamos muito do local, principalmente em dia de lua cheia. O mar da Pajuçara ficava maravilhoso, iluminado pela lua com os seus raios prateados. "quando a lua no céu aparece, Pajuçara sem enfeita ainda mais..." É a pura verdade! Que anos bons! Bons até de mais!!!

Nicolau Cavalcanti em 03/08/2012

Bar e Restaurante "O Palhoção": "todo dia era dia de caça!!!"

Funcionava na Avenida Jatiúca, próximo à praia, acredito nos anos 70. Se não estou enganado, ficava antes do depósito de bebidas Verdiúca, num terreno onde hoje existe um Posto de Gasolina. Era um terreno baldio onde foi construído "O PALHOÇÃO" e, parte dele , servia como estacionamento para os clientes que freqüentavam o Bar. Ficou muito conhecido pelos seus famosos e inusitados tira-gostos que eram ali servidos. Na sua maioria era caça tais como: Tatu, paca, veado, etc... Era muito freqüentado por curiosos que tinham vontade de experimentar como também daqueles que gostavam desses tipos tira-gostos e também por casais que iam ali pra tomar uma cervejinha e, lógico, namorar. O local, além de muito discreto, tinha uma iluminação ideal para esse tipo de aventura. Íamos lá esporadicamente, quando tínhamos uma carona. Éramos estudantes!

Nicolau Cavalcanti em 02/08/2012

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Bar e Restaurante "O Ipaneminha": O reduto dos "filhinhos de papai" e das lindas "cocotas"!!!

Funcionava na Praia de Pajuçara, na Avenida Senador Robert Kennedy, no lado da Avenida onde existem os prédios e casas que era maioria, na época, na década de 70. Foi por muito tempo o ponto de encontro da turma jovem, dos "filhinhos de papai" e das lindas "cocotas", que desfilavam com seus micro-shorts ou então suas mini saias, muito usadas na época. Os "Barbados" ficavam de queixo caído. Depois de uma boa praia ou um clube, estavam todos lá. Sábado e domingo não dava pra ninguém. Ficava entupido! Era também o local freqüentado pela nata da elite de Maceió e, por que não dizer de todo o Estado, que iam tomar um bom uísque, curtir o ambiente ou mesmo almoçar. O Bar tinha dois ambientes, uma área externa que ia da frente do bar e parte da calçada e se prolongava por um dos lados e ia até os fundos, com várias mesas dispostas próximas ao muro e cada uma com um guarda sol, já que o sol castigava, na época de verão. Tinha também um ambiente fechado todo rodeado de grandes janelas de alumínio com vidro e, era um ambiente muito agradável, onde normalmente os mais velhos costumavam ficar. Era um ambiente mais tranqüilo e não tinha a mesma agitação do lado de fora. Desse ambiente via-se todo o movimento da área externa do Bar, como também a bela vista do mar de Pajuçara. Do lado de fora a agitação era grande, principalmente nos finais de semana, quando o ambiente ficava totalmente tomado pela turma jovem, que desfilavam com seus carrões e motos, na frente do Bar. A paquera era grande. Foi muito bom enquanto durou! Depois se mudou para uma barraca no calçadão da praia, em frente ao mar da Pajuçara. Se não estou enganado, no local onde hoje existe a Barraca "O Pirata".

Nicolau Cavalcanti em 01/08/2012

Restaurante Carne Assada: "uma maravilha de refeição!!!"

Funcionava na Rua Dias Cabral, no Bairro do Centro, ao lado da antiga "Casa das Placas", nos fundos do Teatro Deodoro. Era da mãe de um amigo meu, cujo nome não me recordo. Só sei que o Restaurante tinha uma carne assada de primeira qualidade! Era como sempre uma casa, cuja garagem, era o Restaurante. A entrada era feita por uma porta ao lado da garagem, que dava acesso não só para o bar mas, também para a casa e para um primeiro andar existente. Algumas mesas foram dispostas de forma que não atrapalhasse a passagem dos clientes entre elas, já que o espaço não era dos maiores. O atendimento era feito por um corredor onde se tinha acesso a cozinha e aos banheiros. Na cozinha a Senhora dona do Restaurante, comandava e preparava os pedidos dos clientes. Normalmente se via o corre, corre das cozinheiras no preparo da maravilhosa carnes acompanhamentos e o seu delicioso cheiro, exalava não só no recinto, mas por toda a casa. A carne era servida inteira. Um baita de um pedaço de carne que, quando assada, ficava com uma cor que só em olhar a boca enchia d'água. Quando cortada ainda quente, boa parte estava crocante e o miolo bem vermelho, como bife mal passado. Era realmente uma maravilha.
Acompanhava a deliciosa carne, uma porção de feijão tropeiro, arroz branco bem soltinho e vinagrete, preparado na hora. Fui várias vezes no Restaurante com a turma. Lá servia também uma cerveja bem geladinha ou uma variedade de refrigerantes. O cliente era quem escolhia. Se não estou enganado, o restaurante, infelizmente não demorou muito tempo, funcionando. Era um local simples onde se comia uma das melhores carne assada de Maceió. É impressionante, me lembro como se fosse hoje!!!

Nicolau Cavalcanti em 01/08/2012