quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Bar e Restaurante do Alípio: "a fritada de siri é uma maravilha! A caipirosca nem se fala!!!"

Funcionou por muito e muito anos no Pontal da Barra, de frente à lagoa Mundaú, na Avenida Alípio Barbosa, nome do fundador do Bar, no Bairro do Pontal da Barra. Começou com um grande palhoção em um dos lados da casa grande existente e servia de apoio para o Bar. Do outro lado da casa tinham algumas palhoças com mesas muito simples apoiadas em troncos de coqueiro, com bancos também em madeira em toda a extensão dos lados das mesas e apoiados também em troncos de coqueiro. Era um local muito rústico, frequentado, na época pela turma jovem que se reunia nas sextas-feiras e sábados à noite para bater um bom papo, paquerar e namorar tomando a famosa “caipirosca”, bebida a base de vodca, limão, açúcar e gelo e degustar os deliciosos e variados tira-gostos. De todos os tira-gostos, com certeza, o mais solicitado, era a fritada de siri. Maravilhosa! No grande palhoção tinham grandes mesas com bancos de tábua, que tomavam toda a extensão lateral da mesa. Era um dos nossos pontos de encontro preferido e passei a frequentar mais vezes o local, quando comecei a namorar minha esposa Fátima, nos meados dos anos 70.
Praticamente, todas às sextas-feiras, íamos lá tomar a famosa “caipirosca”, pois em Maceió não existia outro local que preparasse essa deliciosa bebida como lá. Tinha realmente um porque no seu preparo. Às vezes, optávamos por umas doses de Campari puro com gelo ou então Rum Montilla com coca cola, limão e gelo. A famosa "Cuba Libre"! Eram bebidas bastante consumidas na época. Na maioria das vezes bebíamos simplesmente uma cerveja bem gelada, acompanhada dos deliciosos tira-gostos da casa. A fritada de de siri, realmente era o tira-gosto mais solicitado. Mais tinham muitos outros que também eram deliciosos: pata de uçá ao vinagrete, peixe em posta frito, caldinho de peixe, camarão frito, maçunim e sururu no coco... Eram Maravilhosos! Em se tratando de frutos do mar, não tínhamos como nos contentar apenas com apenas um prato. Saíamos de lá muitas vezes, o dia já estava amanhecendo. O Alípio filho fazia parte da nossa turma da Praça da Faculdade de Medicina e morava inclusive em uma casa situada em frente a referida Praça Praça.
Quem frequentava o Bar do Alípio, sempre que vinha à Maceió, era um alagoano que estava consolidando sua carreira como cantor e compositor a nível nacional: Djavan! Sempre rodeado de amigos e fãs. Sua presença era motivo de muito zum zum zum. Ia desfrutar da beleza e do aconchego do ambiente. Os curiosos faziam a festa. Era realmente um ponto de encontro de muitas e muitas pessoas conhecidas no meio político e social do nosso Estado. Nos sábados e domingos, depois de uma boa praia, era um local ideal para tomar uma gelada e almoçar aquela peixada a moda da casa.
Lembro que certa vez, minha irmã Lilian, que morava, na época, em Porto Velho, me ligou dizendo que ia chegar em Maceió um casal amigo, recém casado, pedindo que desse uma volta com os dois e mostrasse um pouco da cidade para eles. Tratava-se do Neno e da Rubineia, pessoas maravilhosas das quais nos tornamos amigos e até hoje desfrutamos dessa grande amizade. Não só do casal mas também toda a sua família.
Andamos bastante com eles, fomos a várias praias e terminamos certa noite no bar do Alípio. O casal ficou maravilhado com o local, com seu visual rústico, com a lagoa, com a variedade de pratos e tira-gostos e principalmente com os preços. Segundo os dois, comer camarão e outros frutos do mar nesse precinho camarada, só mesmo aqui, em Maceió. Pra completar o clima de nostalgia, fizemos todos esses roteiros a bordo do meu fusquinha 72, amarelo, mas que nunca me deixou na mão.
Anos arás, o Bar passou por uma grande reforma ficando com uma estrutura muito boa, totalmente diferente do que era no início. Uma área coberta muito grande, com muitas mesas, oferecendo aos clientes um conforto bem melhor. O cardápio bem mais variado, mas com os mesmos pratos e bebidas que tornaram o Bar muito famoso e referência da culinária local, na época. Tem música ao vivo nos finais de semana e sempre é palco de projetos culturais envolvendo artistas da terra e a nível nacional. Em frente ao Bar do outro lado da rua, tem uma espécie de píer onde atracam barcos que fazem passeios pela Lagoa e param por lá para os turistas almoçarem no Bar. Tem também algumas mesas para se tomar uma cervejinha curtindo o deslumbrante visual da Lagoa Mundaú.
Hoje, lamentavelmente, não existe mais. Não sei se foi vendido, só sei que mudou de nome e está bem melhor, tendo inclusive uma nova estrutura de frente a Lagoa Mundaú, oferecendo melhor es opções e atendimento para todos os clientes. 
A nossa turma frequentava esporadicamente o bar, mas quando íamos, fazíamos boas farras. Principalmente nos finais de ano, quando vários integrantes da turma que estudavam fora, voltavam e aproveitávamos o momento para nos reunirmos, não só nesse Bar, como também em outros bares que antes frequentávamos. Era maravilhoso! Ficávamos tristes quando pedíamos a conta, não porque teríamos de pagar, mas sim, porque tínhamos de ir embora.

Nicolau Cavalcanti em 30/10/2012

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Bar e Restaurante Asa Branca: era o antigo Bar e Restaurante "Kaballa". Era muito bom!!!

Funcionava, na Rua Silvério Jorge, no Bairro do Poço, no mesmo local onde funcionou por muitos anos o Bar e Restaurante "Kaballa", acredito que nos anos 80. Depois de uma mudança de administração e uma reforma geral, o antigo "Kaballa" foi reaberto com o nome de "Asa Branca", mostrando um novo visual e um ambiente mais aconchegante. Na parte externa um ambiente mais descontraído, onde a turma jovem se reunia para curtir um bom papo, paquerar e tomar alguns drinques. Existia um pequeno coreto que foi reformado e decorado e fazia parte do ambiente externo, onde algumas mesas foram colocadas, valorizando ainda mais o ambiente. Na parte interna o ambiente era mais sofisticado e ali se reuniam pessoas e casais mais discretos. Tinha uma variedade muito grande de bebidas, pratos regionais e petiscos, destacando-se entre eles a famosa e deliciosa carne de sol.

Nicolau Cavalcanti em 30/10/2012

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Boates que embalavam a Juventude e os Boêmios nos anos 70 e 80. Era muito bom!!!

Entre os anos 70 e os anos 80, várias boates surgiram em Maceió e todas marcaram época não só pelo seu ambiente e pela sua localização, mas principalmente pelos vários ritmos musicais que surgiam e embalavam a juventude transviada da época, deixando maravilhosas recordações daquelas tardes, noites dos sábados e domingos.
A turma jovem se aglomerava nas portas das boates e os marmanjos ficavam paquerando as lindas "cocotas" que lá chegavam e cada qual que desfilasse usando os últimos lançamentos da moda e chamando a atenção de todos que ali estavam. Eram Mini saias, tubinhos, calça "boca de sino" e muitas outras peças que deixavam elas, muito mais maravilhosas. Sem contar com os penteados que para ficar arrumado e fixados no lugar, usava-se o laquê.
A Tropicália como também a Jovem Guarda e o ritmo de discoteca, influenciaram bastante a galera, com as suas cores psicodélicas e a moda tremendão que todos barbados faziam questão de usar. Na discotecas, as "cocotas" com sua roupas brilhantes e coloridas, se destacavam sob o efeito da luz negra. Os marmanjos usavam cabelos Black Power ou longos, à la Beatles, sapatos cavalo de aço, calças "boca de sino" como também camisas de cores psicodélicas. A calça jeans estava na moda e todos faziam questão de desfilar com um dos vários modelos existentes. As marcas que estavam no topo era a calça Levi's e a Lee. O Brasil lançou nessa década a Staruop e em seguida a USTop.
Era realmente uma combinação de sons, de cores e modelos que tornavam o ambiente alegre e perfeito para dançar, paquerar e desfilar... Era o que fazia a maioria dos "filhinhos de papai" que frequentavam as diversas boates que existiam em Maceió. nós só de penetra!
A rapaziada lá dentro da boate, se esbaldava ao som de músicas de sucessos tocadas em todas as boates existentes no Brasil. Eram muitos os sucessos que diariamente surgiam. A luz negra, o globos de espelhos giratórios, as luzes de néon enfeitavam todo o ambiente, como também a fumaça de gelo seco que tomava todo o ambiente, tornando o clima ainda mais propício para turma se soltar, dançar e namorar com aquelas baladas quentes tocadas no local. A galera muito animada, sempre dava uma paradinha para tomar um drinque e deixar as coisas ainda melhores. Não tinha quem ficasse parado. A "cuba livre", o campari, o uísque e a caipirosca, eram as bebidas mais consumidas. Se bebia também a cerveja. Era bom demais!
Maceió teve muitas boates como a Boate Arcos que ficava no Centro, no comércio, próxima a Praça dos Martírios. Tinha a Boate Wisquisito que ficava na Avenida da Paz, ao lado onde funcionou a LUA, no prédio onde funcionava a Churrascaria "O Gaúcho". Tinha também a boate Massayó que ficava localizada no Estádio "Rei Pelé", onde era o Restaurante Massayó. Eram excelentes os sábados à noite! Tinha também a Boate Middô localizada na Praia da Pajuçara. E a Boate Ladeira! Quem não se lembra! Funcionava na Ladeira do Brito, em uma casa de esquina, no lado esquerdo de quem sobia para o Farol. E a Boate "O Escondidinho"! Essa funcionava na Praia da Pajuçara de esquina, próxima ao Vermelhão, Bar e Restaurante muito formoso na época. Tomei muitas cervejas por lá! Se não estou enganado depois, no mesmo lugar, funcionou a Boate "Cavoco". Ainda hoje existe o prédio. Tinha também a Boate Casa Blanca. Essa Boate funcionou na esquina da Praça da Faculdade e a Avenida Siqueira Campos, no local onde funcionou por muitos anos a "Macarronada Alvorada", do ex garçom da Macarronada "Eureka", o nosso amigo Basto. E a Boate "Tonga da Mironga"? Essa funcionou na Praia do Sobral. A Boate "Playboy", funcionou na Avenida da Paz e era só para homens. Acredito que funcionava no prédio onde depois foi o Restaurante "O Lagostão", o primeiro restaurante de rodízio de frutos do mar. Era muito famoso na época. A Boate "Lisboa à Noite" funcionava na Praia do Sobral. Era um local muito chique. Estou em dúvida se era também restaurante. A Boate Zinga Bar que funcionava na Praia da Sereia. Lá só ia quem tinha "negócio". A distância era o grande problema. Tinha também uma muito famosa que era a boate "Sargaço" e era muito mais nova. Funcionava no Hotel Ponta Verde. Não sei se ainda existe.
Tinha também a Boate Areia Branca. Essa era boa demais! Pegávamos o ônibus da Real Alagoas, até o seu terminal que ficava, se não estou enganado, no terreno onde hoje é o Hiper, na Gruta, ou nas proximidades. De lá partíamos para a Boate Areia Branca, caminhando e zonando. PQP! como era bom!
Éramos muitos jovens e ainda corríamos o risco de sermos barrados pelos fiscais de menores que faziam ronda na área. Lá na Areia Branca, tinha uma festa todos os anos e, se não estou enganado era a festa de aniversario do dono da Boate, o "Mossoró", cujo verdadeiro nome era Benedito. Não tinha festa igual! Se não me engano, a bebida era de graça, até uma determinada hora. Íamos só pra "piruá"! Frequentávamos também a Boate Iraquitan. Nosso amigo e membro da turma, Paulinho Buçú tinha carteirinha de sócio. Só vivia lá. Tinha também a Boate Raílda que sempre que subia o morro, dávamos uma passadinha por lá. Muitas outras existiam por lá. Aliás! Todas essas Boates existiam em Jaraguá. Naquelas entradas que ainda hoje existem, perpendiculares a Avenida Sá Albuquerque. Toda aquela área era zona. Nos casarões da Rua Sá e Albuquerque, funcionavam várias boates como: a Night And Day, Tabariz, São Jorge... Na realidade, eu só lembrava da Night And Day.
Levamos muitas carreiras quando ouvíamos alguém falando: a "tintureira" vem aí! Veículo da polícia todo preto e que fazia a ronda, em vários locais de Maceió, principalmente à noite na "zona" portuária. De menor na zona, ia para o xilindró! 
Me lembro como se fosse hoje: a escadaria de madeira da Boate Night And Day, que dava acesso ao salão principal muito grande com o piso também em madeira e várias mesas espalhadas pelo ambiente cuja iluminação era bem discreta. Éramos estudante lisos e íamos realmente só para arriscar. Sentar nas mesas do salão, nem pensar! Atravessávamos o salão e íamos diretos para a escadaria que dava para os quartos arriscar se algumas das garotas chamavam um de nós. O Paulinho "Buçú" se dava muito bem com as meninas. Também pudera: o bicho tem um "pé de mesa" entre as pernas! Não era pra menos!
Se comentava, que nos quartos existia uma pequena bacia de ágata ou alumínio, com água, em cima de um pedestal de ferro e uma pequena toalha pendurada no mesmo pedestal, muito comum na época. Se falava, que servia para lavar as "coisas" dos clientes, depois de uma boa "mofadinha"! Lá também tinha os Fiscais de Menores e que sempre estavam por lá, comendo o juízo da gente.

Nicolau Cavalcanti em 21/10/2012

domingo, 21 de outubro de 2012

Músicas de sacanagem, que cantávamos na esquina de Dona Amélia!!!

Imaginem só, a Rua São Domingos de madrugada, praticamente toda em silêncio e apenas a nossa turma lá na Esquina de Dona Amélia, bagunçando! era uma verdadeira algazarra! Para chamar alguém da turma que não estava lá, gritávamos com toda a força: fulano de tal! Seu felha da puta! venha pra esquina!!!
Quando então alguém dava a idéia: "pessoal! Pessoal! Vamos cantar uma música, daquela bem cavernosas?", Escolhíamos então uma daquelas bem fuleira! Daquelas que só em pensar, dava ataque de riso na turma. Fazíamos até um rápido ensaio e começávamos a cantar. Aliás! Aquilo não era cantar! Era um bando de doidos gritando e, só a partir da terceira ou da quarta repetição, era que a turma lembrava totalmente da letra da música e o som além de poluir os nossos ouvidos, ecoava no silêncio da madrugada, fazendo a vizinhança inteira ouvir. Muitas vezes, era terminando uma e entrando em outra. Era de tirar o sossego de qualquer cristão.
No final, tinham os gritos de: bravo! Muito bem! E vinham acompanhados é claro, de uma salva de palmas, muitos gritos e muitas gaitadas, cada uma mais safadas do que as outras e que, não podiam faltar nessas horas!
Muitos moradores da rua, colocavam a cabeça nos "postigos" das portas, observavam a nossa bagunça e entravam, como se quisessem demonstrar o seu repúdio pela brincadeira naquela hora. Era bom demais! Bote bom nisso! Abaixo algumas das músicas que cantávamos. Na realidade, na maioria das vezes, eram paródias de músicas conhecidas, na época. Claro que existem muito mais. O nosso repertório era grande.

"O maranhão"
(Autor desconhecido)

Mandei fazer um "maranhão" pra minha amada,
Sendo ele de dezoito polegadas,
Todo dia ela sentava na janela,
E Eu enfiava o "maranhão" na bunda dela.

(bis)
Mandei fazer um "maranhão" pra minha amada,
Sendo ele de dezoito polegadas,
Todo dia ela sentava na janela,
E Eu enfiava o "maranhão" na bunda dela.
Aí como dói!


As "pirocadas" do miau!
(Autor desconhecido)

Dona Maria, o seu gato deu,
Vinte quatro "pirocadas" na bunda do meu.
Dona Maria, o seu gato deu,
Vinte quatro "pirocadas" na bunda do meu.

Se deu, se deu, o que é que tem,
"Piroca" de gato não mata ninguém.
Não mata mas machuca,
Que gatinho filho da uma puta!

(bis)
Não mata mas machuca,
Que gatinho filho da puta!
Miauuu!!!


"O Peidão"
(Autor desconhecido)

Peidei, todos viram,
Sentiram, e perto de mim ninguém ficou.
Ali onde eu peidei, qualquer um peidava.
Dar a volta por cima do peido,
Quero ver quem dava.

Um homem de moral, não peida no salão,
Nem quer que a mulher, lhe chame de peidão,
Reconhece o erro e não desanima,
Levanta sacode a cueca e dar outro por cima.

(bis)
Reconhece o erro e não desanima,
Levanta sacode a cueca e dá outro por cima.


O vaso de fazer cocô
(Autor Desconhecido)

Iaiá cadê o vaso,
O vaso que eu plantei a flor,
Eu vou lhe contar um caso,
Eu caguei no vaso,
E limpei com a flor.

Que cagada, que cagada,
Você bem que sabia,
Que naquele dia,
Eu comi feijoada

(bis)
Que cagada, que cagada,
Você bem que sabia,
Que naquele dia,
Eu comi feijoada.


Chapéu da minha pica
(Autor desconhecido)

A meia noite, no calor da foda,
A nêga roda que nem um pião,
Quando eu enfio, Mariquinha grita,
E o chapéu da minha pica,
É um pneu de caminhão.

(bis)
Quando eu enfio, Mariquinha grita
E o chapéu da minha pica,
É um pneu de caminhão.
Aí como dói!!!


O Rela
(Autor desconhecido)

Segura o côco, Maricota venha cá,
Você rela e eu também relo,
Eu também quero relar,
Faca de ponta, espingarda, baioneta,
Nunca vi couro tão duro
Como couro de buceta.

(bis)
Faca de ponta, espingarda, baioneta,
Nunca vim couro tão duro
Como couro de buceta..
Ai como dói!!!


O Cobrador tarado
(Autor desconhecido)

Sonhei que eu era um dia um cobrador,
dos velhos bondes que não voltam mais,
cobra assim a toda hora,
olha  a senha senhorita!
olha a senha senhora!
e as mocinhas do banco de trás,
não pagavam porque o "quique" era demais.


Pra terminar vai aí dois versos bem conhecido na época:

(Nome e Autor desconhecidos)

Galo canta,
Macaco assobia,
Banana de jegue,
No cú do vigia.

A Bica
(Autor desconhecido)

O velho e a Velha,
foi tomar banho de bica,
a Velha escorregou,
e o Velho passou-lhe a pica.

Nicolau Cavalcanti em 20/10/2012

sábado, 20 de outubro de 2012

Alguém lembra desses dois personagens? "Dr. Buçú" e "Dr. Chapeleta"???

Antigamente existiam muitas revistas de histórias em quadrinhos tais como: o Zorro, Tarzan, Batman, o Homem Aranha e muitas outras, que nos anos 60 e 70 fazíamos coleção. Nesse período, levávamos para o cinema essas revistas para trocar por outras que ainda não tínhamos lido ou ainda não constava da nossa coleção.
No Cine Colonial, no Ideal, no Lux, no Plaza, no Rex... Era muito comum essas trocas antes do início das sessões e normalmente aconteciam numa sessão de filme desses nossos heróis. As vezes até vendíamos essas revistas para pagar a entrada no cinema.
Mas, porém, todavia, existiam na nossa época, duas "revistas" que fizeram muito sucesso, no que se refere a contos eróticos. Eram muito difíceis de serem encontradas. Apesar do sucesso, eram proibidas de circularem abertamente em portas de cinemas ou em outras reuniões decentes. Quando alguém conseguia um exemplar de uma dessas revistas e alguma turma de adolescentes sabia, era um verdadeiro corre, corre, para ver e principalmente pedir emprestado para ler em casa. "Não sabíamos pra que!".
Eram "revistas em quadrinhos" e acredito eu que foram as primeiras revistas de contos eróticos que vimos na nossa turma. Contavam as histórias de dois personagens que até os seus nomes eram exóticos. Um era o famoso Dr. Buçú e o outro, o não menos famoso Dr. Chapeleta! Os dois, eram pegadores por excelência e segundo a narrativa do autor, tinham determinada parte do corpo que deixavam as meninas muito curiosas, excitadas e doidas para ter a sorte de pelo menos dar uma olhadinha, nem que fosse de longe, nos seus grandes atributos.
Os desenhos em preto e branco eram bem feitos e muito bem detalhado no que se referiam a história. O acabamento da revista é que era de de péssima qualidade. Na realidade estava mais para um folheto do que propriamente uma revista em quadrinhos. Eram confeccionadas por algum profissional desenhista que desenhava as histórias em quadrinhos em folhas de papel branca, depois reproduziam várias cópias, montavam e pronto. Seu tamanho era de meia folha de papel A4.
As histórias eram de arrepiar. A narrativa escrita pelo autor, era foda! Pense na bagaceira que essas duas figuras perigosas aprontavam! Se desse bobeira, eles seriam capazes de comerem até quem estava lendo as revistas.
As revistas contavam histórias, como já falei, eróticas e em todos os detalhes e posições, do começo até o fim. Da cantada até a "trepada"! e que trepada!  Na maioria, o final era de "arrombar"! Tinham cenas de sexos explicito, de "boquete" e muito mais. Essas duas revistas mexeram muito com as fantasias eróticas da turma de adolescentes da época, inclusive a nossa.
O Dr. Buçú, era famoso pelo tamanho exagerado do seu "caralho". Fazia grande sucesso com a sua "arma letal".
Nas histórias, tinham algumas mulheres que encaravam a dita cuja, mas que no meio da foda, pediam arrego. Outras além de encarar o Dr. Buçú, ainda pediam mais! com certeza uma Maria Batalhão, da vida! Porém, tinham outras que corriam só de ver a "pra te vás", Mole!
Na nossa turma da Esquina da Dona Amélia, tivemos um Dr. Buçú. Na realidade era o Paulinho "Buçú". O bicho tinha uma lapa de "bilunga" que assustava todos da nossa turma. Era um verdadeiro pé de mesa! Mas as meninas da zona Iraquitan, brigavam para passar uma noite com ele.
Já o Dr. Chapeleta, era famoso por ter um "caralho" que além de grande e grosso tinha uma cabeça que mais parecia um pneu de caminhão, como dizia uma das músicas de sacanagem da época. Era o grande dilema das corajosas mulheres que encaravam o Dr. Chapeleta. Era um verdadeiro duelo que na maioria das vezes acabava em gritos, gemidos, sussurro e até em risos e frases sem nexo, durante o ápice do ato sexual, de acordo a narrativa escrita pelo autor. Para encarar esse jumento só com um pote de vaselina para lubrificar aquela "besteirinha"!
Nas histórias desse "matador", tinham mulheres que depois de se submeter a uma "sessão de tortura", passavam dias andando com as pernas abertas e usando "pedra-ume", para diminuir o rombo. O pior era quando arriscavam tocar a "tuba" do Dr. Chapeleta! Aí era que se lascavam de vez! Botar no "chicote"! nem pensar! quem se arriscava, passava dias assobiando pelo buraco do "buzanfã"! Desafinado, é lógico!
Confesso que essas revistas em quadrinhos da mesma forma que surgiram, desapareceram. Não encontramos mais qualquer exemplar para guardar como lembrança dos velhos e bons tempos e também para mostrar a turma jovem de hoje, como eram algumas das nossas curtições. Nossa turma estava sempre atenta! Era uma verdadeira zona, quando aparecia um desses exemplares na Esquina de Dona Amélia. Parecia até "urubu na carniça", aquele bando de besta, querendo ver a revista, ler e comentar os detalhes mais quentes. tinha cabra que zonando se abufelava nos outros querendo imitar os famosos personagens. 

Nicolau Cavalcanti em 20/10/2012

sábado, 13 de outubro de 2012

Banho de bica na Usina Roçadinho: "que vergonha em Nicolau! Que nada! Foi bom demais!!!

Mais uma história muito interessante, tendo como protagonista, mais uma vez, a minha ilustríssima pessoa. Sabe gente! Tem coisas que a gente escuta, ver, acha graça e nem passa pela nossa cabeça que tal fato pode acontecer com qualquer um de nós. Foi exatamente o que aconteceu comigo.
O meu amigo Abelardo Almeida, voltando de São Paulo para sua terra, já casado com a Márcia nos anos 80 e com trabalho garantido na Usina Roçadinho, em São Miguel dos Campos, como supervisor de produção de açúcar e álcool. Foi contratado com direito a algumas vantagens, dentre elas uma ótima casa próxima a Usina tendo inclusive um excelente banho de bica. Um riacho represado e a água caindo de dois tubos de 100 mm dentro de um tanque, uma espécie de piscina de cimento de aproximadamente 3,00mx3,00m e com aproximadamente 1,40m de profundidade, era realmente o lugar ideal para fazer uma boa farra. Era período de entre safra e se poderia aproveitar mais o local. Na foto abaixo, as famosas bicas e a piscina. Eu Niel/Nicolau na parte de cima e o meu amigo Abelardo embaixo. No fundo, um banco em concreto que servia também como mesa. Era uma maravilha de lugar. Só vendo pra crê!Hum! Maravilhoso!

O nosso amigo Abelardo, nos prometeu que convidaria a gente para passar um fim de semana em sua casa, para curtirmos uma boa música e desfrutar, lógico, da beleza do local. era um banho excelente! Curava qualquer ressaca!
A Fatima, minha esposa estava grávida da nossa primeira filha e não podíamos demorar muito para fazer essa visita, se não teríamos de adiar por um bom tempo a nossa ida. Não demorou muito para o Abelardo nos ligar confirmando uma possível data para a nossa visita. Checamos se a data estava livre e, como não tínhamos nada para fazer, de imediatamente confirmamos a nossa ida. Ele também adiantou que tinha convidado o Zezinho e sua esposa Cida como também o Romildo e sua esposa Ceiça, irmã do nosso amigo Zezinho. Disse também que a turma só iria no domingo e voltaríamos juntos pra Maceió.
Ficamos ansiosos para que chegasse o fim de semana para mudar um pouco a nossa rotina e respirar outros ares. Na realidade iríamos no sábado, pela manhã passaríamos o dia, dormiríamos lá e a brincadeira com a turma seria no domingo. Passaríamos o dia e no final da tarde, voltaríamos.
Na época tinha um fusca 72, amarelo e que era a minha única preocupação. Bastante rodado e vinha apresentando, alguns problemas no motor ultimamente. Na época, o irmão da Fatima tinha um Corcel LDO e, resolvi falar com ele para me emprestar no final de semana. Ele aceitou sem problema. O fim de semana estava chegando e na sexta-feira já estávamos com tudo pronto: mala pronta, principalmente os apetrechos da Fatima por está grávida, Corcel LDO abastecido, só restava esperar o sábado amanhecer. Quase não dormi, ansioso para que o sábado chegasse logo.
Amanheceu um dia lindo! O sol com os seus raios quentes de verão, já começava a esquentar a manhã. Arrumamos o resto das coisas no carro e então partimos. A viagem foi tranquila, chegamos na casa do casal Almeida, por volta das dez horas da manhã. A única coisa que perturbou, principalmente a Fatima, foi o calor.
Ao chegarmos na casa do Abelardo, os dois estavam na frente, nos aguardando. Estacionamos o nosso o Corcel embaixo de um árvore, iniciamos a retirada da bagagem do carro e antes de terminar eu já perguntei ao Abelardo, se a cerveja já estava gelada, pois a viagem tinha me deixado com muita sede! Ainda nem tinha terminado a pergunta e o Abelardo já estava com uma bem "geladinha" na mão e pedindo a Márcia, sua esposa, copos para nos servir. Não sou de virar o copo, como fazem muitos bebedores, mas dessa vez não aguentei! Além da cerveja muito gelada a sede era bem maior e de uma só virada tomei todo o copo. Doeu até a garganta de tão gelada que estava a cerveja!
Bem! Nos acomodamos em nosso quarto e fomos dar uma volta na casa para conhecer os seus aposentos como também conhecer a tão falada bica.
A casa era muito boa. Eram casas construídas para hospedar gerentes e responsáveis pela produção da Usina. A casa tinha uma área lateral coberta, muito boa, com uma mesa daquela de interior, de madeira rústica, com dois bancos laterais que iam de uma cabeceira a outra. Dava para acomodar umas dez pessoas tranquilamente. E o bom! Ficava ao lado das bicas e da piscina que na realidade, como já falei anteriormente, era um tanque de cimento e acumulava a água que caía da bica. A água era corrente, caía pela bica na piscina e saía por uma espécie de ladrão na parte superior da piscina e ia alimentar uma outra bica, na casa vizinha. De lá seguia seu rumo natural. Na foto abaixo, detalhe da área coberta e da mesa grande. Na esquerda, a Fatima minha esposa e ao lado a Márcia esposa do Abelardo. um outro detalhe importante é a bandeja ao lado da cabeça da Márcia com alguns camarões graúdos cozidos na água e sal que ainda sobreviviam, aguardando que alguém os devorassem. Tinha também um cachorro pastor alemão, que era o xodó da família.

Tomamos algumas cervejas, quando a Márcia e a Fatima nos chamaram para almoçar e saborear um delicioso peixe preparado no forno. O prato dava água na boca de tão cheiroso e bonito que estava. Sem contar com a fome que estávamos sentindo apesar das cervejas e do tira-gosto. Devoramos o almoço, com tudo que tinha direito. Só sobraram a cabeça, o rabo e as espinhas do peixe.
Após o almoço e com a "pança" cheia, resolvemos dar um cochilada para a noite está em forma para tomar mais algumas cervejas e curtirmos uma boa música, o que também não faltava por lá. e só tinha "cavernosa"! Aguardamos até as nossas esposas dar uma arrumada rápida na cozinha e na sala de jantar e fomos descansar. Aliás! Não sei se era uma cochilada ou era uma disputa para ver quem roncava mais. De um lado Eu roncava e do outro o Abelardo respondia. Era realmente, não uma disputa, mas sim, uma guerra que incomodava a todos menos a nós dois. A Fatima, não suportava e sempre estava me acordando e reclamando do barulho. Na foto abaixo, mais um detalhe da área coberta. Da esquerda para a direita: A Fatima, minha esposa, o caseiro e a Márcia, esposa do Abelardo. Muito bom!

Após uma bela cochilada, e recarregarmos as energias, estávamos prontos para encarar a noitada que prometia ser muito boa. Cerveja bem geladinha, camarão graúdo de água doce cozido na água com sal e algumas gotas de limão, na hora de saborear esse maravilhoso tira-gosto. Para completar essa dupla maravilhosa, nada melhor do que uma boa música. E isso o Abelardo e a Márcia tinham e de monte, conforme já mencionado. A noite realmente prometia ser das melhores.
Como ainda era cedo, fomos dar uma volta na cidade de São Miguel dos Campos e aproveitamos para comprar algumas coisas para complementar o jantar e a nossa farra de domingo. Compramos pão novinho e quentinho, mais cervejas e refrigerantes. Voltamos para casa e enquanto as mulheres preparavam o jantar ficamos conversando "miolo de pote" e relembrando as nossas aventuras quando frequentávamos a Esquina de Dona Amélia. O Abelardo falou das suas aventuras quando morava em Ribeirão Preto, principalmente quando se encontrava com o Missinho. O nosso amigo Missinho tinha terminado Medicina e estava fazendo residência médica e trabalhando em São Paulo.
Café na mesa, barriga vazia, aí começou o salve-se quem puder! Na realidade não foi isso que aconteceu. Estávamos até sem muito fome, mas a mesa estava tão sortida e colorida de guloseimas, que não resistimos. Comemos bastante. Graças a Deus!
Na época todos nós fumávamos e depois de um café reforçado daquele, nada melhor do que sentar num lugar aberto e fumar o nosso cigarro. Sentamos na área coberta ao lado da casa onde se via toda Usina, que na época estava parada em manutenção enquanto chegava a próxima safra e o início da moagem.
Era época de verão, o céu sem nuvens e o ambiente pouco iluminado mostrava realmente, o quanto era bonito, aquela imensidão de estrelas espalhas de forma aleatória onde as maiores mostravam seu esplendor diante das pequeninas, que faziam parte daquele cenário indescritível. Mas todas tinham seu lugar para brilhar.
Demoramos um bom tempo curtindo aquele local maravilhoso e logo em seguia entramos, pois as mulheres queriam assistir a novela. Fomos para a sala principal da casa. Uma sala grande onde todos os móveis eram no estilo colonial. Muito bonitos por sinal!
Enquanto as esposas assistiam a novela, iniciamos os nossos trabalhos. A cerveja estava super gelada. "Mofada", como chamávamos na época, quando a garrafa de cerveja ficava com aquela camada branca de gelo na superfície externa. O camarão nem se fala! Estava delicioso! A novela ainda não tinha terminado e a Márcia e a Fatima começaram também a beber e degustar aquele maravilhoso camarão. A novela acabou e aí começamos a ouvir música. O repertório estava muito melhor do que esperávamos. Beatles, Rod Stuart, Rolling Stones, Roberto Carlos, vários cantores da Jovem Guarda... Estávamos empolgados e a cerveja rolava sem parar. A noite estava excelente. A Fatima estava muito cansada pela viagem como também pela gravidez. As duas tomaram alguns copos e foram dormir. Eu e o nosso amigo Abelardo continuamos a farra e cada vez mais empolgados, com as nossas histórias e também pelas músicas que escolhíamos para tocar. Cada uma mais "cavernosa" do que a outra.
Já passavam e muito da meia noite e com mais de "quatro na cabeça", resolvemos dar uma parada, dormir e acordar inteiro para a grande farras no domingo. Arrumamos tudo e fomos deitar. Já no quarto, coloquei o pijama, escovei os dentes, tirei a "água do joelho", que era de lei e, pulei na cama e acredito que não demorei a dormir.
A Fatima já dormia tranquilamente e nem chamei ela para avisar que já estava indo dormir. Deixei a luz do quarto acesa para o caso de uma urgência. Rapidamente me apaguei.
Não me lembro muito bem da hora, mas de repente, fui acordado pela Fatima aos gritos: Nicolau! Nicolau! O que é que você está fazendo! Pare com isso pelo amor de Deus! Eu continuava aparentemente dormindo e não sabia o que estava se passando. Disse a Fatima depois de ter levantado e me acordado: "Nicolau! Você sabe o que você fez?" Eu sem saber de nada, respondi que nem imaginava! Então ela rindo pra se acabar disse: "Você mijou em baixo da cama!" Eu sem entender bem o que ela falava, perguntei: "como foi que eu mijei debaixo da cama?". Ela rindo e sem conseguir falar direito, respondeu: "você se levantou, o colchão, colocou a "bilunga" pra fora,  levantou a cabeça e deu uma bela de uma mijada! Estava tão sério que precisa mais "um porco mijando". Depois, baixou o colchão, balançou "a dita cuja", guardou com cuidado e deitou, como se nada tivesse acontecido". Eu, depois disso procurei um buraco de formiga para me esconder e não achei. Levantei o colchão e realmente tinha uma poça de água e eu para tirar a dúvida e confirmar que era de fato xixi, meti o dedo polegar na poça e cheirei. Aí meu coração que já estava bastante agitado, só faltou sair pela boca de tanto bater. Senti um calafrio subindo do osso do mucumbu pela espinha dorsal até a cabeça, esquentando de mais, as orelhas. Olhei para Fatima e disse: "mas Fatima! Como é que você assistiu tudo e não me acordou?". Ela disse que cansou de me chamar, mas eu não estava nem aí. Então eu muito nervoso perguntei: "o que vamos fazer para que ninguém saiba do ocorrido?". Então ela me disse: Nicolau! Não vai adiantar limpar isso agora, pois não temos nada o que passar. Enxugar simplesmente não resolve. Vamos deixar para amanhã. Logo cedo, conteremos ao Abelardo e para Márcia, pediremos o material adequado para a limpeza e, faremos o trabalho. Outra coisa: Eu estou muito cansada e não vou ter coragem de fazer nada agora. Vamos dormir! Seja o que Deus quiser!
Me deitei e, cadê dormir! Me virava de um lado para o outro, pensando como seria quando o Abelardo soubesse! O cara era um gozador e tinha certeza que não ia me dar trégua. E os amigos que iam chegar! Estava mesmo lascado!
Pensei! Pensei! Até que dormi. Me acordei, a Fatima me chamando. Quando abri os olhos o primeiro pensamento, foi o da mijada. Trocamos de roupa e fomos encontrar o casal Almeida. A Fatima não fez arrodeios e foi logo contando tudo, pedindo o material para fazer a limpeza do local e acabar de uma vez por todas com aquela novela que estava me deixando doido.
Quando a Fatima terminou de contar a história, tentando mostrar que tudo não passou de uma fatalidade, o Abelardo achou toda aquela história muito gozada e já começou a tirar "sarro" com a minha cara. Eu sempre fui um cara que nunca soube encarar esses tipos de brincadeiras, numa boa! Estava muito mal e pedindo a Deus que o dia passasse logo, para me mandar dali. Tomamos café, relaxei um pouco e fomos preparar juntos, eu e o Abelardo, as coisas para quando a turma, que já estava a caminho, chegasse. Tudo pronto e enquanto esperávamos a turma começamos a tomar uma cerveja. Eu, Fatima, Márcia e o Abelardo. A bica já estava funcionando. A água da piscina estava no ponto. A churrasqueira só faltava acender o fogo, mas também já estava com o carvão, pronta para atear fogo e preparar aquele churrasco. Quem estava responsável pela churrasqueira, era o caseiro que cuidava da área externa da casa e da bica. Na foto abaixo, na esquerda o caseiro, que infelizmente não recordo o seu nome, no centro eu Niel e a direita o Abelardo. O caseiro era um cara muito legal.

Não demorou muito e a turma toda chegou. O Zezinho com a Cida e o Romildo com a Ceiça. Abraço pra lá, cumprimento pra cá e aí a farra realmente começou. Aproveitei o momento e disse que ia tirar a "água do joelho". Pra que que eu disse isso! O Abelardo, em voz alta falou: "o sanitário não é no quarto não! Viu Niel?" Aí começou a rir. Se virando pra turma perguntou: "sabe o que aconteceu?" O Niel... E contou toda a história para a turma. Voltei para a área onde estava a turma e tiraram o meu "couro", com uma tremenda gozação. Encarei a turma com muita tranqüilidade, tomei mais uma cerveja e fomos todos mergulhar e tomar banho de bica. Não tinha bebida que pegasse com aquela bica forte caindo sobre nossa cabeça. O Abelardo não perdia tempo, assim que entrei na piscina ele falou: "Niel! Pelo amor de Deus! Não vá mijar na piscina!
Bem! Ainda bem que as brincadeiras diminuíram e brincamos bastante durante todo o dia. Churrasco, camarão graúdo na água e sal, caju, cerveja "mofada" e "caninha" com limão, não faltaram. A boa música também não faltou! Beatles curtimos bastante! Terminamos a farra por volta das 16:00 horas. Arrumamos as nossas tralhas no carro e combinamos de tomar a saideira em São Miguel dos Campos, no Restaurante Adega da Moraria, para comer um prato muito famoso era servido lá: língua ao molho madeira. Pense num tira-gosto arretado! Tomamos algumas cervejas e degustamos alguns pratos do delicioso "tira" e resolvemos parar, pois ainda tínhamos de encarar a volta pra casa dirigindo. Nos despedimos do casal Marcia e Abelardo, eu pedindo desculpas pelo ocorrido e já estávamos no carro, quando o Abelardo em voz alta, falou: "Niel, cuidado quando for fazer xixi! cama não é sanitário!!! E caiu na risada. Apesar do tudo que aconteceu comigo e da gozação de todos, o fim de semana foi excelente. Valeu a pena! A bica e a casa do Abelardo eram maravilhosas! Sentimos muitas saudades eu e Fatima, quando por algum motivo, lembramos daquela viagem e daquele fim de semana.

Nicolau Cavalcanti em 13/10/2012

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Bar do Seu Pedro: Faltava o principal: a cerveja geladinha!!!

Funcionava na Praça do Pirulito, no início dos anos 80, ao lado dos trilhos do trem, quase em frente à Rua Xavier de Brito e a casa do Abelardo Almeida, nosso amigo da turma da Esquina de Dona Amélia. Era um local pequeno e estreito e, se não estou enganado, era uma garagem nos fundos de uma casa da Rua Santa Maria. Tinha uma cozinha improvisada e um pequeno banheiro. O forro era de esteira envernizada e a iluminação muito fraca, mas um ambiente legal e dava pra tomar uma cerveja, na boa!
Seu Pedro, o dono do Bar, vendia uma cerveja e tomava uma grade. Por traz do pequeno balcão que existia onde atendia os clientes, tinha sempre uma cerveja aberta e a gente só via o levantamento de copo que ele fazia pra tomar um gole da "loira suada". Era realmente uma grande figura. Morava com a família em uma casa de frente a Praça da Faculdade, e sua esposa, uma Senhora baixa gorda e bem clara, não via a gente com bons olhos, uma vez que dizia que Seu Pedro bebia devido a nossa má companhia. Claro que isso não era verdade.
Seu Pedro era aposentado e para não ficar parado e no sentido de complementar a renda familiar, foi por muitos anos motorista de táxi. Lamentavelmente sofreu um grave acidente, por conta exatamente da bebida, onde perdeu um olho e ficou com outras sequelas, principalmente no rosto, que não permitiram mais que ele voltasse a dirigir o seu táxi. Passou por uma fase muito difícil, durante o longo período de sua recuperação, mas graças a Deus ficou de certa forma, recuperado. Com o passar do tempo voltou a beber e foi aí quando ele resolveu abrir o bar. Era mais um passa tempo. Durou muito pouco tempo, lógico, pelo consumo excessivo de cerveja do dono, como também pela falta de clientes. Várias vezes quando chegávamos para tomar uma cerveja, estava faltando o principal: A cerveja! Lamentavelmente o bar não vingou. Eu sempre dava uma passadinha por lá. Normalmente sexta-feira à noite, para tomar uma geladinha, pois apesar de tudo, lá também tinha o famoso prego, o que contribuiu também para o fechamento do Bar. Muitos clientes não pagavam os seus "pregos". Mas eu tinha crédito na casa, sempre pagava certinho.
Lembro que certa vez, estava bebendo lá no Bar do Seu Perdo, quando de repente chegou o Ronaldo Lessa e mais umas três pessoas. Ronaldo Lessa se apresentou como candidato a uma das vagas na Assembléia Legislativa e falou de suas propostas políticas, visando o desenvolvimento do nosso Estado. Creio que era a sua primeira tentativa para ingressar na política.
Algumas vezes, levei para tomar uma cerveja no Bar, o Napoleão, mais conhecido como Napoleãozinho, filho do Seu Napoleão Barbosa, e que trabalhava comigo na Federação das Indústrias. Gostava muito de caçar com a sua turma.
Na realidade ele é meu parente, pois o Seu pai o Seu Napoleão era sobrinho legítimo de meu avô por parte de pai, o Velho Nicolau. Seu roby era a caça com espingarda e sempre que ia caçar voltava com a mala do carro cheia de nambu e outras aves abatidas pras bandas de Penedo, onde essas aves eram encontrados em abundância, devido as grandes plantações de arroz. As aves já vinham tratadas e prontas para ir pra panela. Aliás, era realmente o que o Napoleãozinho gostava fazer: caçar, tomar cerveja, tocar no “Cuca Samba”, conjunto de samba que existia na época e namorar. Como todos nós, jovens, na época.
Seu Pedro dava uma de cozinheiro e temperava e fritava algumas aves na hora e aí bebíamos bastante e saboreávamos aquele tira-gosto diferente. Lembro que as aves tinham a carne escura e muito dura e borrachuda! Mas era um tira-gosto muito gostoso, apesar do péssimo tempero do Seu Pedro. Eram poucas as pessoas da turma que freqüentavam o local. Acredito que eu, o Expedito, o Júlio "Mamão", o Petrúcio Veras e outras pessoas mais antigos da turma que frequentavam o local, no sentido de dar uma força ao Seu Pedro.
Seu Pedro fechou o Bar pelo prejuízo que tinha diariamente. Pouco clientes, muitos devedores e o seu alto consumo de cerveja. Era uma pessoa muito legal mas o acidente que sofreu, deixou ele muito triste com a vida por mais que tentasse superar os problemas causados pelas sequelas deixadas pelo acidente, principalmente no seu rosto. Seu Pedro faleceu, não me lembro quando, mas deixou o seu legado. Se não estou enganado, tinha três filhas, bem criadas e a família permaneceu morando na Praça da Faculdade por um bom tempo.

Nicolau Cavalcanti em 09/10/2012

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O que a música dos Beatles não fazia! Olha a faca! Olha o sangue!!!

É, meus amigos! Essa história é verdadeira e aconteceu comigo. A nossa turma, em se falando de "maiar", isto é, entrar em festas que não éramos convidados, era mestra. Entrava o convidado e os demais o acompanhavam. Se desse certo? Tudo bem! Se não, saíamos todos e íamos procurar um outro local para tentarmos uma outra estratégia.
No caso dessa história, todos nós fomos convidados. Se não estou enganado, era aniversário de uma pessoa ligada a família do Piaba. A casa dessa pessoa, ficava localizada na Rua Sargento Jaime, no Bairro do Prado. Quando chegamos a festa já estava rolando, embalada com as belas baladas da Jovem Guarda. Só isso já bastava para a festa ser de arromba. As "cocotas", com os seus vestidos tubinhos, Mini-saias e cabelos a moda Channel, faziam a festa ficar mais badalada. Nós marmanjos ficávamos ouriçados e cada um que jogasse o seu flerte pra cima das "cocotas" para ver se colava. Se colasse, tudo bem! Se não partia para outra.
Acontece que eu e meu amigo Zezinho, éramos e ainda somos fãs de "carteirinha" dos Beatles. A bebida servida na festa, era aguardente. Só tinha da "branquinha". Toda a turma começou então a tomar da "água que pinto não bebe", pura! Sem nada para tapear a barriga. A festa estava fervendo, as músicas faziam as "cocotas", animadas soltarem as "cadeiras" e dançarem e rebolarem ao som de baladas de sucesso da época.
Enquanto isso, continuávamos conversando, bebendo e participando da festa. A casa era pequena e a festa acontecia na sala da frente da casa, que por sinal, devido a grande quantidade de convidados estava que ninguém tinha condições de andar. Resolvemos então ficar na calçada, pois a casa ficava próxima da praia e na calçada era bem melhor. A brisa que vinha da praia, deixou a turma mais alegre. De repente, a aniversariante colocou um LP dos Beatles e, então toda a turma jovem vibrou. Nós de fora, aplaudimos a escolha. Eu e o Zezinho, resolvemos tomar uma "lapada", em homenagem a música que estava sendo tocada. Tocou mais uma música, daquelas cavernosas, e mais uma vez descemos mais uma dose e isso aconteceu em todas as músicas do LP, dessa vez, com a ajuda da torcida e da "corda" que a turma dava.
Cada música que tocava, a turma aos gritos dizia: vamos lá Niel e Zezinho, vamos brindar aos Beatles! E nós dois já cheio de "manguaça", bebíamos que nem sentíamos. Já estávamos pra lá de Bagdá! Eu não conseguia ficar de pé. O Zezinho também estava muito "chumbado", mas nem tanto como eu. A festa terminou e então resolvemos voltar para a Esquina da Dona Amélia. A nossa turma não deixava passar nada. Nem os próprios membros da turma não estavam isentos de gozação e brincadeiras que só nós mesmos inventávamos.
Eu confesso que naquelas alturas eu estava totalmente embriagado. Eu e meu amigo Zezinho.
Resultado: já estávamos na Praça da Faculdade, bem próximo a esquina, quando a turma resolveu me colocar nos braços e me levar para HPS - Hospital de Pronto Socorro, que ficava a dois quarteirões da Esquina da Dona Amélia. Saíram me levando pelos braços e pelas pernas, na altura dos seus ombros e gritando em voz alta: olha a facada! Abram alas! O homem levou uma facada! Eu naquela época era muito magro e consequentemente, bem leve.
Ainda bem que já era tarde da noite e não tinha praticamente ninguém nas ruas. Chegaram ao HPS correndo e emburacaram de porta à dentro e, gritando, o homem foi esfaqueado! Socorro! O que chamou a atenção de todos que estavam lá, aguardando atendimento e, que correram todos para ver a bizarra cena. Me colocaram deitado num banco e fiquei aguardando o atendimento médico de urgência. O pai do Equinho e do Jarbas, era médico e dava plantão no HPS. Sabendo e lembrando disso, comecei a falar em voz alta que só queria ser atendido pelo Dr. Adávio! Esse era o seu nome! Sim! Dr. Adávio! Repeti por diversas vezes esse pedido. A turma toda morria de rir. No intervalo entre um pedido e outro, cuspia pra cima, aquela saliva grossa que subia e voltava e, que segundo meus amigos, caía na minha testa. Acredito que teve muita mentira nessa história.
Esperamos um bom tempo para que alguém viesse me atender e enquanto isso eu continuava chamando pelo Dr. Adávio e cuspindo para cima e acertando a testa. Depois de um bom tempo, apareceu uma pessoa vestida de branco e, não é que pensei que era o Dr. Adávio? Mas me enganei redondamente. Na realidade era um enfermeiro que veio aplicar uma dose de glicose, para cortar o efeito do álcool no sangue. Eu então, olhei para o enfermeiro e falei: "Dr. empurre bem devagarinho! Aí a turma caiu na gaitada! o enfermeiro permanecia sério.
Já estava melhor da "birita" e, muito impaciente, mexia muito o braço dificultando o trabalho do enfermeiro. Só sei que depois de um grande sacrifício, consegui tomar a dose de glicose. Fui orientado a demorar um pouco deitado para que a glicose fizesse efeito. Olha! foi um santo remédio! Demoramos um pouco e logo tomei pé da situação mas ainda estava sob o efeito da "água que pinto não bebe"! Deitado, via as coisas rodando em minha volta. Resolvemos então ir para casa. Ou melhor, para Esquina de Dona Amélia.
Me levantei um pouco cambaleante e, aos poucos consegui dar minhas primeiras passadas. Cada vez que tocava o calcanhar no chão, minha cabeça doía e parecia que tinha um sino dentro dela. O meu cérebro parecia que estava solto, dentro da cabeça. Era uma sensação horrível. Pior de tudo, era a gozação que a turma fazia comigo.
Depois de uma longa caminhada, apesar de estarmos apenas a duas quadras de casa, chegamos na esquina. Não aguentei e fui para casa. Aí, com um gesto, pedi para a turma ficar em silêncio, uma vez que, queria chegar em casa sem ser notado. Dava algumas passadas e depois me virava pra turma e gritava pessoal! Pessoal! E fazia mais uma vez o gesto pedindo silêncio. Fui assim até em casa sempre parando, gritando e fazendo o gesto pedindo silêncio. A turma, gozava da minha cara. Agora era a turma quem fazia: gritava Niel! Silêncio! Aí Eu respondia aos gritos e repetia o gesto pedindo silêncio.
Bem! Cheguei em casa e não sei como dormi. Me acordei no outro dia com um gosto de "cabo de guarda-chuva", na boca, com uma dor de cabeça muito grande e ainda meio tonto. Não entrava nada! Não aguentava ver qualquer tipo de comida, quanto mais comer. O braço em que tomei a dose de glicose, tinha no local onde foi perfurado pela agulha uma enorme roncha. Acredito pela dificuldade que o coitado do enfermeiro teve para aplicar a dose de glicose em mim.
Passei o dia muito mal, só melhorando no final da tarde. Durante o dia, vários amigos da turma estiveram lá em casa, querendo saber da minha situação e rindo de tudo o que tinha ocorrido naquela madrugada. Isso me dava uma ideia de como seria a gozação que, com certeza, ira acontecer quando fosse pra esquina à noite.
Quando saí de casa para ir a esquina, quando a turma me avistou de longe, começou a encarnação. A turma lá da esquina gritava: eu quero o Dr. Adávio! E caiam na gaitada! Quando cheguei na esquina, aí a zona ficou generalizada e sem controle. Tive de engolir junto com o mal estar que ainda sentia, toda aquela gozação. Mas, em nome do Beatles, era aceitável.
Pensando bem, a minha ida ao HPS, muito embora, apesar de ficar muito chateado, foi necessária. A glicose cortou o efeito do álcool. Só faltou o Zezinho. Tanto Eu como ele, estávamos de "porre" e, se tivéssemos ficado na Esquina de Dona Amélia, talvez todo esse zum, zum, zum... Teria sido bem maior.
Como falei, aconteceu mas, tudo em nome dos Beatles! Valeu a pena! Essa história rendeu por muitas e muitas noites, mas graças a Deus, a turma aos poucos foi esquecendo. Mesmo assim, quando nos reunimos por um motivo qualquer, essa história não pode deixar de ser relembrada. Muito bom relembrar as aventuras do passado.

Nicolau Cavalcanti em 09/10/2012

domingo, 7 de outubro de 2012

A Venda do Seu Toledo: "maravilhosas recordações!"

Funcionou por muito e muitos anos na Avenida Siqueira Campos, esquina com a antiga Rua São Domingos, no Bairro do Prado. Foi ali onde vivemos bons e grandes momentos das nossas vidas. Na realidade a história vem de muito antes. A Venda já existia e fazia parte de um imóvel que pertencia a uma família que ali morava mas, confesso a vocês que não me recordo muito bem dessa família. Ainda não morava na Rua São Domingos. Já pedi ajuda para alguns amigos da turma, para me passarem algumas informações sobre essa família para que possa enriquecer a nossa história.
Era uma Venda muito simples e tinha muito poucas opções daquilo que uma venda poderia oferecer, na época. O balcão muito velho, sujo, muito riscado e marcado pelas pessoas que ali frequentavam para conversar, tomar uma cerveja, um refrigerante ou uma dose de pinga e, usavam a tampa da garrafa de cerveja ou do refrigerantes para rabiscar o balcão, enquanto distraidamente, conversavam. As estantes assim como suas prateleiras, de madeiras, além de muito antigas, estavam praticamente vazias e empoeiradas. Algumas garrafas de cervejas, de pitú, de mucurí, de refrigerantes e outras bebidas como run montilla, bacardi... Espalhadas pelas prateleiras, tentavam preencher os vazios. No chão, algumas caixas de cerveja e refrigerantes, daquelas de madeira, as mais baixas e menores de refrigerantes e as maiores de cervejas. Eram também utilizadas como cadeiras e até mesmo como mesas, nos dias em que o movimento era maior.
À noite, apenas uma luz incandescente, iluminava o ambiente. Ainda me lembro do esforço que Seu Toledo fazia para alcançar a "pera" e acender a lâmpada. Utilizava um banco de madeira que servia também para que ele sentasse para descansar, atrás do balcão. Em cima do balcão tinham sempre alguns pedaços de papel de embrulho grosso na cor cinza e folhas de revista e de jornal sob um pedaço de madeira, que eram utilizadas para embrulhar as poucas mercadorias que também eram vendidas ali, tais como sabão em pedra, ovos, óleo, café, etc... Existia um balcão em frente ao balcão principal da Venda, onde tinha um fiteiro de vidro daqueles que girava e tinha várias partes com tampas onde eram colocados confeitos de hortelã, chiclete Ping-pong, de hortelã e de tutti-fruti, pirulitos, bananola... Tinha também um outro fiteiro com diversos maços de cigarros, tendo em maior quantidade o continental sem filtro, o astória e o hollywood, os mais procurados. Tinha também, pendurada na estante do fundo, uma folhinha, daquelas que para cada dia se destacava a página onde tinha escrito o dia da semana, fases da lua, o Santo do dia, etc... No verso, normalmente tinha escrito algumas curiosidades. Nas paredes, também sujas, com teia de aranha e muito "pacumã", tinham coladas, várias propagandas de cigarro e de cerveja.
A Venda tinha quatro portas, de aproximadamente 2,50 metros de altura, com duas folhas, cada. Duas portas davam para a Avenida Siqueira Campos, uma para a Rua São Domingos e outra que ficava de quina para as duas vias e sempre estava fechada. Além dos enormes ferrolhos, tanto em cima como embaixo, cada porta tinha uma tranca para cadeado, também enorme, daquelas que quando aberta, uma das partes ficava pendurada. Creio que confeccionadas artesanalmente de ferro fundido.
Tinha também em cada porta, uma retranca de madeira, que era colocada perpendicularmente a altura da porta que, quando fechada encaixava-se suas extremidades nos dois lados, em furos feitos na parede bem junto da porta e que servia para dar mais segurança e dificultar a ação de ladrões. A retranca era muito comum nas residências e casas comerciais, da época. Cada porta tinha também, degraus, e o piso era todo cimentado, bastante antigo. Por dentro, encostada na porta que sempre estava fechada, tinha uma mesa de madeira e três tamboretes, todos muitos antigos. As paredes eram todas dobradas, que nem "parede de Igreja", acredito que era para suportar o primeiro andar que existia em toda a extensão do imóvel. Internamente, se não estou enganado, as paredes eram pintadas na cor azul clara, com o rodapé na cor vermelha. Na realidade nos imóveis mais simples, era muito comum utilizar esse tipo de rodapé, que era uma barra de aproximadamente dez centímetros e se estendia por toda a casa separando piso das paredes. A tinta utilizada era a cal misturada com o xadrez, corante que era vendido em pequenas caixas, com várias opções de cores, sendo as mais utilizadas, a amarela e a ocre, essa última utilizada normalmente para rodapé.
Frequentávamos a Venda do Seu Toledo, todos os dias. Pela manhã, normalmente toda a turma estudava. A maioria no Colégio Moreira e Silva e no Colégio Estadual. Eram realmente os dois Colégios, cujas vagas eram muito concorridas. Só estudavam “filhinhos de papai”, apesar de existir, em Maceió, vários colégios particulares muitos bons, inclusive com internato. Era o caso do Colégio Marista, para alunos homens e o Colégio Santíssimo Sacramento, para mulheres.
Bem! Pela manhã, tarde ou pela noite, sempre tinha uma parte da turma na Venda. À noite, com certeza, estávamos praticamente todos lá. Uma parte encostada no balcão, alguns sentados nos batentes das portas e outros ocupavam a única mesa que existia no recinto. Seu Toledo ficava muito puto, principalmente quando chegava um freguês, pois a dificuldade começava na entrada, a turma sentada nos batentes, impedia a entrada das pessoas. Quando o freguês conseguia entrar e pedia uma cerveja ou uma outra bebida qualquer, a única mesa disponível, estava sempre ocupada pela turma e só depois de uma indireta do Seu Toledo, a turma desocupava a mesa e assim mesmo reclamando. Só assim o coitado do freguês podia se acomodar e tomar sua bebida em paz.
Seu Toledo era casado com Dona Renilva e tinha dois filhos: A Amélia, que por sinal era muito bonita. Tinha um corpo muito bem feito E era realmente uma "coisinha linda"! O Jorginho, seu irmão, era criatura muito mimada. O nosso amigo Missinho chegou a namorar a Amélia. Cabra de sorte!
A casa onde moravam ficava na Rua São Domingos, era grande e tinha um primeiro andar onde toda a família morava. Embaixo tinha uma sala, a cozinha, um quintal muito pequeno, um quarto e um cômodo que servia de depósito e tinha um acesso para a Venda e uma porta para a Rua. A Dona Renilva era cabeleireira e tinha um pequeno salão na sala de jantar onde atendia as "Madames" da redondeza. Era uma pessoa muito batalhadora, mas não tinha nada a ver com o nosso amigo Toledo. Terminou se separando dele e o coitado passou a morar sozinho na casa, pois sua esposa levou também seus dois filhos com ela. Depois da separação, mesmo sentindo muita falta dos filhos, tentou retomar sua vida. O cômodo que servia de depósito, sofreu uma pequena reforma, e foram colocadas algumas mesas, umas duas, para servir também de espaço para a turma beber, mas só entrava lá as pessoas mais próximas e mais amigas de Seu Toledo. a turma mais velha. Quem não tinha dinheiro, bebia no balcão. Não tinha sanitário e só essas pessoas mais íntimas tiravam a "água do joelho", no sanitário da casa, o restante da turma tinha que “mijar” em casa ou na Praça da Faculdade. O local era realmente precário e não oferecia qualquer conforto para o freguês. Seu Toledo realmente sobrevivia da boa vontade da turma mais velha e das pessoas que ali frequentavam, pela amizade, mas não pelo que o Bar e a Venda tinham a oferecer.
Certa época, para oferecer um atendimento melhor, contratou um cozinheiro, uma bicha louca! Figura de alta periculosidade, mas um cara muito legal. Um cozinheiro de mão cheia. Cozinhava como poucas mulheres e chamava-se Zezé Macedo. Baixinho, troncudo, cabeça chata e já nasceu com uma boca de chupão. Tinha uma cara de "quenga", da porra! Tinha deixado uma empresa que prestava serviço para a Petrobrás na Bahia onde trabalhava como cozinheiro. Era na realidade uma verdadeira dona de casa, fazia de tudo: lavava, cozinhava, cuidava de tudo e ainda tinha tempo de dar o “boga”.
Logo fez amizade com todos da turma e começou a dar dor de cabeça para Seu Toledo, pois apesar de ser um excelente profissional da cozinha, gostava de tomar umas e outras e quando bebia o ambiente virava zona. Distribuía tira-gosto, cigarro e cerveja, de graça, para todos e principalmente para aqueles que ele simpatizava. Várias vezes, depois de tomar uma, a turma atiçava e ele empolgado subia na mesa, e ao som de palmas e gritos da turma, dançava rumba e rebolava aos gritos de bis! De toda a "patota". Claro que isso só acontecia na ausência de Seu Toledo e no recinto reservado para os mais íntimos. Soube até que sustentava gente da turma com dinheiro, cigarro e “outras” mordomias. Não demorou muito para Seu Toledo demiti-lo, pelos abusos que praticava e pelo prejuízo que causava. Mas antes de sair, participou com a turma de um Festival de Verão em Marechal Deodoro, na "BARRACABAÇO", como cozinheiro oficial da turma. Pense numa zona!
Não sei bem se foi nessa mesma época, mas apareceu por lá, um tal de um sobrinho de Seu Toledo, vindo de São Paulo, que não me recordo seu verdadeiro nome, mas logo o apelidamos de “Sapão”, pela figura estranha que era. Parecia uma mistura de japonês, chinês e chimpanzé. As pernas eram "cambotas", de cor branca amarelada, tinha sempre a cabeça raspada, andava na maioria das vezes sem camisa e fumava que nem uma caipora. Só não fazia uma coisa: trabalhar! Seu Toledo bancava tudo! Gostava muito de nadar e quando não estava “desmanchando o que não fez”, estava na praia. Ia sozinho nadando da praia da Avenida até o cais do porto e não sabíamos como conseguia trazer carteiras de cigarros importadas, que na época era artigo raro em Maceió. Segundo ele, ganhava dos marinheiros. Não sei que fim levou, mas se não estou enganado, Seu Toledo o deportou de volta para São Paulo. Realmente desapareceu e nunca mais soubemos do seu paradeiro.
Me lembro que houve uma época em que surgiu uma febre de palavras cruzadas e de leitura de uns livros pequenos com histórias de bang bang e de detetive, que se comprava nas bancas de revistas. Seu Toledo, o Beto Torreiro, eu e outros da turma sempre líamos e disputávamos também quem era o melhor nas palavras cruzadas da revista que comprávamos e que era chamada de Coquetel. Tinham também as charadas, que apareceu e como as palavras cruzadas, dominavam a nossa turma. Todos queriam ser o bom!
Seu Toledo, "comeu o pão que o diabo amassou!" A turma comia o juízo do coitado com brincadeiras que muitas vezes, passavam dos limites. Imagina você está dormindo tranquilamente em sua casa, no caso do Seu Toledo, no primeiro andar e de repente ser acordado por uma rajada de nó de cana, na janela do seu quarto! Isso era o mínimo que fazíamos quando todos estávamos sentados na esquina da Dona Amélia. Esquina essa que ficava de frente a sua Venda como também ao seu quarto, no primeiro andar da casa. Tinha ainda a grande algazarra que fazíamos que fazíamos todas a noite, e que, não só ele reclamava, mas a Dona Amélia também, Senhora que morava na casa de esquina, onde a turma ficava.
Seu Toledo era uma pessoa de estatura baixa, calvo, quase careca e com meia dúzia de cabelos penteados pra traz. Andava sempre vestido com uma calça de tergal, com os Abanhados arregaçados ou dobrados, camisa de mangas curtas dobradas, aberta até a altura dos peitos e calçava sempre uma sandália japonesa, gasta e suja. Tinha umas "crecas" nos cotovelos e sempre andava coçando. Gostava muito de uma fofoca apesar de ser uma maravilhosa figura humana.
A Venda do Seu Toledo, era também o ponto da velha guarda que gostava de tomar uma dose de cachaça, conhaque... Antes do almoço ou à noite antes do jantar. Tinham pessoas que assinavam o ponto religiosamente todos os dias: o Didô, o Expedito, Seu Cícero Marchante, o Julio "Mamão", o Seu Chagas pai do Geraldo "Cabeção", o Manela, o Seu João do Charque... E muito outros. O Didô, tinha uma cabeça muito grande. Chamávamos o coitado de "cabeça de navio". Sua cabeça era realmente diferente. Parecia o casco de navio. Ele usava um boné que a turma pra encarnar com ele, dizia que ele trazia a feira do mercado, nesse boné. Ele não gostava nada dessa brincadeira!
Muitas vezes, ficávamos sentados na Esquina de Dona Amélia, esperando a Venda abrir e, quando abria, invadíamos rapidinho, tentando escolher o melhor lugar para ficar.
A situação financeira do nosso amigo Toledo, já não era das melhores e ele teve de alugar o ponto para sobreviver. Continuou morando na casa por um bom tempo mas as pessoas que alugaram o ponto da Venda não tinham experiência no ramo, eram inclusive amigos da turma. Tinha o Julio "Mamão", o Valmiro e o Basto. A única solução foi vender o imóvel. Me lembro que uma das últimas vezes que vimos o Seu Toledo, foi numa das nossas farras que fazíamos todo final de ano, morando no final da Avenida Silvestre Péricles, na Ponta Grossa, onde tinha alugado um ponto de esquina com a Avenida, onde comercializava lanches e até cervejas. Ele como nós ficamos muitos alegres por ter nos encontrados. Não sabemos por quanto tempo Seu Toledo ainda viveu mas, nos deixou muitas saudades e muito boas recordações. Era uma criatura muito legal e desde a sua separação sofreu muito. Se não estou enganado teve alguns problemas de saúde mas graças a Deus, conseguiu superar. Acredito que a Venda de Seu Toledo como também a esquina de Dona Amélia, marcaram definitivamente parte da nossa infância e toda a nossa juventude.

Observação importante: peço a todos amigos da época, que souberem alguma história interessante sobre a Venda do Seu Toledo, que incluam no comentário ou passe por email para mim. Inclusive fotos.

www.nicolau.niel@gmail.com

Nicolau Cavalcanti em 06/10/2012

sábado, 6 de outubro de 2012

A Fábrica de Gelo!!! Oh! Que saudade!!!

Não poderia deixar de lembrar e escrever algumas linhas sobre Fábrica de Gelo que funcionava na antiga Rua da Floresta, hoje Rua Fernandes de Barros, vizinho ao Colégio São José. O prédio era muito simples. A sua entrada era larga e a porta era de zinco, daquelas de enrolar. No seu interior funcionava a Fábrica de Gelo. 
A Fábrica pertencia a família Pontes e sua proprietária, era a Sra. Maria José Pontes mais conhecida como Dona Zezé, que morava ali perto. Se não estou enganado na Rua Barão de Alagoas. Minha esposa Fatima, conversando com a filha da Dona Zezé, a nossa amiga Vera Pontes, ela informou que a primeira Fábrica de Gelo de Maceió pertenceu a sua Avó, se chamava Fábrica de Gelo Santo Antonio e ficava localizada na Rua Barão de Alagoas. Lembro vagamente dessa fábrica.
Vamos lá! Do lado esquerdo de quem entrava na fábrica, tinha uma pequena mesa com gaveta e uma cadeira, onde normalmente ficava a proprietária do estabelecimento ou alguém de sua confiança, recebendo os pagamentos das pessoas que iam ali comprar gelo, como também ver e orientar seus funcionários, sobre o bom funcionamento da Fábrica. se ão estou enganado, tinha um pequeno escritório,
A criação dessa Fábrica de Gelo, foi muito importante na época pois, tudo que era comercializado em Maceió, que precisasse de ser conservado em baixa temperatura, para o seu transporte ou seu manuseio durante a sua comercialização, o gelo era fundamental. Picolés, sorvetes, pescado... comercializado no mercado e muitas outros locais.
Lembro que a Fábrica de Gelo produzia na época barras de gelo no tamanho aproximado de um metro de comprimento, uns 20 centímetros de largura por 15 centímetros de altura. Essas barras eram fabricadas em fôrmas de zinco com as mesmas dimensões. O processo de como eram fabricadas essas barras, realmente não sei mas, acredito que era similar o da fabricação de picolés, na época. As fôrmas cheias de água mergulhadas em salmoura.
O mais interessante de tudo isso, era a movimentação de pessoas que começava logo cedo, no início da manhã e estendia por todo o dia, dentro e fora da Fábrica. Era Picolezeiros, sorveteiros, o vendedor de raspadinha e todos aqueles que dependiam do gelo para conservar e vender os seus produtos. Muitas pessoas compravam as barras inteiras, quebravam as barras ao meio e levavam em sacos de farinha de trigo, envolvidas em pó de serra, para conservar por mais tempo essas barras. Se não estou enganado, as barras de gelo retiradas das formas eram colocadas para conservar envolvidas em um monte de pó de serra, que havia em quantidade, dentro da fábrica e daí comercializadas.
Era muito interessante como faziam o Picolezeiros e o sorveteiros para conservar os picolés e os sorvetes que vendiam em seus carrinhos pelas ruas de Maceió. Eu morava peto e achava arredado ver e até chupar umas pedrinhas de gelo. Naquela época ainda não existia o isopor. A caixa de isopor. Era uma verdadeira obra de engenharia térmica e funcionava muito bem. Todos aqueles carrinhos de picolés e sorvetes da época, eram construídos praticamente de uma mesma forma. Eram construídos de madeira e zinco e com rodas de bicicletas daquelas de aros menores.
Na parte superior do carrinho tinha uma tampa retangular grande que fechava toda a parte de cima do carrinho e nela existiam dois furos com tampas para acessar os dois recipientes de zinco onde eram colocados os sorvetes e os picolés. A parte interna do carrinho era oca e toda revestida de zinco.
Esses dois recipientes retangulares quando colocados no interior do carrinho, cheios de sorvetes e/ou picolés, ficavam a uma distância das paredes laterais internas do carrinho e entre si, de aproximadamente 10cm, deixando com isso um vazio até o fundo do carrinho entre os recipientes e as paredes laterais internas, até o fundo do carrinho.
Detalhei como era internamente a estrutura do carrinho para ficar mais fácil entender como funcionava o esquema que mantinha congelados o sorvete e os picolés.
O que se via diariamente e por todo o dia, na calçada em frente a Fábrica de Gelo, eram inúmeros carrinhos sem a tampa de cima e os seus responsáveis quebrando a barra de gelo em pequenos pedaços e enchendo esses espaços vazios com o gelo quebrado até a superfície dos recipientes, de forma que o gelo tomasse todos os espaços vazios entre a estrutura interna o carrinho e as dos recipientes. Depois se colocava pó de serra  e por último panos úmidos acompanhando as partes onde havia gelo para conservar por mais tempo o gelo, deixando apenas as aberturas dos recipientes livres. No final colocava-se a tampa maior, fechando toda a parte superior do carrinho e pronto. Tinham algumas tampas que tinham inclusive cadeado.
Agora era só sair por aí anunciando e vendendo sorvetes e picolés. Tinha vendedor que era conhecido de longe, pela forma de como anunciavam seus produtos. A Sorveteria Rialto, era famosa e tinha muitos carrinhos! No lado em que o Picolezeiro ficava e empurrava o carrinho, tinha uma espécie de um baú, onde se guardavam as casquinhas e as palhetas para servir e degustar os deliciosos sorvetes. Tinha também um pequeno furo com uma rolha na parte de baixo e servia para retirar a água que acumulava no interior do carrinho, depois que o gelo começasse a derreter.
Já os vendedores de raspadinha tinha um processo mais simples. A raspadinha nada mais era, do que a garapa do sumo da fruta ou de algumas essências, mais o gelo raspado. As raspadinhas mais encontradas, eram de coco, de maracujá, de coco com maçã e de coco com tutti-frutti. Tinha também de essência de baunilha, de maçã e de tutti-frutti. Inicialmente eram vendidas em copos americanos. Aqueles que todos conhecem e tomaram vitamina de banana. 
O carro do vendedor de raspadinha, era bem maior. Na parte de cima do carrinho, dos lados tinham em volta nas extremidades vários quadrados fabricados em madeira, cujo espaço só dava para encaixar um litro de garapa. Só não tinha do lado onde o Vendedor de Raspadinha empurrava o carro. Em cima, além da estrutura fabricada para colocar os litros com as garapas, para que ficassem expostos para o freguês, tinha também, no centro, um retângulo feito de madeira só para sustentar um pedaço de uma barra de gelo e evitar que a barra escorregasse durante o movimento do carro e na hora de raspar o gelo.
Para conservar o pedaço da barra gelo, se cobria o dito cujo com um pedaço de pano. Usava-se muito, sacos de farinha de trigo. Por fim, o uma espécie de tampa de madeira, revestida internamente de zinco, que se encaixava no retângulo de madeira que servia para sustentar o pedaço de gelo. Para se raspar o gelo, era usado um raspador especial. Uma espécie de plaina, com o formato de um paralelogramo, com uma tampa, formando um recipiente para acumular o gelo raspado. Embaixo, do lado onde ficava o Vendedor de Raspadinha, tinha uma pequena porta que dava acesso ao interior do carrinho e onde eram guardados pedaços de gelo conservados em pó de serra.
Para se preparar uma raspadinha era muito simples. Era só raspar o gelo com o raspador, colocar o gelo raspado no copo, colocar a garapa de acordo com a escolha do freguês, e pronto! Estava pronta uma das bebidas mais deliciosas e mais vendidas, principalmente na praia. Eu particularmente gostava muito de coco ou coco com maçã. Mas, não tendo essas, descia qualquer uma. Eram deliciosas! Principalmente quando se estava de ressaca!
A Fábrica de Gelo, funcionou por muito tempo, mas com o surgimento de outras fábricas de gelo em outros pontos da cidade, como também novas formas de fabricar o gelo, como as diversas opções de gelo vendidas no mercado, tais como: gelo em floco, gelo já triturado, gelo em cubo... Como a Fábrica de Gelo, não acompanhou essas novas tecnologias e consequentemente a nova demanda, lamentavelmente fechou as portas. Na realidade, não sei o real motivo da fábrica fechar. 
A minha intenção de escrever algumas linhas sobre essa Fábrica de Gelo foi, como já citei no início, simplesmente para mostrar a sua grande importância na época, para Maceió.

Nicolau Cavalcanti em 06/10/2012

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Encontro inusitado! Que maravilha!!! Mais de trinta anos que não víamos o Mário "Pitota"!!!


Domingo passado, 31 de setembro, tive a felicidade de encontrar com alguns amigos da turma de Esquina de Dona Amélia. Porém, tinha um desses amigos que faziam mais de trinta anos que não o encontrava. Aliás! Eu e nossa turma: Era o nosso nosso amigo Mario "Pitota"! Citado por diversas vezes em minhas histórias sobre a nossa turma, que tento contar nesse Blog. Fiquei muito impressionado pois, o baixinho não tinha mudado nada. Apenas os cabelos estavam bem grisalhos. Ele foi acompanhado de sua esposa e seu filho, que é Tenente do Corpo de Bombeiros. Tem uma linda filha, que só conhecemos através de retratos que ele levou. Infelizmente não pode participar desse encontro.
Na foto acima,começando da esquerda: Eu Niel, Geraldo "Cabeção", MARIO "PITOTA", Missinho, Haroldinho e Érico "Pavão".
Na realidade esse encontro aconteceu por acaso. O nosso amigo Geraldo "Cabeção", que mora no Recife, estando em Maceió à passeio, conversando com sua irmã, soube que ela tinha encontrado o Mario "Pitota" e que ele tinha deixado o número do seu celular. O Geraldo então ligou para o Baixinho e combinaram esse encontro para o outro dia, já que era domingo, e o Geraldo iria retornar para o Recife na segunda-feira. Após a confirmação do encontro, ligou para algumas pessoas da turma para se encontrar no Bar e Restaurante Bode's na Jatiúca. Todos os que compareceram levaram suas respectivas esposas: Eu e a Fatima, Missinho e a Iza, Geraldo com sua esposa, Haroldinho com sua esposa, Mario "Pitota" com a sua esposa e seu filho. Somente o Equinho estava solteiro.
O encontro foi excelente! Porque não dizer maravilhoso! Relembramos de muitas loucuras que aprontávamos quando éramos solteiros. Voltamos no tempo! Na foto acima, várias fotos do nosso encontro. A primeira no alto à esquerda, está o filho e a esposa do nosso amigo Mario "Pitota", que não víamos há mais de trinta anos.
se tivéssemos de escrever de fato, a nossa história, a história da Turma da Esquina da Dona Amélia, com certeza teríamos muitos desses encontros, bastante papel e caneta, como também uma "munheca", bem preparada para escrever e não sofrer com as famosas LER(Lesões por Esforço Repetitivo). Acredito que mesmo utilizando um notebook, ou coisa parecida, precisaríamos de muito tempo, para concluir esse trabalho.
Na foto ao lado, fotos do nosso encontro. Em destaque a foto do nosso amigo Mario "Pitota". Sim! "Pitota" porque era bem baixinho. Acredito que era o mais baixo da turma.
Todos os anos promovemos uma reunião no sentido tentar juntar toda a turma. Normalmente no final do ano. Nesse ano nossa reunião está marcada para o dia 24 de novembro, um sábado. Esperamos reunir o maior número de membros da turma. O local ainda não foi definido. O nosso amigo Mário "Pitota", já confirmou a sua participação com toda a sua família. Espero que dessa vez, a grande maioria da turma vá e consigamos realizar uma "festa de arromba", regada amoita cerveja, muitos tira-gostos e, é claro, uma boa música da nossa época.
Na foto ao lado, no sentido horário, no alto à esquerda , a minha esposa Fatima, na outra à esquerda a esposa do Missinho e ao lado a esposa do Geraldo "Cabeção", abaixo a turma do encontro e a do lado o filho e a esposa do Mário "Pitota". Essas fotos e esse encontro, ficarão na história da nossa maravilhosa Turma da Esquina de Dona Amélia.

Nicolau Cavalcanti em 04/10/2012

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Macarronada Alvorada: "a Macarronada era excelente!!!"

Funcionava na esquina da Avenida Siqueira Campos com a Praça da Faculdade de Medicina. Antes de ser a Macarronada Alvorada, o local passou por vários donos e nomes diferentes. Se não estou enganado, chegou inclusive a ser uma boate com o nome de :"Boate Casa Blanca" e funcionava na casa onde hoje serve de apoio para a Macarronada. A cozinha e o bar. O dono era um ex garçom da Macarronada do Eureka, o Sebastião mais conhecido como Basto. Ali vivemos bons momentos da nossa juventude. A maioria já namorava, alguns já tinham casado e outros só queriam viver na boêmia. Na realidade começávamos o fim de semana, na sexta-feira à noite, na Venda de Seu Luiz, jogando "porrinha" ou mesmo o "riscadinho", jogo que só vi se jogar até hoje, lá na Venda de Seu Luiz. Consistia em um pedaço de madeira, com 25cmx25cm de tamanho aproximadamente, onde em um de seus lados se gravava os números de 01 até 25 e, pronto estava pronto o jogo. Para se jogar, cada jogador escolhia um número de 01 a 25 e guardava para si, sem que ninguém soubesse. Depois de todos os jogadores terem escolhidos os seu respectivos números em segredo, aí começava-se o jogo. O jogador que iniciava a partida pegava uma das 25 tampinhas de cerveja e colocava em cima de um dos 25 números. Se acertasse o número de um dos jogadores, esse estava fora do jogo, se não acertasse o número de ninguém, o próximo jogador escolhia mais um número e assim sucessivamente até ficar apenas um. Esse era o perdedor. Apostava-se cerveja com o "riscadinho". Seu Luiz, sempre e religiosamente às vinte e duas horas, fechava o seu estabelecimento. Aliás, ele começava a expulsar a turma mais cedo. Saíamos da Venda e íamos para a Macarronada Alvorada, quando não tínhamos outra opção mais interessante. Ficava próximo da Venda do Seu Luiz e íamos andando e bagunçando até chegar no Alvorada. Lá a turma se reunia e a "porrinha" continuava até altas horas, quando, pra fechar com “chave de ouro”, a nossa farra, saboreávamos aquela deliciosa macarronada que podia ser a bolonhesa, leitão ou outra qualquer, do cardápio. Dependia do "tutu" que tinha sobrado da farra.
Íamos também aos sábados à tarde, conversar "miolo de pote". Como sempre, a "porrinha" não podia faltar. Aproveitavamos também para curtir uma boa música, já que no local, no início da Macarronada, tinha uma máquina importada, novidade na época, que funcionava com fichas vendidas no local. Eu e o meu amigo Zezinho, íamos aos sábados curtir musicas internacionais. A máquina tinha vários compactos simples com os maiores sucessos da época e, onde podíamos escolher a música através de um painel. Lembro que tinha Roberto Carlos, Fevers, Nazareth, Scorpions, Beatles e muitos outros. Ao colocar a ficha no local indicado, e escolher a música da vez, a máquina fazia com que o compacto se deslocasse e a música escolhida fosse tocada. Às vezes íamos lá só para tomar uma cerveja para "lavar a prensa" e comer uma macarronada. Normalmente no final de alguma farra.
Frequentamos muito o Alvorada e ainda hoje, várias pessoas da turma ainda freqüentam. O Basto, se não estou enganado, faleceu. Um freqüentador assíduo era o famoso Manela, uma pessoa muito legal que fazia parte da velha guarda da nossa turma e que morava praticamente vizinho a Macarronada e, que gostava de tomar seu uísque por lá.
Muitas vezes saíamos de lá e os primeiros raios de sol já começavam a aparecer. Antes de Irmos embora, como já falei, devorávamos um suculento prato de Macarronada à bolonhesa ou de leitão e depois, íamos pra casa dormir. Eu pegava o meus fosquinha 1972, de cor amarela e ia com muito cuidado para casa, uma vez que saía da Macarronada "triscado" e, muitas vezes, quando acordava, não sabia nem como tinha chegado em casa. Era muito bom! Lá era um dos pontos de encontro da nossa turma. Sempre tinha alguém por lá, principalmente à noite. O local ainda existe, com novo nome e com uma nova administração. Quem gostava de organizar reuniões de final de ano para juntar a turma mais antiga, era o nosso amigo Petrúcio Veras. Participei de vários desses encontros.

Nicolau Cavalcanti em 28/092012

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Saudades: "quem não tem? Eu sou um eterno saudosista!!!"

Encontrei postado no Facebook recentemente, um texto, ou parte de um texto ou algo parecido, escrito pela romancista Clarice Lispector e, creio eu, resume todo o meu sentimento pelas coisas antigas, dos momentos felizes que junto com a minha turma de "aborrescentes", da Esquina de Dona Amélia, vivênciamos e curtimos, na pura essência da palavra "viver".

"Saudades...sinto saudades de tudo que marcou a minha vida. Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades... Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei... Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito! Daqueles que não tiveram como me dizer adeus; ... Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade. Quantas vezes tenho vontade de encontrar, não sei o que... Não sei onde... Para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi..."

(Clarice Lispector)

Nicolau Cavalcanti em 28/09/2012