sábado, 13 de outubro de 2012

Banho de bica na Usina Roçadinho: "que vergonha em Nicolau! Que nada! Foi bom demais!!!

Mais uma história muito interessante, tendo como protagonista, mais uma vez, a minha ilustríssima pessoa. Sabe gente! Tem coisas que a gente escuta, ver, acha graça e nem passa pela nossa cabeça que tal fato pode acontecer com qualquer um de nós. Foi exatamente o que aconteceu comigo.
O meu amigo Abelardo Almeida, voltando de São Paulo para sua terra, já casado com a Márcia nos anos 80 e com trabalho garantido na Usina Roçadinho, em São Miguel dos Campos, como supervisor de produção de açúcar e álcool. Foi contratado com direito a algumas vantagens, dentre elas uma ótima casa próxima a Usina tendo inclusive um excelente banho de bica. Um riacho represado e a água caindo de dois tubos de 100 mm dentro de um tanque, uma espécie de piscina de cimento de aproximadamente 3,00mx3,00m e com aproximadamente 1,40m de profundidade, era realmente o lugar ideal para fazer uma boa farra. Era período de entre safra e se poderia aproveitar mais o local. Na foto abaixo, as famosas bicas e a piscina. Eu Niel/Nicolau na parte de cima e o meu amigo Abelardo embaixo. No fundo, um banco em concreto que servia também como mesa. Era uma maravilha de lugar. Só vendo pra crê!Hum! Maravilhoso!

O nosso amigo Abelardo, nos prometeu que convidaria a gente para passar um fim de semana em sua casa, para curtirmos uma boa música e desfrutar, lógico, da beleza do local. era um banho excelente! Curava qualquer ressaca!
A Fatima, minha esposa estava grávida da nossa primeira filha e não podíamos demorar muito para fazer essa visita, se não teríamos de adiar por um bom tempo a nossa ida. Não demorou muito para o Abelardo nos ligar confirmando uma possível data para a nossa visita. Checamos se a data estava livre e, como não tínhamos nada para fazer, de imediatamente confirmamos a nossa ida. Ele também adiantou que tinha convidado o Zezinho e sua esposa Cida como também o Romildo e sua esposa Ceiça, irmã do nosso amigo Zezinho. Disse também que a turma só iria no domingo e voltaríamos juntos pra Maceió.
Ficamos ansiosos para que chegasse o fim de semana para mudar um pouco a nossa rotina e respirar outros ares. Na realidade iríamos no sábado, pela manhã passaríamos o dia, dormiríamos lá e a brincadeira com a turma seria no domingo. Passaríamos o dia e no final da tarde, voltaríamos.
Na época tinha um fusca 72, amarelo e que era a minha única preocupação. Bastante rodado e vinha apresentando, alguns problemas no motor ultimamente. Na época, o irmão da Fatima tinha um Corcel LDO e, resolvi falar com ele para me emprestar no final de semana. Ele aceitou sem problema. O fim de semana estava chegando e na sexta-feira já estávamos com tudo pronto: mala pronta, principalmente os apetrechos da Fatima por está grávida, Corcel LDO abastecido, só restava esperar o sábado amanhecer. Quase não dormi, ansioso para que o sábado chegasse logo.
Amanheceu um dia lindo! O sol com os seus raios quentes de verão, já começava a esquentar a manhã. Arrumamos o resto das coisas no carro e então partimos. A viagem foi tranquila, chegamos na casa do casal Almeida, por volta das dez horas da manhã. A única coisa que perturbou, principalmente a Fatima, foi o calor.
Ao chegarmos na casa do Abelardo, os dois estavam na frente, nos aguardando. Estacionamos o nosso o Corcel embaixo de um árvore, iniciamos a retirada da bagagem do carro e antes de terminar eu já perguntei ao Abelardo, se a cerveja já estava gelada, pois a viagem tinha me deixado com muita sede! Ainda nem tinha terminado a pergunta e o Abelardo já estava com uma bem "geladinha" na mão e pedindo a Márcia, sua esposa, copos para nos servir. Não sou de virar o copo, como fazem muitos bebedores, mas dessa vez não aguentei! Além da cerveja muito gelada a sede era bem maior e de uma só virada tomei todo o copo. Doeu até a garganta de tão gelada que estava a cerveja!
Bem! Nos acomodamos em nosso quarto e fomos dar uma volta na casa para conhecer os seus aposentos como também conhecer a tão falada bica.
A casa era muito boa. Eram casas construídas para hospedar gerentes e responsáveis pela produção da Usina. A casa tinha uma área lateral coberta, muito boa, com uma mesa daquela de interior, de madeira rústica, com dois bancos laterais que iam de uma cabeceira a outra. Dava para acomodar umas dez pessoas tranquilamente. E o bom! Ficava ao lado das bicas e da piscina que na realidade, como já falei anteriormente, era um tanque de cimento e acumulava a água que caía da bica. A água era corrente, caía pela bica na piscina e saía por uma espécie de ladrão na parte superior da piscina e ia alimentar uma outra bica, na casa vizinha. De lá seguia seu rumo natural. Na foto abaixo, detalhe da área coberta e da mesa grande. Na esquerda, a Fatima minha esposa e ao lado a Márcia esposa do Abelardo. um outro detalhe importante é a bandeja ao lado da cabeça da Márcia com alguns camarões graúdos cozidos na água e sal que ainda sobreviviam, aguardando que alguém os devorassem. Tinha também um cachorro pastor alemão, que era o xodó da família.

Tomamos algumas cervejas, quando a Márcia e a Fatima nos chamaram para almoçar e saborear um delicioso peixe preparado no forno. O prato dava água na boca de tão cheiroso e bonito que estava. Sem contar com a fome que estávamos sentindo apesar das cervejas e do tira-gosto. Devoramos o almoço, com tudo que tinha direito. Só sobraram a cabeça, o rabo e as espinhas do peixe.
Após o almoço e com a "pança" cheia, resolvemos dar um cochilada para a noite está em forma para tomar mais algumas cervejas e curtirmos uma boa música, o que também não faltava por lá. e só tinha "cavernosa"! Aguardamos até as nossas esposas dar uma arrumada rápida na cozinha e na sala de jantar e fomos descansar. Aliás! Não sei se era uma cochilada ou era uma disputa para ver quem roncava mais. De um lado Eu roncava e do outro o Abelardo respondia. Era realmente, não uma disputa, mas sim, uma guerra que incomodava a todos menos a nós dois. A Fatima, não suportava e sempre estava me acordando e reclamando do barulho. Na foto abaixo, mais um detalhe da área coberta. Da esquerda para a direita: A Fatima, minha esposa, o caseiro e a Márcia, esposa do Abelardo. Muito bom!

Após uma bela cochilada, e recarregarmos as energias, estávamos prontos para encarar a noitada que prometia ser muito boa. Cerveja bem geladinha, camarão graúdo de água doce cozido na água com sal e algumas gotas de limão, na hora de saborear esse maravilhoso tira-gosto. Para completar essa dupla maravilhosa, nada melhor do que uma boa música. E isso o Abelardo e a Márcia tinham e de monte, conforme já mencionado. A noite realmente prometia ser das melhores.
Como ainda era cedo, fomos dar uma volta na cidade de São Miguel dos Campos e aproveitamos para comprar algumas coisas para complementar o jantar e a nossa farra de domingo. Compramos pão novinho e quentinho, mais cervejas e refrigerantes. Voltamos para casa e enquanto as mulheres preparavam o jantar ficamos conversando "miolo de pote" e relembrando as nossas aventuras quando frequentávamos a Esquina de Dona Amélia. O Abelardo falou das suas aventuras quando morava em Ribeirão Preto, principalmente quando se encontrava com o Missinho. O nosso amigo Missinho tinha terminado Medicina e estava fazendo residência médica e trabalhando em São Paulo.
Café na mesa, barriga vazia, aí começou o salve-se quem puder! Na realidade não foi isso que aconteceu. Estávamos até sem muito fome, mas a mesa estava tão sortida e colorida de guloseimas, que não resistimos. Comemos bastante. Graças a Deus!
Na época todos nós fumávamos e depois de um café reforçado daquele, nada melhor do que sentar num lugar aberto e fumar o nosso cigarro. Sentamos na área coberta ao lado da casa onde se via toda Usina, que na época estava parada em manutenção enquanto chegava a próxima safra e o início da moagem.
Era época de verão, o céu sem nuvens e o ambiente pouco iluminado mostrava realmente, o quanto era bonito, aquela imensidão de estrelas espalhas de forma aleatória onde as maiores mostravam seu esplendor diante das pequeninas, que faziam parte daquele cenário indescritível. Mas todas tinham seu lugar para brilhar.
Demoramos um bom tempo curtindo aquele local maravilhoso e logo em seguia entramos, pois as mulheres queriam assistir a novela. Fomos para a sala principal da casa. Uma sala grande onde todos os móveis eram no estilo colonial. Muito bonitos por sinal!
Enquanto as esposas assistiam a novela, iniciamos os nossos trabalhos. A cerveja estava super gelada. "Mofada", como chamávamos na época, quando a garrafa de cerveja ficava com aquela camada branca de gelo na superfície externa. O camarão nem se fala! Estava delicioso! A novela ainda não tinha terminado e a Márcia e a Fatima começaram também a beber e degustar aquele maravilhoso camarão. A novela acabou e aí começamos a ouvir música. O repertório estava muito melhor do que esperávamos. Beatles, Rod Stuart, Rolling Stones, Roberto Carlos, vários cantores da Jovem Guarda... Estávamos empolgados e a cerveja rolava sem parar. A noite estava excelente. A Fatima estava muito cansada pela viagem como também pela gravidez. As duas tomaram alguns copos e foram dormir. Eu e o nosso amigo Abelardo continuamos a farra e cada vez mais empolgados, com as nossas histórias e também pelas músicas que escolhíamos para tocar. Cada uma mais "cavernosa" do que a outra.
Já passavam e muito da meia noite e com mais de "quatro na cabeça", resolvemos dar uma parada, dormir e acordar inteiro para a grande farras no domingo. Arrumamos tudo e fomos deitar. Já no quarto, coloquei o pijama, escovei os dentes, tirei a "água do joelho", que era de lei e, pulei na cama e acredito que não demorei a dormir.
A Fatima já dormia tranquilamente e nem chamei ela para avisar que já estava indo dormir. Deixei a luz do quarto acesa para o caso de uma urgência. Rapidamente me apaguei.
Não me lembro muito bem da hora, mas de repente, fui acordado pela Fatima aos gritos: Nicolau! Nicolau! O que é que você está fazendo! Pare com isso pelo amor de Deus! Eu continuava aparentemente dormindo e não sabia o que estava se passando. Disse a Fatima depois de ter levantado e me acordado: "Nicolau! Você sabe o que você fez?" Eu sem saber de nada, respondi que nem imaginava! Então ela rindo pra se acabar disse: "Você mijou em baixo da cama!" Eu sem entender bem o que ela falava, perguntei: "como foi que eu mijei debaixo da cama?". Ela rindo e sem conseguir falar direito, respondeu: "você se levantou, o colchão, colocou a "bilunga" pra fora,  levantou a cabeça e deu uma bela de uma mijada! Estava tão sério que precisa mais "um porco mijando". Depois, baixou o colchão, balançou "a dita cuja", guardou com cuidado e deitou, como se nada tivesse acontecido". Eu, depois disso procurei um buraco de formiga para me esconder e não achei. Levantei o colchão e realmente tinha uma poça de água e eu para tirar a dúvida e confirmar que era de fato xixi, meti o dedo polegar na poça e cheirei. Aí meu coração que já estava bastante agitado, só faltou sair pela boca de tanto bater. Senti um calafrio subindo do osso do mucumbu pela espinha dorsal até a cabeça, esquentando de mais, as orelhas. Olhei para Fatima e disse: "mas Fatima! Como é que você assistiu tudo e não me acordou?". Ela disse que cansou de me chamar, mas eu não estava nem aí. Então eu muito nervoso perguntei: "o que vamos fazer para que ninguém saiba do ocorrido?". Então ela me disse: Nicolau! Não vai adiantar limpar isso agora, pois não temos nada o que passar. Enxugar simplesmente não resolve. Vamos deixar para amanhã. Logo cedo, conteremos ao Abelardo e para Márcia, pediremos o material adequado para a limpeza e, faremos o trabalho. Outra coisa: Eu estou muito cansada e não vou ter coragem de fazer nada agora. Vamos dormir! Seja o que Deus quiser!
Me deitei e, cadê dormir! Me virava de um lado para o outro, pensando como seria quando o Abelardo soubesse! O cara era um gozador e tinha certeza que não ia me dar trégua. E os amigos que iam chegar! Estava mesmo lascado!
Pensei! Pensei! Até que dormi. Me acordei, a Fatima me chamando. Quando abri os olhos o primeiro pensamento, foi o da mijada. Trocamos de roupa e fomos encontrar o casal Almeida. A Fatima não fez arrodeios e foi logo contando tudo, pedindo o material para fazer a limpeza do local e acabar de uma vez por todas com aquela novela que estava me deixando doido.
Quando a Fatima terminou de contar a história, tentando mostrar que tudo não passou de uma fatalidade, o Abelardo achou toda aquela história muito gozada e já começou a tirar "sarro" com a minha cara. Eu sempre fui um cara que nunca soube encarar esses tipos de brincadeiras, numa boa! Estava muito mal e pedindo a Deus que o dia passasse logo, para me mandar dali. Tomamos café, relaxei um pouco e fomos preparar juntos, eu e o Abelardo, as coisas para quando a turma, que já estava a caminho, chegasse. Tudo pronto e enquanto esperávamos a turma começamos a tomar uma cerveja. Eu, Fatima, Márcia e o Abelardo. A bica já estava funcionando. A água da piscina estava no ponto. A churrasqueira só faltava acender o fogo, mas também já estava com o carvão, pronta para atear fogo e preparar aquele churrasco. Quem estava responsável pela churrasqueira, era o caseiro que cuidava da área externa da casa e da bica. Na foto abaixo, na esquerda o caseiro, que infelizmente não recordo o seu nome, no centro eu Niel e a direita o Abelardo. O caseiro era um cara muito legal.

Não demorou muito e a turma toda chegou. O Zezinho com a Cida e o Romildo com a Ceiça. Abraço pra lá, cumprimento pra cá e aí a farra realmente começou. Aproveitei o momento e disse que ia tirar a "água do joelho". Pra que que eu disse isso! O Abelardo, em voz alta falou: "o sanitário não é no quarto não! Viu Niel?" Aí começou a rir. Se virando pra turma perguntou: "sabe o que aconteceu?" O Niel... E contou toda a história para a turma. Voltei para a área onde estava a turma e tiraram o meu "couro", com uma tremenda gozação. Encarei a turma com muita tranqüilidade, tomei mais uma cerveja e fomos todos mergulhar e tomar banho de bica. Não tinha bebida que pegasse com aquela bica forte caindo sobre nossa cabeça. O Abelardo não perdia tempo, assim que entrei na piscina ele falou: "Niel! Pelo amor de Deus! Não vá mijar na piscina!
Bem! Ainda bem que as brincadeiras diminuíram e brincamos bastante durante todo o dia. Churrasco, camarão graúdo na água e sal, caju, cerveja "mofada" e "caninha" com limão, não faltaram. A boa música também não faltou! Beatles curtimos bastante! Terminamos a farra por volta das 16:00 horas. Arrumamos as nossas tralhas no carro e combinamos de tomar a saideira em São Miguel dos Campos, no Restaurante Adega da Moraria, para comer um prato muito famoso era servido lá: língua ao molho madeira. Pense num tira-gosto arretado! Tomamos algumas cervejas e degustamos alguns pratos do delicioso "tira" e resolvemos parar, pois ainda tínhamos de encarar a volta pra casa dirigindo. Nos despedimos do casal Marcia e Abelardo, eu pedindo desculpas pelo ocorrido e já estávamos no carro, quando o Abelardo em voz alta, falou: "Niel, cuidado quando for fazer xixi! cama não é sanitário!!! E caiu na risada. Apesar do tudo que aconteceu comigo e da gozação de todos, o fim de semana foi excelente. Valeu a pena! A bica e a casa do Abelardo eram maravilhosas! Sentimos muitas saudades eu e Fatima, quando por algum motivo, lembramos daquela viagem e daquele fim de semana.

Nicolau Cavalcanti em 13/10/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário