quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Bar do Seu Pedro: Faltava o principal: a cerveja geladinha!!!

Funcionava na Praça do Pirulito, no início dos anos 80, ao lado dos trilhos do trem, quase em frente à Rua Xavier de Brito e a casa do Abelardo Almeida, nosso amigo da turma da Esquina de Dona Amélia. Era um local pequeno e estreito e, se não estou enganado, era uma garagem nos fundos de uma casa da Rua Santa Maria. Tinha uma cozinha improvisada e um pequeno banheiro. O forro era de esteira envernizada e a iluminação muito fraca, mas um ambiente legal e dava pra tomar uma cerveja, na boa!
Seu Pedro, o dono do Bar, vendia uma cerveja e tomava uma grade. Por traz do pequeno balcão que existia onde atendia os clientes, tinha sempre uma cerveja aberta e a gente só via o levantamento de copo que ele fazia pra tomar um gole da "loira suada". Era realmente uma grande figura. Morava com a família em uma casa de frente a Praça da Faculdade, e sua esposa, uma Senhora baixa gorda e bem clara, não via a gente com bons olhos, uma vez que dizia que Seu Pedro bebia devido a nossa má companhia. Claro que isso não era verdade.
Seu Pedro era aposentado e para não ficar parado e no sentido de complementar a renda familiar, foi por muitos anos motorista de táxi. Lamentavelmente sofreu um grave acidente, por conta exatamente da bebida, onde perdeu um olho e ficou com outras sequelas, principalmente no rosto, que não permitiram mais que ele voltasse a dirigir o seu táxi. Passou por uma fase muito difícil, durante o longo período de sua recuperação, mas graças a Deus ficou de certa forma, recuperado. Com o passar do tempo voltou a beber e foi aí quando ele resolveu abrir o bar. Era mais um passa tempo. Durou muito pouco tempo, lógico, pelo consumo excessivo de cerveja do dono, como também pela falta de clientes. Várias vezes quando chegávamos para tomar uma cerveja, estava faltando o principal: A cerveja! Lamentavelmente o bar não vingou. Eu sempre dava uma passadinha por lá. Normalmente sexta-feira à noite, para tomar uma geladinha, pois apesar de tudo, lá também tinha o famoso prego, o que contribuiu também para o fechamento do Bar. Muitos clientes não pagavam os seus "pregos". Mas eu tinha crédito na casa, sempre pagava certinho.
Lembro que certa vez, estava bebendo lá no Bar do Seu Perdo, quando de repente chegou o Ronaldo Lessa e mais umas três pessoas. Ronaldo Lessa se apresentou como candidato a uma das vagas na Assembléia Legislativa e falou de suas propostas políticas, visando o desenvolvimento do nosso Estado. Creio que era a sua primeira tentativa para ingressar na política.
Algumas vezes, levei para tomar uma cerveja no Bar, o Napoleão, mais conhecido como Napoleãozinho, filho do Seu Napoleão Barbosa, e que trabalhava comigo na Federação das Indústrias. Gostava muito de caçar com a sua turma.
Na realidade ele é meu parente, pois o Seu pai o Seu Napoleão era sobrinho legítimo de meu avô por parte de pai, o Velho Nicolau. Seu roby era a caça com espingarda e sempre que ia caçar voltava com a mala do carro cheia de nambu e outras aves abatidas pras bandas de Penedo, onde essas aves eram encontrados em abundância, devido as grandes plantações de arroz. As aves já vinham tratadas e prontas para ir pra panela. Aliás, era realmente o que o Napoleãozinho gostava fazer: caçar, tomar cerveja, tocar no “Cuca Samba”, conjunto de samba que existia na época e namorar. Como todos nós, jovens, na época.
Seu Pedro dava uma de cozinheiro e temperava e fritava algumas aves na hora e aí bebíamos bastante e saboreávamos aquele tira-gosto diferente. Lembro que as aves tinham a carne escura e muito dura e borrachuda! Mas era um tira-gosto muito gostoso, apesar do péssimo tempero do Seu Pedro. Eram poucas as pessoas da turma que freqüentavam o local. Acredito que eu, o Expedito, o Júlio "Mamão", o Petrúcio Veras e outras pessoas mais antigos da turma que frequentavam o local, no sentido de dar uma força ao Seu Pedro.
Seu Pedro fechou o Bar pelo prejuízo que tinha diariamente. Pouco clientes, muitos devedores e o seu alto consumo de cerveja. Era uma pessoa muito legal mas o acidente que sofreu, deixou ele muito triste com a vida por mais que tentasse superar os problemas causados pelas sequelas deixadas pelo acidente, principalmente no seu rosto. Seu Pedro faleceu, não me lembro quando, mas deixou o seu legado. Se não estou enganado, tinha três filhas, bem criadas e a família permaneceu morando na Praça da Faculdade por um bom tempo.

Nicolau Cavalcanti em 09/10/2012

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