sábado, 8 de fevereiro de 2014

Uma barata, um escorpião ou simplesmente ilusão?!?!?...

Sabe gente! Depois que sofri um AVC, em 2009, como já é do conhecimento de todos, várias histórias e fatos no mínimo hilários aconteceram comigo. Essa história que vou tentar contar abaixo é muito interessante. Porque não dizer sem pé nem cabeça.
Estava eu e minha esposa Fatima já deitados. Na realidade a Fatima deitada rezando e eu como sempre costumo fazer antes de dormir assistindo TV, acessando o tablet ou algumas vezes lendo. A Fatima como de costume pegava no terço deitava e dormia. Eu de vez em quando mexia com ela dizendo que ela leva um bom tempo para terminar de rezar o terço. Na minha humilde avaliação e observância era uma Ave Maria por noite. Ela detesta ouvir isso e diz que reza o terço todinho. Nesse dia lembro-me muito bem que estava acessando o meu tablet.
Já passava das 23 horas e eu empolgado com as notícias que lia, não estava nem aí pra vida. Mas de repente senti alguma coisa estranha se mexendo na minha perna perto do short do meu pijama. Do jeito que tenho pavor de barata foi a primeira coisa que me passou pela mente. Eu assustado pensei: meu Deus! Será que é uma maldita de uma barata? Se for, tô lascado! Continuei a ler e mais uma vez senti algo mexendo. Só que dessa vez me parecia mexendo dentro do meu short do pijama. Foi o suficiente para a adrenalina aumentar e meu coração disparar. Parei tudo e fiquei aguardando se o tal corpo estranho se mexia novamente. Senti mais uma vez aquele diabo se mexendo. Concentrado no local de onde sentia mexer o tal negócio e com um rápido movimento da mão esquerda, presumivelmente consegui segura-lo ou segura-la!!! Muito nervoso e quase se poder falar direito chamei a minha esposa Fatima. Ela, coitada, que já estava ressonando, acordou assustada com o terço na mão e eu com a voz embolada, sem saber o que se passava nos arredores do meu “boga” falei: Fatima me ajude! Alguma coisa estranha entrou no meu short do pijama. Acredito que consegui pega-la, mas estou numa posição muito ruim e acho que se demorar muito não vou poder segura-la. Estou escorregando da cama e minha mão, está já soltando essa porra!!! Corra! Venha logo!
A coitada da Fatima a princípio ficou sem saber o que estava acontecendo. Eu depois do AVC fiquei com a voz muito embolada e quando fico nervoso não sai nada. Parece até que tem alguma “coisa estranha” dentro dela. Mas quando ela me viu aperreado, não titubeou, levantou e correu pra me ajudar. Enquanto isso eu continuava escorregando da cama e não tinha como evitar, pois escorregava pelo lado do corpo afetado pelo AVC. E o pior, estava com o tablet no colo. Qualquer movimento ou derrubava o tablet ou então soltava aquele “não sei o que”. Enquanto tudo isso acontecia, o danado continuava a se mexer na minha mão e eu sentia que eu não iria segurar por muito tempo. A Fatima estava de mão atadas. Retirou o tablet no meu colo e apenas me ajudava a me manter sentado na cama. A minha posição estava ficando muito incômoda porque apesar da ajuda da Fatima eu continuava escorregando. Na minha mão o bicho não dava trégua.
Então resolvi me levantar e tirar o pijama com a ajuda da Fatima. Apoiei o meu pé direito no chão, o do lado do AVC. A Fatima ficou só na retaguarda esperando para que depois do impulso me segurasse para que ficasse de pé.
Tudo certo...: um... dois... três... já!!! Aí quando dei o impulso para me levantar o meu pé escorregou e pra não cair abri a mão que segurava o tal negócio e ao mesmo tempo pedia socorro pra Fatima tentando me desvencilhar do short do pijama. Dessa vez com muito medo de uma reação maldosa do “cheira peido”. Deitei-me na cama já que não pude me levantar e ao mesmo tempo tentava tirar o short do pijama com a ajuda da Fatima, com medo de perder aquele intruso e também para saber o que realmente era. Respirei fundo, pois tínhamos conseguido tirar a short do pijama e por incrível que pareça estava bastante cansado. Claro, as sequelas do AVC exigiam de mim um maior esforço.
Mesmo assim não perdi tempo. Levantei-me rápido, bati a cueca e os lençóis para ver se tinha alguma coisa estranha, mas nada apareceu. A Fatima bateu bastante o short do pijama, mas nada do tal do maldito bicho aparecer. Aí me perguntei: Meu Deus será que estou ficando doido?
Depois de um bom tempo revirando tudo, chegamos à conclusão que não havia porra de bicho nenhum. Eu não sabia o que dizer pra Fatima, que nessa altura já estava “P” da vida comigo. Eu pensava comigo mesmo se estava ficando: o que será que a Fatima está pensando de mim?
Acalmados os ânimos, resolvemos nos aquietar e mais uma vez deitarmos. Tudo bem, tudo legal, missão aparentemente cumprida, sem descobri nada, coloquei a bermuda do pijama, dessa vez tendo bastante cuidado de observar se estava tudo ok. Fiz uma última checagem nos lençóis e em tudo que havia em cima da cama. A Fatima perguntou se estava tudo ok e se já poderia deitar. Eu muito chateado por tê-la feito acordar não poderia responder outra coisa a não ser um sim.
Bem, a Fatima mais uma vez se acomodou no seu lugar e eu continuei acessando o meu tablet e assistindo TV. Passado algum tempo senti mais uma vez a mesma sensação de que algo estava se mexendo no mesmo lugar que antes. Aí para não perder muito tempo, chamei mais uma vez a coitada da minha querida esposa, que em função do trabalho diário já estava mais uma vez dormindo. Ela abriu os olhos olhou para mim e perguntou: o que foi dessa vez Nicolau? E eu te falei: o bicho voltou! O danado do bicho voltou. Dessa vez enquanto ela se levantava eu consegui tirar o tablet do meu colo e fiquei no aguardo para dar um bote certeiro e segurar aquele que nos meus quase 40 anos de casado, surgiu de repente, tentando abalar o nosso relacionamento.
O bicho era tão desaforado que não precisei nem terminar de pensar e o danado mais uma vez se mexeu. Eu como um gato caçando um rato dei um bote certeiro e consegui mais uma vez segurar a presa. Dessa vez, mais tranquilo e consciente.
Agora o esquema era diferente. Como estava bem acomodado, iria ficar de pé e depois abrir a mão para descobrir ele o impostor, o meliante, o “cheira pinta” pra não dizer o contrário! Tudo isso é claro com a ajuda da minha esposa Fatima. Consegui ficar de pé e com a mão fechada segurando o bicho pelo short. Fiquei então numa posição onde poderia abrir a mão e caso fosse necessário a Fatima agiria para mandar o tal intrometido para o “cafundó do Juda”.
Com muito cuidado fui abrindo a mão devagar e à medida que abria a mão, para nossa surpresa não aparecia nenhum sinal do maldito animal. “Nadica de nada”! Nem a cabecinha! Já puto da vida, resolvi abrir toda a mão, acontecesse o que acontecesse. Nem sangue tinha circulando na palma da mão de tanta força que fiz. Apenas a costura lateral da cueca que estava usando estava exposta.
Depois de tudo isso a Fatima só não me chamou de bonito, mas o resto, o que vinha na sua cabeça ela detonava. Depois de um minucioso estudo cheguei à conclusão que o que realmente acontecera foi a maldita costura lateral da cueca que eu tinha segurado. Testei inclusive e pra minha tranquilidade e a loucura da Fatima foi realmente ela a danada da costura que causou tanto alvoroço naquela noite. Fomos dormir era mais de meia noite, mas dessa vez sem problemas.

Nicolau Cavalcanti em 08/02/2014