quarta-feira, 30 de abril de 2014

A Macarronada do Edson. Impossível não lembrar!!!

A famosa Macarronada do Edson ficava localizada na Rua Dr. Baltazar de Mendonça, no Bairro de Ponta Grossa, em frente a um barzinho muito frequentado pelo pessoal da redondeza e outras muitas pessoas que gostavam de saborear um suculento prato de mocotó. Era conhecido como Mocotó do Coruripe. 
A Macarronada como o nome já dizia tinha como dono o Sr. Edson. Pessoa muito alegre e que fazia questão de estar sempre conversando com seus clientes, dando sugestões sobre suas macarronadas, como também procurando saber se estavam gostando do atendimento e dos vários pratos que eram servidos lá. Gostava muito brincar com seus clientes sempre que tinha oportunidade, pois, só vivia correndo de um lado para outro resolvendo tudo, inclusive servindo. Fazia questão de ir de mesa em mesa.
Com relação as macarronadas, eu particularmente gostava de todas. Tinha preferência por três sabores: Bolonhesa, leitão e camarão. Mas de todas as macarronadas, eu gostava mesmo era a de camarão. Era uma macarronada maravilhosa! Deliciosa! Era servida numa travessa pelas bordas de macarrão com um delicioso molho de tomate e acompanhada de uma outra travessa menor, porém funda, cheia daquele maravilhoso molho de camarão. Esse sim, era o principal ingrediente da Macarronada. O sabor do molho de camarão era indescritível. Esse prato dava para duas pessoas que gostavam de comer bem, se empanturrarem e ainda sobrava. Aliás, todos os pratos eram bem recheados. É de dar água na boca só de pensar!
Antes de traçar uma dessas macarronadas tomávamos aquela cervejinha bem gelada. "Véu de noiva" ou "mofada", como se dizia na época, com um tira de bifes de lombo de porco bem fritos acompanhados de rodelas de tomate e cebola. Fazíamos então a festa!
Aliás! Falar em "mofada" essa palavra na época tinha duplo sentido. Quando se dizia "vou tomar uma mofada" o sentido era "vou tomar uma cerveja bem gelada. Mas quando se dizia "vou dar uma mofada", a coisa mudava de sentido.
Certa vez, levei minha esposa e alguns casais amigos para conhecer a Macarronada do Edson e saborear os deliciosos pratos. Era um local muito frequentado por pessoas granfinas da época, apesar de ser um local muito simples e de sua localização um pouco afastada. Nós que não tínhamos nada de granfinos, estávamos sempre lá dando uma de... Era comum encontrar políticos e outras autoridades por lá.
Não sei o que realmente aconteceu com o Sr. Edson. Não sei se adoeceu em função de algum problema realmente de saúde ou se preocupado com as coisas que não estavam dando certo em função de várias novas opções que surgiram na época, e fez com que a Macarronada não tenha sido mais frequentada como antes. Soube que ele andava muito preocupado com a queda muito grande de sua clientela. Eu, como sempre fui saudosista e gostava de frequentar locais como esse, simples mas que serviam e atendiam bem aos seus clientes, sempre que podia estava por lá. Mas mesmo assim tinha também diminuído a frequência.
Pelo que soube o Sr. Edson estava muito endividado. Certo dia soube também que lamentavelmente ele num ato extremo, tinha tirado a sua própria vida. Se suicidado. Fiquei muito triste com a notícia, mas só pude lamentar e com certeza sentir a falta da pessoa maravilhosa do Sr. Edson e da sua Macarronada.
Soube depois que a sua família tentou tocar o negócio, mas me parece que não deu certo. É Muito lamentável. Ficou em mim as boas lembranças da época que frequentei a Macarronada.

Nicolau Cavalcanti em 28 de abril de 2014

segunda-feira, 28 de abril de 2014

A vida tem dessas coisas!!!

Sabe minha gente, depois que tive o primeiro AVC em setembro de 2009, vinha tentando manter uma vida mais regrada procurando evitar que no decorrer do período da minha recuperação não fosse surpreendido por mais um AVC. Já tinha o lado direito do meu corpo com várias sequelas e fazia regime, fisioterapia e academia no mínimo três vezes na semana sem contar uma boa nadada na piscina diariamente. Claro que não sou de ferro e algumas vezes saia do regime, mas só em datas merecidas. Exames e idas regularmente ao médico também faziam parte dessa rotina.
Um certo dia ou melhor, mais precisamente no dia 14 de fevereiro de 2014, acordei com alguma dificuldade para levantar da cama, mas com um esforço maior do que o normal consegui me levantar. Passei mais de uma semana sem fazer atividades físicas em função do meu Personal, pessoa que me acompanhava na academia, solicitar alguns dias de folga para estudar, já que iria participar de um concurso. Associei essa dificuldade de me levantar em função de ter passado esses dias parado. Voltei para academia numa terça-feira e continuei até sexta-feira dessa mesma semana. Só que durante toda a semana continuava a me sentir cansado e dependendo do local onde sentava tinha dificuldades para me levantar.
Na sexta-feira, segui o roteiro diário das atividades. Fui para academia, iniciei os exercícios, mas sempre me sentindo cansado. Como estava controlando os batimentos cardíacos não me preocupei, pois estavam sempre, muito abaixo do limite. Continuei a fazer exercícios e durante um desses exercícios em que fazia normalmente, não consegui me levantar, após terminar. Tive de pedir ajuda para o meu Personal. Continuei me sentindo cansado mas mesmo assim insisti em terminar a bateria de exercícios para aquele dia.
Terminado os exercícios fiz alguns alongamentos e subi por uma pequena escada para esperar táxi, bem sentado na sala de espera da academia. Demorei um pouco para descansar e logo depois tentei me levantar e tive muita dificuldade, mas com muito esforço me levantei. Não me passou nem um pouco pela cabeça que alguma coisa de errado estava para acontecer. Caminhei até a porta, me despedi como era de costume, do pessoal da portaria e segui em direção ao táxi que já me aguardava lá fora.
Chegando em casa minha esposa me aguardava na porta e me ajudou a entrar. Fui direto para o banheiro tomar aquele tradicional banho. Antes dei uma sentadinha num banco para tirar a roupa e quando tentei me levantar a situação havia piorado muito e fiquei preocupado, mas mesmo assim consegui me levantar e tomar banho. Ainda não tinha percebido o perigo eminente. Tomei aquele banho maravilhoso, do jeito que eu sempre tomo. O AVC que tive me deixou com algumas sequelas do lado direto do meu corpo que limitam alguns dos meus movimentos. Para trocar de roupa eu preciso fazer isso sentado e foi o que fiz. Me sentei no banco que tenho no banheiro e quando tentei me levantar não consegui. A minha perna de apoio, a esquerda, estava perdendo a força. A minha mão e braço esquerdo também. Tentei a todo custo me levantar mas a força do meu lado esquerdo estava acabando rapidamente. Esboçava o movimento, mas não conseguia executar. O lado direito que já tinha sido afetado no primeiro AVC também estava ficando mais comprometido, sem o mínimo de força para me apoiar. Foi aí que me dei conta que estava sofrendo um novo AVC. Sem tentar mais me levantar, com medo de cair e me machucar, chamei minha esposa Fatima. Quando ela chegou na porta do banheiro eu então falei: Fatima, não consigo me levantar! Ela então já assustada disse: tenha calma Nicolau, vamos tentar nós dois juntos! Tentamos, tentamos, mas não conseguimos. Agora eu tinha caído na real, tinha perdido a força nas perna. Não conseguia ficar em pé. Muito nervoso não me contive e chorei pra caramba. A minha filha mais nova estava em casa e com muito esforço me levaram até a cama. Me sentei enquanto minha a Fatima ligava pra minha Neurologista, que pediu para me levar a uma unidade de emergência de imediato.
Fomos para o Hospital Arthur Ramos, próximo de casa, onde fui atendido imediatamente. Fiz alguns exames mas nada ficou constatado. Passamos o resultado para minha Neurologista, e ela pediu para me ver no dia seguinte para ver o meu estado físico e fazer alguns testes para comprovar se era realmente um outro AVC. Todos os exames realizados não acusaram nada. diante dos resultados fui liberado para voltar para casa.
No outro dia fomos ao consultório da minha Neurologista, que logo ao me ver sentiu que alguma coisa estava diferente. Após alguns testes físicos, ela constatou que realmente se tratava de um novo AVC, de proporções menores que o anterior. Fiz mais alguns exames e nada ficou constatado, inclusive uma ressonância magnética.
Pra mim e para minha família foi realmente uma notícia que trouxe um grande impacto. Jamais esperávamos mais um AVC já que estava fazendo tudo certo, conforme já citado anteriormente. Para mim foi horrível. Pensava muito nos meus familiares já que tinha ficado quase 100% depende deles. Minha esposa Fatima comprou duas cadeiras de rodas. Uma para me deslocar e outra para banho e para eu fazer minhas necessidades fisiológicas. Perdi a força dos braços e pernas e não conseguia ficar de pé nem movimentar os meus braços como antes. A minha voz ficou mais embolada e as minhas mãos não seguravam mais nada.
Mais uma vez tive de começar tudo novamente. Fisioterapia, Fono e Terapia Ocupacional diariamente. Graças ao trabalho dedicado dos profissionais que cuidam de mim, uma semana depois já estava bem melhor. Quinze depois já estava praticamente independente. Fazia tudo praticamente só. Comecei a dar os primeiros passos, claro com a ajuda de uma bengala. Minha esposa Fatima voltou a trabalhar e eu aboli mais uma vez a cadeira de rodas. A outra ainda estou utilizando. Algumas quedas aconteceram nesse período mas nada de grave. Apenas susto!
A vida continua e eu não perdi a esperança de voltar a dirigir, coisa que mais gostava de fazer. Alguns dias antes de sofrer esse último AVC, já estava me programando para fazer uma avaliação com uma junta médica do DETRAN para ver se tinha condições de voltar a dirigir. Essa vou ter que adiar por algum tempo. Quero também voltar a fazer academia coisa que eu adorava, principalmente fazer esteira. Mas tudo no seu devido tempo.

Nicolau Cavalcanti em 27 de abril de 2014