terça-feira, 28 de agosto de 2012

A grande descoberta: depois de mais 50 anos! Descobrimos o paradeiro do nosso Pai!!!

Sabe! Não sei o que me deu na cabeça, mas de repente me lembrei dos meus queridos pais e resolvi escrever algumas linhas sobre tudo que me lembro sobre eles. A história da minha pequena família não sei direito nem o início, nem o meio e, muito menos, o fim! Só sei o seguinte: quando tomei pé da situação, isto é, quando comecei a entender as coisas, soube que estava sendo criado pelos meus avós paternos. Eu e minhas irmãs.
Bem! Meus avós paternos eram: Nicolau Cavalcanti e Silva(Vovô Lalau) e Maria Madalena lindoso Cavalcanti(Vovó Liquinha), a sua segunda esposa. A primeira, não chegamos a conhecê-la e se chamava Maria Pessoa Cavalcanti e até hoje não se sabe do seu paradeiro. Só sei que era muito nova, a metade da idade do meu avô e era descendente de índios. Meu Avô trabalhou pras bandas do Amazonas, como seringueiro e foi por lá que a descobriu. Os meus Avós maternos eram: Elpídio Teles Machado(Vovô Pipipa) e a sua esposa se chamava Maria Teles Machado, cujo paradeiro e o que tinha acontecido com ela, na época. Todos já falecidos.e eu e minhas irmãs.
Meus avôs tanto por parte de pai como por parte de mãe, eram criaturas muito rígidas em se tratando de criação. Isso influenciou muito a criação dos seus filhos e também da nossa criação, seus netos.
Meu avô Nicolau, do primeiro casamento teve três filhos: meu pai Rubem, meu tio Antonio e minha tia Desdemona. A sua primeira esposa se casou posteriormente e teve mais um ou dois filhos, que infelizmente, não sei os seus nomes, se estão vivos e onde moram. Sua primeira esposa deixou meu avô, por não suportar a vida que ele imponha para ela. Segundo pessoas da sua época, ele era muito ciumento. Tenho até hoje a curiosidade de ainda encontra-los, nem que sejam os seus descendentes. Meu avô Elpidio, só tinha uma filha, minha querida mãe Maria Liberata Machado. Ele morava com sua mãe, Dona Ana Teles e uma tia Maria. Confesso que até hoje, não sei os nomes completos delas.
O meu tio Antonio Pessoa, o tio Tonico, como era chamado, era formado em Engenharia Civil e era o xodó do seu pai Nicolau. Meu pai era, segundo os mais velhos, um verdadeiro boêmio. Só queria "curtir" a vida. Meu avô era totalmente contra a vida que meu pai levava. Minha tia Desdemona, era uma mulher cujas idéias, na época, eram muito avançadas e não aceitava o tipo de criação imposta por meu avô Nicolau. Resumindo: meu tio Antonio casou com a minha tia Maria Aparecida Coutinho Cavalcanti e, viveram muito bem. Tiveram dois filhos, Ricardo e Angela, nossos primos. Meu tio já faleceu mas, a nossa tia Aparecida, graças a Deus, continua viva. Minha tia Desdemona, contrariando o desejo do seu pai, viveu uma grande história de amor, sendo inclusive notícia na primeira página de um jornal local da época. Conheceu um engenheiro elétrico inglês, que veio a Maceió resolver um problema na rede elétrica na cidade, uma vez que, na época toda a energia de Maceió era administrada por uma empresa inglesa e, fugiu com ele para Inglaterra quando ele concluiu o seu trabalho. Meu avô, quase morreu com a notícia e nunca aceitou a sua reconciliação, muito embora a minha tia Dezinha, como era chamada pela família, tenha tentado por diversas vezes. Morreu e nunca aceitou. Desse lindo amor nasceram dois filhos: o Anthony e o Willian, que moram atualmente em cidades distintas, na Inglaterra, com suas famílias. Estiveram aqui em Maceió a alguns anos atrás e tivemos o prazer de conhecê-los. Fizemos uma boa farra aqui em casa e eles assim como nós, adoramos nos conhecermos. A sua mãe já faleceu e seu pai, que só conheço pelo apelido de "Velho Bill", ainda está vivo e mora com o seu filho Anthony.
Meu pai, casou contrariando a vontade do meu avô. Ouvimos por várias vezes do nosso avô, que quando meu pai chegou pra ele informando da sua intenção de casar, ele, meu avô, dizia: "Rubem! Você não tem condições de sustentar uma galinha, quanto mais de casar!". Mesmo assim meu pai casou com seu grande amor, a nossa querida mãe Maria Liberata e constituiu uma grande família. Nasceu a Lilian, um ano depois nasceu a Rubia e mais um ano, nasceu Eu Nicolau e minha irmã Fatima. Com o meu nascimento e da minha irmã Fatima, aconteceu uma grande tragédia: minha mãe foi acometida por um "eclampse" e faleceu no mesmo dia do nosso nascimento, 23 de outubro de 1952. Não sabemos mais detalhes sobre a sua morte, qual a idade que tinha... Da nossa querida mãe, só nos restou um retrato 3x4, branco e preto, que minha irmã Fatima, mandou ampliar e colocar em uma moldura e me presenteou. Esse retrato mostra o quanto nossa querida mãe, era tão bonita.


As informações de muitas pessoas da época, que conviveram com ela, falavam que a nossa mãe era uma pessoa muito meiga, delicada, bonita e muito educada. Amava muito o nosso pai. Com relação ao nosso pai esse sofreu muito, amava muito a nossa querida mãe e ficou realmente, totalmente perdido. Com quatro filhos para criar sem a presença fundamental da sua querida esposa e, se não bastasse, a cobrança quase que diária do seu pai, o Vovô Lalau, com razão, é claro, mostrando para ele, da grande responsabilidade que ele tinha de nos criar. Não sei por quanto tempo passou morando na casa do seus pais com nós quatro e, só soube depois que não agüentando a pressão: desapareceu! Se mandou! Ninguém sabia onde o Rubem Pessoa tinha se metido. Não sei se a causa foi a pressão ou se realmente queria aproveitar a vida longe de seus pais e de. Seus filhos. Na foto acima, eu e minhas irmãs antes e hoje.
Na época, trabalhava numa empresa como representante comercial mas, nem a empresa sabia do seu paradeiro. Se não estou enganado, enviou algumas correspondências para uma namorada que tinha arrumado após a morte de nossa mãe, cujo nome era Vanda, e que morava no Bairro do Vergel do Lago. Sua namorada, era enfermeira e trabalhava no Hospital de Pronto Socorro. As vezes passava lá na casa de nossos avós, para saber ou dar notícias do nosso pai quando conseguia. Assim mesmo incertas. Para a família, nosso pai não deu mais notícia. Ninguém sabia se ele estava vivo. Apenas pessoas amigas que, quando viajavam, diziam que tinham visto pessoas muito parecidas com o nosso pai. Surgiam sempre boatos que ele estava no Rio, em Brasília e outras cidades, mas nada de concreto com relação ao seu paradeiro.
Um certo dia, creio que já tinha os meus seis anos, ou mais um pouco, estava brincando com minhas irmãs, quando alguém bateu à porta. Morávamos nessa época, na Rua Barão de Alagoas - 320, no bairro da Levada. Corri e abri o "postigo" e um homem alto, magro, de bigode, cabelos pretos e penteado pra trás, sorrindo me perguntou: "você é o Niel?", Eu respondi que sim! Daí o homem afirmou: "Eu sou o Rubem! O seu pai!". Eu muito assustado gritei: - "Vovô! Vovó! tem um homem aqui, dizendo que é meu pai!". As minhas irmãs correram até a porta onde estava o homem dizendo que era nosso pai. Nisso chegou os nossos Avós e quando viram o tal homem, assustados perguntaram: Rubem! Você voltou? Então ele respondeu que tinha vindo fazer um visita para matar a saudade deles, dos pais e, principalmente conhecer melhor os filhos, já que quando ele foi embora éramos todos muito pequenos. Tinha vindo também para acertar com o nosso avô, uma ajuda mensal para ajudar nossos Avós na nossa criação, já que até aquele momento, todas essas despesas tinham sido exclusivamente de meu avô.
Entramos todos, ele carregava uma mala grande e, assim que sentou, chamou Eu e minhas irmãs, abriu a mala e deu a cada um de nós uma bolsa de cor roxa, cheia de bombons de chocolates e nos lados da bolsa tinha escrito alguma coisa, mas só me lembro do nome Real, era grande. Segundo o meu pai tinha sido uma cortesia da empresa aérea. Pesquisando recentemente, descobri que era a Real Transportes Aéreos.
Me lembro também que a Vanda, a sua namorada, foi bater lá em casa por várias vezes e, só deixou de ir, quando nosso pai retornou, pra onde, nunca soubemos! Para encurtar a história, nosso pai passou vários dias com a gente e foi para nós os melhores dias das nossas vidas. Apesar de não me lembrar de muitas coisas mas, uma coisa nunca saiu da minha memória: o seu semblante de surpresa ao me ver e a sua pergunta se Eu era o Niel! E a sua afirmação de que era o meu pai! Pôxa vida! Isso me marcou até hoje!
Bem! O nosso pai, como já disse, foi embora, prometendo que jamais aconteceria novamente, o que aconteceu antes: ter ido embora, desaparecido sem dar qualquer notícia de seu paradeiro. Daria notícias sobre as suas andanças pelo Brasil, sempre que pudesse. Disse inclusive que pretendia voltar para Maceió, casar com a Vanda, sua namorada e morar com ela e nós quatro. Claro! isso nós soubemos muito depois em desabafos de meu avô, quando por qualquer motivo, falávamos o nome de nosso pai.
Meu pai depois dessa vinda a Maceió, da promessa de que iria voltar e enviar uma ajuda mensal, para nosso Avô, no início até cumpriu o acordado mas, depois desapareceu por completo. Não deu mais qualquer noticia e perdemos a esperança que ele próprio havia depositado em nós. Continuamos a nossa vida, morando com os nossos avós e não tínhamos do que reclamar. Tínhamos de tudo. Não faltava nada para nós, a não ser a falta de um pai e uma mãe. O nosso avô "Pipipa", dava a sua ajuda indo todas as noites lá em casa para ensinar as tarefas da escola para nós quatro. Nos finais de semana, levava a gente para passar o dia na casa de sua mãe, dar uma volta no comércio para olhar as vitrines e, algumas vezes íamos visitar a vovó Elvira. Uma senhora que ele conhecia e chamávamos carinhosamente de vovó Elvira.
Na realidade, morávamos com os nossos avós e uma irmã de minha avó, chamada Maria Luiza, a Tia Luiza, como chamávamos. Os três se esforçavam muito para nos oferecer uma criação digna. Disso não podemos reclamar. Eram pessoas maravilhosas. Claro! Cada uma com a sua forma de ver e encarar a vida, como também de educar. A nossa avó Liquinha, era uma Santa. Sempre nos defendia quando os nossos avós, por algum motivo, queria nos bater com uma "palmatória".
Várias coisa aconteceram em nossa vidas: morreu toda a família do meu avô materno. O mesmo ocorreu com os nossos avôs paterno e da Tia Luiza. Passamos então, a morar na casa do nosso Avô materno, a única herança que erdamos de todos os nossos parentes. Graças aos ensinamentos de todos, não tivemos quaisquer dificuldades para superar mais esse desafio. Minha irmã mais velha já trabalhava e assumiu a responsabilidade de nos criar. Mais tarde eu me formei em engenharia civil, casei e a vida continuou. Minha irmã mais velha também casou e foi morar em Porto Velho. E as outras duas irmãs terminarm o segundo grau e continuam morando até hoje, na mesma casa. Cada uma teve um filho, mas não casaram.
O tempo passava e, desde a última vez que vimos nosso pai, acredito que no final dos anos 50, até por volta do meado dos anos 90, jamais tivemos qualquer notícias dele. Tínhamos a certeza de que íamos morrer sem saber do seu paradeiro. Realmente, jamais tivemos qualquer notícias do nosso pai. Perdemos as esperanças e nem mais falávamos dele e desse assunto.
Comentando certa vez com a minha esposa, sobre esse estranho desaparecimento sem uma explicação plausível, mesmo depois da morte de seu pai, pois pensávamos que esse fosse o maior impesilio para sua volta, ela então sugeriu para que nós nos inscrevêssemos num programa de TV, se não me engano, o programa do Silvio Santos, que procurava pessoas desaparecidas, atendendo a solicitação de parentes que desejavam encontrar essas pessoas. Confesso que não tive coragem de enfrentar esse desafio e, mais uma vez adiávamos esse tão sonhado encontro com o nosso pai.
No final dos anos 90, tendo procurado a Receita Federal para resolver uma pendência do nosso IR, tivemos a sorte de conhecer uma Senhora, que lamentavelmente não lembramos o mais o seu nome e que nos atendeu maravilhosamente bem resolvendo rapidinho, o nosso problema. Aproveitei esse momento para perguntar a essa senhora, se tivéssemos o nome completo de alguma pessoa, se ela teria como ver qual o Estado onde essa pessoa estava morando. Ela disse que tinha, mas... Explicamos para essa senhora qual o motivo da nossa curiosidade: 50 anos do desaparecimento do meu pai, aí ela então resolveu nos ajudar. Entrou no sistema e, digitou o nome do nosso pai. Deu uma paradinha e, com um ar de positivo, nos disse: "bem, o seu CPF, está ativo! Isso significa dizer que, a princípio ele está vivo mas, mesmo assim, não posso garantir. O seu CPF está cadastrado em Brasília".
A Fatima, minha esposa tomou a frente do caso e disse que só descansaria quando tudo tivesse resolvido e o caso totalmente esclarecido. Eu também fiquei muito curioso, pois não tínhamos notícias do nosso pai a praticamente cinqüenta anos e, de repente surgia essa possibilidade de que ele estivesse vivo, mexeu bastante com as nossas cabeças. A minha, a da minha esposa e a das minhas irmãs e parentes.
Minha esposa iniciou de imediato a busca por mais pistas. Começou ligando para Receita Federal, em Brasília e conversando com várias pessoas de lá e explicando o porque dessa busca, conseguiu convencer uma criatura que, comovida com o nosso caso, resolveu também nos ajudar. Fez a mesma pesquisa com o nome do meu pai e aí veio a primeira notícia realmente verdadeira: o meu pai morava em Taguatinga e era funcionário da Prefeitura local. Era só isso que souberam informar. A Fatima então, dando seqüência na sua busca pelo paradeiro do nosso pai, ligou então para a Prefeitura de Taguatinga, na esperança de desvendar de uma vez por todas esse mistério em torno da vida e do paradeiro do nosso pai.
Veio então a grande e triste surpresa: ele realmente morou em Taguatinga mas, já havia falecido, desde o ano de 1989. Mas também, para amenizar a nossa tristeza, soubemos então outra notícia que nos deixou comovidos e perplexo: nosso pai era casado e deixou uma família cuja esposa se chamava Maria e uma filha que, a principio era nossa irmã e cujo nome, por incrível que pareça, era o mesmo nome da nossa tia Desdemona. Com essa grande coincidência dos nomes não tínhamos mais a menor dúvida de que realmente era a família de nosso pai. O pessoal da Prefeitura de Taguatinga, tinha inclusive o endereço e o telefone da casa de minha mais nova irmã e sem problema, passaram para nós. Agradecemos a grande colaboração do pessoal da Prefeitura, pela grande ajuda que tinha nos dado, como também ligamos para a Receita Federal, tanto em Brasília como a daqui de Maceió, pois quando ligamos da primeira vez, ficaram curiosos para saber qual seria o resultado de toda essa procura. Ficaram muitos satisfeitos e desejaram boa sorte para nós. Já com tudo nas mãos: endereço, uma breve informação sobre a vida do nosso pai e o telefone da sua família em Taguatinga, era só decidirmos o que iríamos fazer.
Eu a principio não tive coragem de ligar, pois temia que causasse qualquer problema a família de minha nova irmã. Todos os amigos e parentes, insistiam para que ligássemos. Das minhas irmãs, a mais nova, era a única que estava muito curiosa para saber de tudo sobre a nossa outra família e, principalmente sobre o nosso querido pai. Afinal de contas, tínhamos uma nova mãe! De tanta curiosidade, a minha irmã resolveu então ligar. Se preparou psicologicamente e depois de muita preparação, criou coragem e então ligou! Quem atendeu foi nossa irmã Desdemona. Minha irmã Fatima começou a conversar e explicar tudo com muita calma para não criar um clima hostil com a nossa irmã. A conversa se prolongou e no final a nossa mais nova irmã ficou impressionada com tudo que tinha ouvido da minha irmã Fatima e, disse que nunca passou pela sua cabeça nem também dos seus familiares que isso pudesse ter ocorrido, uma vez que, ele nunca tinha contado que tinha sido casado anteriormente. Sim! Disse também que sua mãe já tinha falecido há poucos meses atrás. A notícia deixou todos nós muito tristes. Apesar de tudo, nossa mais nova irmã ficou muito satisfeita pois tinha ganho quatro irmãos e, que estava curiosa para conhecer todos nós. Falou também que tanto o seu pai como a sua mãe, faziam muita falta e principalmente o seu pai por ser uma pessoa maravilhosa, muito compreensiva e muito carinhosa. Era também uma pessoa muito calada e realmente tinha um olhar muito triste, como se alguma coisa lhe deixasse sempre preocupado.
Em 1998, ano da privatização das TELES eu tinha a possibilidade de conhecer minha irmã. Tinha um Seminário de Telecomunicações anual que se realizava em Brasília e eu poderia ser indicado. Não esperei ser indicado, falei com o meu gerente e ele de imediato autorizou. Agradeci muito a ele e comecei a ficar muito ansioso, a medida que o dia da viagem se aproximava.
Nesse intervalo de tempo, nossa nova irmã ligou dizendo que tinha feito uma grande descoberta: estava fazendo uma reforma em sua casa e, descobriu no sótão muitas coisa antigas do nosso pai. Fotos, documentos e um seguro em meu nome e de minhas irmãs e que estava mandando para nós, um cópia e mais alguns retratos. Disse também de estar impressionada como ele tinha conseguido guardar por tanto tempo esse segredo.
Dias depois, chegou uma correspondência de Taguatinga com algumas fotos e cópia do seguro. Ficamos todos surpresos e emocionados de ver depois de mais de 50 anos os retratos do nosso pai. Tinha retratos antigos de quando ele tinha morado do Rio, como também de fotos mais recentes, dele já morando em Brasília. Com a cópia do seguro em nossos nomes, concluímos que apesar de está longe, nosso pai jamais esqueceu de nós. Tínhamos certeza que deve ter sofrido muito. É impressionante que durante todo esse tempo guardou pra se mesmo esse segredo. Como deve ter sofrido nosso pai! Pois andava sempre se controlando pra não deixar escapar nada que revelasse alguma pista sobre a sua vida antes do seu segundo casamento.
Eu realmente fiquei muito parecido com ele. Me perguntava porque não nos conhecemos antes? Porque ele foi tão egoísta ao ponto de nos privar de desfrutarmos da sua companhia? Porque não teve coragem de enfrentar à tudo e a todos, principalmente o seu pai e ter resolvido essa questão de uma vez por todas e ter ficado com nós. Não podemos julga-lo. Devia ter lá as suas razões que para nós não justificava.
Enquanto isso, a minha ida a Brasília chegou! Para não causar um impacto maior, liguei para Desdemona e disse da minha possibilidade de conhece-la nos próximas dias. Ela ficou muito alegre e disse que ia contar até os segundos até a minha chegada. Viajei para Brasília, conforme a programaçãoda da empresa. No outro dia fui participar do Seminário e me programar para conhecer minha irmã. Passei e dia todo na Seminário mas, muito inquieto esperando o momento de conhecer minha nova irmã.
A ansiedade era tanta que resolvi não demorar mais e, no outro dia decidi que iria. No dia seguinte, fui mais uma vez ao Seminário, participei de algumas palestras almocei e a tarde, fui conhecer minha irmã. Aluguei um taxi, avisei para minha nova irmã e parti. Estava com o coração na mão. Muito ancioso! Durante o percurso, para quebrar o gelo e relaxar um pouco, fui contando ao taxista o motivo daquela viagem. Ele achou tudo muito legal e me desejou muita sorte.
Cheguei na casa de minha irmã, por volta de 14:30 horas. Chamei por ela e dos fundos da casa apareceu um Senhor. Cumprimentei a ele e, perguntei se ali era a residência de Desdemona! Ele afirmando com um sim, me disse: meu filho, se você não se parecesse tanto com o velho Rubem, eu não acreditaria nessa conversa! Vamos entrar pra conhecer sua irmã! Me deu um forte abraço e entramos. A casa estava em reforma e ela estava morando em uma dependência situada nos fundos da casa. Cheguando na porta da dependência encontrei uma jovem simpática, de rosto redondo e cabelos grandes e escuros e estava acompanhada de um jovem de cor clara. O Senhor que me acompanhava, olhou para a jovem e disse: Desdemona, esse é o seu irmão, e a cara do compadre Rubem! Esse Senhor era irmão da sua mãe e padrinho de casamento dos dois.
Ela se levantou e dei um forte e bem demorado abraço nela. Enchi os olhos de lágrimas e com a voz um pouco embolada, sempre fui emotivo, falei pra ela o quanto estava feliz em conhece-la. Ela muito emocionada, disse que também estava mas, estava com a cabeça muito confusa e difícil de acreditar naquilo tudo que derrepente estava mudando a sua vida e principalmente a história da vida do nosso pai. Me apresentou o jovem que estava com ela, como André, seu namorado. Aí sentamos e começamos a conversar. Eu estava doido para saber o máximo de informações sobre o nosso pai, pois tinha hora pra voltar. Para não haver dúvidas com relação a nossa paternidade, mostrei a minha carteira de identidade onde tinha o nome do nosso pai. Ela olhou e, sem jeito, disse que não precisava daquilo. Falei pra ela que a minha ida em sua casa, era só para conhece-lá e que ficasse tranqüila que não tinha nenhum interesse por nada que nosso pai havia deixado.
Ela aparentava ser uma pessoa tranqüila e muito só, já que com a morte dos pais, só tinha restado os parentes da mãe que, apesar da assistência de todos, sentia muita falta deles. Conversamos bastante, ela me contou muitas histórias de nosso pai. Ví um copo com o escudo do Vasco da gama, na prateleira de uma estante e perguntei a ela de quem era! Ela disse que era dele. Disse também que era um torcedor doente do Vasco. Quando estava assistindo um jogo do Vasco pela televisão, não deixava ninguém falar. Dava logo um grito e todos se calavam. O meu time no Rio é o Botafogo mas, em homenagem à ele resolvi também torcer pelo vasco. A explicação é muito simples: se tivesse tido a sorte de ter sido criado pelo meu pai, com certeza seria vascaíno.
Mostrou muitas fotos do nosso pai, quando ele morava no Rio. Ele era realmente um verdadeiro "bon vivant". Deve ter aproveitado bastante a sua vida, longe de sua família. Mostrou algumas peças de roupas e um óculos que ela usava. Falou também sobre sua morte mas, não quis me aprofundar sobre o assunto. Falou que o cemitério onde ele tinha sido enterrado, tanto ele como a sua mãe, ficava bem próximo da sua casa e sempre que batia a saudade dava um chegada por lá e rezava por eles. Fiquei muito curioso e pedi para que ela me levasse até o cemitério para eu ver a sepultura do meu pai. Fomos até lá, rezei pela sua alma e tirei fotos da sepultura para mostrar as minhas irmãs.
A hora se passou rapidamente e, de repente estava chegando a hora de voltar. Tiramos algumas fotos, ela me mostrou o quarto onde ele dormia, mas em função da reforma que estava fazendo na casa, estava tudo bagunçado. Fiz um rápido lanche e então me despedi de todos, prometendo a ela e ao seu namorado, que levaria eles para conhecer as minhas irmãs e parentes. O táxi já tinha chegado, e só restava me despedir de todos. Como ainda iria ficar em Brasília, fiquei de antes de ir embora me encontrar com ela para dar um abraço de despedida. Voltei triste mas ao mesmo tempo muito alegre e satisfeito por ter conseguido resgatar parte da história da vida do nosso pai e conhecido a minha nova irmã. Um dia antes de retornar a Maceió, fui a um Shopping próximo e comprei uma lembrança para ela, um perfume, liguei para ela e marcamos para nos encontrar no seu trabalho, que por coincidência, ficava próximo ao hotel onde estava hospedado. Foi uma despedida rápida. Entreguei o seu presente dei um grande abraço nela, mandei recomendações para o seu namorado e demais parentes e fui embora, com muita saudade de todos.
Voltei para Maceió e todos aguardavam ansiosos, as novidades. Só tive tempo de trocar de roupa. Sentei na sala e passei um bom tempo conversando e respondendo as perguntas de minha esposa e de minhas irmãs, querendo saber de tudo. No outro dia, mandei revelar as fotos que tirei com ela e, mostrei pra todo mundo como era a mais nova irmã e o mais novo membro da nossa família.
Passados alguns dias e ligamos para a nossa irmã dizendo que tínhamos combinado que ela e seu namorado André viriam a Maceió conhecer toda a nossa família. Ficariam hospedados em nossa casa e todas as despesas de viagem seriam pagas por nós, seus irmãos. Ela ficou muito satisfeita e disse que iria combinar com o seu namorado André, qual o melhor período para a viagem e ligaria depois confirmando. Falou também que a principio a viagem seria melhor quando da suas férias e que, inclusive já estavam próximas.
Uma fato muito interessante aconteceu comigo. No ano de 1981, trabalhando na Federação das Indústrias, fui designado para participar de um treinamento no SESI de Taguatinga, que ficava a poucas quadras da casa onde morava na época nosso pai. Passei uma semana em Taquatinga. Nesse período ele ainda estava vivo. Realmente o nosso encontro não estava previsto para essa vida. Como é que estive tão próximo dele e, ao mesmo tempo continuávamos tão distantes.
Minha irmã Desdemona, tirou suas férias e veio passar alguns dias com a gente, juntamente com o André, conforme prometemos. Ficaram hospedados em nossa casa e aproveitaram bastante a sua vinda para Maceió. Conheceram as outras irmãs, suas sobrinhas e nossos amigos, que fizemos questão de apresenta-los. Nessa época, nosso tio Tonico ainda estava vivo e morava com a tia Aparecida, sua filha Angela e uma linda netinha. Levamos ela e seu namorado para conhecerem o irmão do seu pai. Andamos muito. O casal adorou o passeio. Mostramos nossas belas praias e vários pontos turísticos, como também levamos para comer da culinária local. Voltaram para Taguatinga afirmando que assim que tivessem um tempinho e uma graninha a mais, voltariam. Deixaram muitas saudades! Sempre mantemos contato por telefone ou por email e sempre atualizamos as novidades. De vez em quando, para matar a saudade ou quando começo a pensar em meu pai, a única forma é olhar as fotos que ganhamos da nossa irmã. Não deixa de ser uma boa recordação!

Nicolau Cavalcanti em 28/08/2012

Um comentário:

  1. Seu Nicolau!
    Ainda não tinha visto essas fotos!
    Realmente o senhor é muito parecido com o seu pai!
    =)

    Fico feliz de saber mais detalhes sobre esta história! (A Paulinha tinha me contado alguma coisa, mas com esses detalhes só vindo do senhor.)

    Grande Abraço Seu Nicolau!
    Davi

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