sábado, 30 de junho de 2012

Pontal do Peba, aí vamos nós!!!

Certa vez, aproveitando a vinda dos nossos amigos Neno e Rubineia, que residem em Porto Velho, combinamos e fizemos uma bela de uma viagem pelo litoral Sul de Alagoas, cujo roteiro é digno de constar em qualquer agência de turismo de todo o mundo. Já tinha feito esse roteiro antes com meu cunhado Sergio e meus amigos Davi Fraga e Joel Freitas. Ficamos tao encantados com a beleza do visual que prometemos a nós mesmos que voltaríamos a fazer essa aventura assim que tivéssemos tempo.
O roteiro era o seguinte: Sairmos de Maceió duas horas antes da maré baixa. No horário do reponte, como chamamos nós pescadores, já que parte do nosso roteiro, seria feito pela beira da praia, na areia e, só poderíamos fazer isso com a maré no seu ponto mais baixo para conseguirmos chegar ao nosso objetivo sem nenhum problema. Caso acontecesse algum contratempo, teríamos tempo de agir sem que a maré subisse e nos alcançasse. Normalmente existe duas marés boas para esse tipo de aventura: A maré da lua cheia e da lua nova. Os dias que antecedem e procedem essas marés, são excelentes para esse tipo de aventua. A tábua das marés se encontra facilmente na internet e nela consta todas as marés do ano dia a dia.
Por incrível que pareça, tomamos conhecimento desse maravilhoso roteiro, coincidentemente quando estávamos num barzinho tomando um chope com o Neno e a Rubineia, um ano antes quando estiveram em Maceió, gozando suas merecidas férias. A dona do barzinho nos passou essa dica, afirmando que já tinha feito e, com certeza, iríamos adorar! Fiquei muito ansioso para fazer esse roteiro, pois gosto muito desse tipo de aventura e essa mexeu com a minha curiosidade.
A história do amor a primeira vista desse casal de amigos por Alagoas, é incrível e verdadeira. Fui testemunha! Minha irmã Lilian, casou e foi morar em Porto Velho. Muito longe de nós. Foi na empresa onde trabalhava que conheceu a Rubineia e consequentemente o Neno, na época noivos. Fizeram uma grande amizade e graças a Deus, perdura até hoje. Eu e Fatima tivemos a satisfação de conhecê-los, quando minha irmã me ligou dizendo que ia chegar em Maceió, para passar a lua de mel, um casal amigo e pediu para que a gente, se pudesse, desse uma volta para mostrar melhor a cidade para esse casal recém casado. Fizemos o que podíamos e com isso nos tornamos muito bons amigos.
Em todas as suas férias, sempre passavam alguns dias aqui em Maceió e nos encontrávamos para matar a saudade e cabia a mim, traçar e mostrar novos roteiros onde fazíamos sempre juntos. Fizemos vários! A cada ano, o casal foi trazendo vários amigos para conhecer Maceió, posteriormente os filhos vieram para fazer vestibular e estudarem aqui. Resultado! De repente, parte da família estava instalada aqui em Maceió. Os pais do Neno, Sr. José Vicente o Paraibano e Dona Antônia que não querendo deixar os netos morando só, vieram também morar juntos com eles. Hoje, a família tem imóveis aqui em Maceió e seus pais continuam morando juntos com o neto, que ainda não concluiu o seu curso. Neno e Rubineia, duas ou mais vezes no ano vem visitá-los e como sempre, não deixam de se comunicar com a gente nem que seja através de uma simples ligação telefônica. Gostamos muito dessa maravilhosa família.
Voltando à nossa viagem, saímos de Maceió por volta das oito horas da manhã de um dia de sábado ensolarado, eu com toda a minha família, acontecendo o mesmo com o Neno. Fomos preparados pra o que desse e viesse. Levamos água, refrigerantes, cervejas, lanches e tira gostos variados. Seguimos então pela AL-101 Sul até Miaí de Cima, um pequeno povoado do município de Coruripe, situado a margem da rodovia. Pegamos então a sua entrada e nos dirigimos até a praia do Miaí por uma estrada de areia e barro que cortava o centro da cidade e entre coqueirais, chegamos então a praia do Miaí. O visual era indescritível. O sol brilhava no céu azul e límpido e sem nenhuma nuvem. Não tinha nem uma pra fazer remédio! É como falamos aqui no nordeste! Lá no horizonte, o azul do céu se confundia com o azul do mar e, a areia branca e fina contrastava com esse cenário formando ou verdadeiro quadro natural, pintado pelas mãos de Deus. Paramos e por um momento ficamos todos observando aquele cenário que só nós, naquele momento, tivemos o privilegio de apreciar. Nesse ponto, de belezas naturais, Alagoas é privilegiada.
Em certo momento, como se estivesse despertando todos de um sonho irreal mas ao mesmo tempo real, falei: Minha gente! vamos tocar o barco, pois temos muitas areias pela frente e, infelizmente temos que correr para não atrasar a nossa jornada. A maré estava muito seca e tínhamos uma boa faixa de areia que serviria de pista pra nós. A nossa meta era sair da praia de Miaí de Cima, pela faixa de areia deixada pela maré baixa e chegarmos até as dunas, na praia do Pontal do Peba, um pequeno povoado do município de Piaçabuçu, as margens da AL-101 e banhado pelas águas quentes do Atlântico. Muitas emoções ainda esperavam por nós. O Neno e a Rubineia estavam ansiosos!
Iniciamos a nossa aventura ultrapassando uma faixa de areia fina, seca e muito fofa com cuidado para não atolar, para daí então, chegarmos a faixa de areia úmida onde iríamos seguir até o Pontal do Peba. Nesse percurso iríamos ter de ultrapassar seis pequenos riachos que desembocam no mar. Quando a maré está baixa, não são problemas, pois praticamente não notamos. Apenas uma fina lâmina d'água correndo em direção ao mar, identificava esses obstáculos. Mas de qualquer forma teríamos de ter muito cuidado, pois nesses pontos a areia por está muito molhada, pode atolar os carros. Partimos! Eu na frente e o Neno me seguindo, acompanhando a trilha deixada pelos pneus do meu carro. A praia praticamente deserta, só tinham alguns nativos batendo uma boa pelada, barcos de pesca deslizando no mar e uma plataforma da Petrobrás muito distante da praia. A nossa frente só areia, e coqueirais por toda extensão da orla, margeando a praia. Um lugar paradisíaco! Passamos pela praia de Miaí de Baixo, um pequeno povoado do município de Coruripe encravado às margens da praia do mesmo nome. Alguns nativos se banhavam nas águas quentes da praia e outros tomavam banho de sol, na areia. Demos uma paradinha rápida, para saber como estavam os nossos acompanhantes que, boquiabertos, não sabiam como descrever aquela paisagem!
Continuamos então a nossa aventura. Passamos por alguns riachos que em função da maré baixa, não tivemos nenhuma dificuldade para ultrapassa-los. A nossa trilha tinha o seguinte visual: de um lado vastos coqueirais que formavam uma imensa faixa verde contrastando com azul do céu, no centro uma imensa faixa de areia e do outro lado, aquela imensidão de mar. As três faixas se juntavam até onde os nossos olhos conseguiam alcançar. Não tínhamos como descrever aquele cenário. A faixa de areia em era tão larga que muitas vezes o Neno que estava filmando a viagem, emparelhava o carro com o meu para filmar o nosso carro de outro angulo. Seguindo a nossa trilha, nos deparamos com um esqueleto de ferro totalmente enferrujado e corroído pelo mar, que ao nos aproximarmos, percebemos que era o resto da carcaça de um navio que encalhou a muitos anos atrás, ali na praia, cuja história não conhecíamos. Na realidade já sabíamos da existência dessa carcaça que só aparece quando a maré está muito baixa, ainda estávamos na praia de Miaí de Baixo. Paramos, tiramos varias fotos, tomamos uma cervejinha, as crianças lancharam e então partimos novamente. Passamos pela praia de Feliz Deserto, município as margens da AL-102. Muito famoso pelo seu festival do massunim, um pequeno molusco encontrado em grande quantidade, enterrados nas areias da praia e pescado na maré baixa. Seus pratos preparados a base de côco, deixa qualquer cristão de água na boca! Na entrada da cidade tem inclusive um monumento em homenagem ao molusco. Tem também um festival de pesca muito concorrido e participam mais de cem equipes de Alagoas e de vários estados de todo Brasil, realizada na praia de Feliz Deserto. Agora só faltava a última etapa: Chegarmos a praia do Pontal do Peba e conhecermos as suas famosas dunas. A praia do Pontal já estava próxima, fomos então curtindo o visual até lá chegarmos. O Pontal do Peba é um pequeno povoado do município de Piaçabuçu, cuja economia é baseada na pesca e beneficiamento do camarão, na cultura do côco e hoje vem despontando como um próspero polo turístico.
A praia do Pontal do Peba, é um local onde a maioria dos moradores são pescadores. A sua orla é toda constituída de casas muito simples e sem nenhuma organização, o que não tira a sua singela beleza. Na época em que fizemos essa aventura, tinha um visual muito simples, mas como citei, era uma praia essencialmente de pescadores onde se tinha todo tipo de construção, mas que combinava com as pessoas nativas que ali moravam e completavam a bela paisagem. O camarão ali pescado, dependendo do tipo, saía dos barcos diretamente para atravessadores que compravam todo o resultado da pescaria para revenderem a hotéis e donos de bares e restaurantes tanto em Alagoas como em outros estados. O camarão tipo espigão, era todo ele defumado por um processo totalmente artesanal, e vendido praticamente em sua totalidade para o estado da Bahia, onde é usado no preparo de iguarias da tradicional cozinha baiana. Levamos os nossos amigos para conhecerem o processo e eles ficaram encantados com o que viram.
O visual do mar era espetacular, uma grande quantidade de barcos para a pesca de arrastão, próprios para pesca do camarão, ancorados próximo a praia, balançavam todos ao mesmo tempo, acompanhando o balanço das ondas e apontando na mesma direção acompanhando a direção do vento formavam uma verdadeira mistura de cores e dos mais variados tipos de embarcações. As gaivotas faziam a festa, com seus vôos razantes, acompanhavam os barcos que voltavam de alto mar. Outras mais espertas, ficavam pousadas nos mastros das embarcações, a espreita de que algum cardume de pequenos peixes aparecesse na superfície para então fisgarem suas vítimas, aproveitando-se da sua rapidez. A praia já estava tomada de gente. A maioria de nativos e pessoas que como nós vieram passear e aproveitar o sol e o mar do Pontal do Peba. Os carros, caminhões e qualquer tipo de veículo estacionavam na areia da praia e alguns transitavam de forma a por em risco a vida das pessoas que ali curtiam o dia. Muitos ligavam o som do carro tão alto, que as vezes não conseguíamos distinguir quais músicas estavam tocando. Faziam realmente um verdadeiro farinheiro.
Bem, teríamos que acelerar a nossa visita as dunas, pois a maré começava a encher, teríamos de passar por um riacho maior e corríamos o risco de não conseguir chegar a tempo para ir e voltar das dunas com a maré ainda baixa. Mas deu tudo certo e passeamos pelas dunas, tiramos fotografia, tomamos um banho de mar delicioso e voltamos para a praia do Pontal. Quando estivemos anteriormente na praia do Peba, eu e meus amigos, descobrimos um barzinho muito simples, cujo dono se chamava "Bigode", foi assim que ele se apresentou. Deixamos o carro na beira da praia e pedimos para que ele colocasse uma mesa próximo ao carro, pedimos alguns tira gostos, como camarão acebolado, cioba frita, etc..., a cerveja, já tínhamos no isopor bem geladinha. Gostamos muito do Bigode, pela sua simplicidade e simpatia. Não acreditamos quando pedimos a conta de tão barata que foi.
Sugeri que déssemos uma parada no bar do Bigode, comêssemos alguns tiras e, depois levantássemos a ancora e partíssemos de volta para Maceió, dessa vez pela AL-101, já que não podíamos fazer o percurso inverso, voltando pela praia, já que a maré estava subindo rapidamente. Paramos então no bar do Bigode. Comemos bastante camarão e peixe frito e, quando pedimos a conta, o Neno fez questão de pagar, pois não se acreditou com o valor tão irrisório da conta pela quantidade de pratos que pedimos! principalmente de camarão. Olhando para todos e surpreso com tudo que estava acontecendo, bradou: Meu amigo Niel, estamos realmente no paraíso! Pagou a conta muito satisfeito, arrumamos todas as nossas "tralhas" e partimos de volta para Maceió.
A nossa idéia, era retornar pela Al-102 para Maceió, com um detalhe! Entraríamos em todos os povoados nem que fosse só para conhecê-los. Começamos a volta até dispostos. Antes de sair do Pontal do Peba e pegarmos a rodovia, passei por um restaurante com o nome de "Repouso das Águias". Quando estivemos pela última vez nesse restaurante, gostamos tanto do local, que resolvi mostrar ao Neno e sua família. O restaurante era uma casa antiga com uma área coberta ao lado e cujas paredes, pilares e teto estavam totalmente tomados por frases, piadas e também de coisas antiga e bizarras como um par de chifres, cabeça de bode empalhada, uma calota de fusca, mandíbulas de tubarão, etc...
A comida era excelente. Tinha de massunim no côco até uma peixada caprichada de arabaiana ou uma suculenta carangejada de gaiamuns cevados que não tinha quem resistisse. O dono era uma figura folclórica e muito conhecido na redondeza! Fizemos logo amizade com ele e juntos tiramos várias fotos e conversamos bastante sobre assuntos diversos. No lado de fora, na entrada da casa, tinha parte de uma ossada de baleia que chamava a atenção de todos. Algumas vértebras, era inclusive usadas como assentos onde os visitantes costumavam tirar fotografias.
Bem! voltando à nossa viagem, ao chegarmos no referido restaurante , tal foi a minha surpresa e indignação ao constatar que a tal casa já não existia mais no local. Apenas um galpão cuja estrutura era de concreto coberto com telhas de amianto e no seu interior mesas e nada do que tinha antes nas paredes, pilares e teto, existiam mais. O dono era o mesmo. Procurei saber o que tinha ocorrido com a antiga construção e, o que realmente me deixou mais irritado, foi o que ele me respondeu: Um político local, ofereceu a estrutura de concreto montada no local, e ele simplesmente resolveu aceitar e cometer essa tamanha estupidez. Não sei porque cargas d'água ele aceitou essa proposta, no mínimo, indecente. Fiquei tão decepcionado com o tal sujeito que resolvemos voltar da porta do galpão. De tudo o que existia, o que restou foi apenas parte do esqueleto de uma baleia que a garotada muito curiosa, não se cansava de observar, inclusive pelo tamanho descomunal, que chamava realmente a atenção de todos. Tiraram várias fotografias e aproveitaram bastante o momento.
Seguimos a viagem de volta a criançada começou a reclamar de cansaço e de sono. Não era pra menos. Resolvemos então seguir até Duas Barras, um povoado do município de Jequiá da Praia. Na ida passamos por ele, mas resolvemos só parar na volta para não atrasar a nossa chegada ao Peba. Duas Barras, assim como muitos outros povoados de Alagoas, é mais um desses tantos lugares privilegiados pela sua beleza. Banhado pelo rio Jequiá cuja foz deságua na praia de Duas Barras, tem uma maravilhosa praia de areias muito finas e um mar de um azul impressionante, contrastando em alguns pontos da sua orla com as enormes falésias existentes e grandes plantações de coqueirais. O acesso a praia de Duas Barras é feito através de barcos. Bem! de lá partimos direto para Maceió. Dessa vez só paramos em casa. As crianças se acomodaram no banco de trás do carro e dormiram direto até a nossa chegada em casa. O Neno, ficou tão satisfeito com a nossa aventura, que na manhã seguinte, logo cedo, me ligou querendo saber qual seria o roteiro do dia. Resolvemos então ficar em casa, pôs assim como as crianças, ficamos bastante cansados e um bom descanso seria a melhor opção.

Nicolau Cavalcanti em 29/06/2012

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