quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Curiosidades sobre alguns lugares da antiga Maceió. Nas redondezas da Rua Cirilo de Castro, a vida era muito agitada!!!

Antigamente, logo após o Restaurante Graci, no Bairro da Levada, num triângulo formado pelas Ruas Cirilo de Castro, Rua Augusta e Rua Coronel Meira, existiam a Macarronada do Eureka, um "Pega Bebo" e um  Posto de Gasolina. No trecho da Rua Cirilo de Castro, de um dos lados, na esquina dessa mesma Rua com a Rua Augusta, funcionava a famosa Macarronada do Eureka que foi por muito tempo, o ponto da saideira e do famoso "rango" após as farras nos finais de semanas da turma jovem da época. A nossa turma da Esquina da Dona Amélia, aprontou "poucas e boas", por lá. A Macarronada de leitão era deliciosa e uma das mais solicitadas. Aliás, no cardápio só tinha prato de primeira. Até a Macarronada com ovos, a famosa Macarronada com "bife do olhão", era maravilhosa.
Vizinho a Macarronada do Eureka, nesse mesmo trecho, na esquina da Rua Cirilo de Castro com a Rua Coronel Meira, existia um Bar que lamentavelmente não recordo o seu nome. Na realidade não sei se poderia chamar aquele lugar de Bar. O mais adequado seria: "pega bebo"! Na realidade, o Bar se resumia a um pequeno espaço fechado com duas grandes janelas onde dentro funcionava a cozinha, a administração e o atendimento. Os clientes eram atendidos através de dois vãos(janelas) abertos, um em cada lado das ruas, onde o Bar se situava. Cada um com um estreito balcão onde os clientes posicionados pelo lado de fora do Bar, na calçada, podiam tomar o seu aperitivo preferido e "degustar" o seu tira-gosto predileto. O caldinho de feijão era conhecido e muito admirado por todos que frequentavam aquele "frege moscas". Eu e alguns amigos e colegas tomamos algumas por lá. esporadicamente, mas bebemos e comemos lá.
A maioria dos clientes daquele Bar eram pessoas que transitavam e trabalhavam no Mercado Municipal, hoje Mercado do Artesanato, como também, pessoas de uma Feira de miudezas que existe até hoje, em frente ao local. Eu e meus colegas e amigos Sivanildo e Severino "Guxinim", na época de ginásio, no Colégio Moreira e Silva, tomávamos de vez em quando, uma "meiota" com um um caldinho de feijão ou até mesmo uma antártica bem geladinha.
Era uma espécie de ideira, que muitas vezes se transformava em saideira... e aí por diante! Fui várias vezes também, com os meus amigos de infância Beto "Torreiro" e Ciço "Bomba". Sempre depois de uma farra. Coisas de aventureiros da época. Lá também frequentavam figuras folclóricas conhecidas na área.
Não tenho certeza mas, acredito que esse Bar também servia refeições: o famoso PF, "prato feito". Parece que o local ainda existe. Tenho minhas dúvidas.
Na esquina da Rua Coronel Meira com a esquina da Rua Augusta, existia um Posto de Gasolina que também não me recordo o nome. Se não me engano era da Shell e que abastecia os automóveis e caminhões que circulavam naquela redondeza. Ainda me lembro como se fosse hoje, aqueles automóveis antigos, de aparência pesada, sendo abastecidos naquele posto. O local tinha um cheiro forte de gasolina, e com o crescimento da área e dos riscos eminente de acidentes, acredito eu, que esse Posto terminou sendo extinto.
Na Rua Cirilo de Castro, esquina com a Rua Dezesseis de Setembro, Rua do antigo Cine Ideal, existia a famosa Farmácia dos Pobres que quando na sua versão original, atendeu por muitos e muitos anos, as pessoas e famílias que moravam na redondeza, como também pessoas que vinham fazer feira no Mercado Municipal. A Farmácia era bastante sortida e ainda tinha um pequeno espaço reservado que servia de ambulatório onde eram aplicadas injeções, se faziam pequenos curativos e se mediam a pressão arterial. Ainda me lembro das estantes com portas de vidro cheias de remédios que tomavam as paredes do interior da farmácia. 
Eu mesmo, por diversas vezes comprei remédios naquela Farmácia. Vários remédios, que eu me lembro, eram comercializados ali: o Biotônico Fontoura, as famosas Pílulas de Vida do Dr. Rossi,  o Entoroviofórmio, esse era muito famoso na cura da diarréia, o "Um Minuto", que acabava com a dor de dente, o Leite de Magnésia Phillips, o Melhoral "é melhor e não faz mal", o Óleo de fígado de bacalhau, A Cânfora, que misturada no álcool servia para dor, o Benzetacil, esse até hoje ninguém quer tomar pela dor que provoca no local,  o Alarem, que curava o impaludismo etc, etc...
Na Rua Ciliro de Castro, existia também um Ponto de carros de aluguel, os famosos pontos de táxi de hoje, onde vários carros da época, de várias marcas e modelos, todos na cor preta, ficavam estacionados em fileira nos fundos da saída do Cine Ideal, aguardando algum cliente para fazer uma corrida.
Nessa mesma Rua Cirilo de Castro, já no final dos anos 70, tinha um Depósito de Bebidas muito conhecido. Ficava entre a Farmácia dos Pobres e os fundo do Cine Ideal e, se não estou enganado, era revendedor e distribuidor da cerveja Antártica. Se a memória não me falha, era do Empresário Jaelson Correia. As barracas que hoje tomam conta da calçada e da Rua Cirilo de Castro e deixa o local horrível, não existiam naquela época. Como se falava antigamente, podia-se transitar pelo passeio tranquilamente. Tinha também o famoso e muito falado Restaurante Graci. Esse sim era de fato muito famoso. Frequentamos bastante. Eu e vários colega e amigos. Escrevi algas linhas contando o que me lembrava desse Restaurante aqui no meu Blog.
Na esquina da Rua Cirilo de Castro e a Rua Formosa, existia uma Igreja Batista, se não me engano era a Primeira Igreja Batista, e era muito frequentada na época. Essa Igreja já não existe no local. Apesar de não sermos crentes, a nossa turma de vez em quando frequentava a Igreja somente para paquerar.
No outro lado da Rua Cirilo de Castro, logo após os trilhos do trem, na Avenida Francisco de Menezes, esquina com a Avenida Moreira Lima, existia a famosa Panificação Nossa Senhora das Graças. Essa panificação era conhecida por ter os melhores pães, biscoitos, bolachas e bolos da redondeza. Atendia a todas as famílias da área, como também todas as pessoas que transitavam por ali diariamente. Seu pão francês, o comum e o de "massa pura", eram deliciosos. Quem se lembra do pão "massa pura"? tinha o formato diferente do francês, era mais comprido e era branquinho por dentro. A diversidade de pães era grande: tinha o francês, o francês "massa pura", o crioulo, o carteira, o Alagoas, que hoje praticamente não mais se encontra, o pão "Roberto Carlos", o pão doce, muito consumido com o famoso caldo de cana, o pão doce de coco. Enfim, não dá pra listar todos. Até porque não me lembro de todos. Lá também se encontravam biscoitos e bolachas deliciosas. O biscoito palito era delicioso. Quem não se lembra da bolacha "sete capas"? E do "cacetinho" e das "rosquinhas"? Todos salgados. É de dar água na boca, só de lembrar! E da bolacha canela? Era aquele bolachão! Que delicia! com café não tinha igual! Tinha também os bolos e salgados que não passavam "em baixo". Eram realmente deliciosos. Eu e minhas irmãs, sempre que saíamos e podíamos, dávamos uma passadinha por lá e sempre levávamos pra casa, algumas dessas guloseimas para degustarmos no café.
Na esquina, em frente a Panificação N. Sra. das Graças, na Avenida Moreira Lima, existia o Palácio do Trabalhador, cujo objetivo era dar assistência aos trabalhadores, oferecendo serviços médicos, odontológicos e ambulatorial e, acredito que vários outros serviços, de graça.
Na mesma Avenida Francisco de Menezes, logo após a essa Panificação, existia um ponto de aluguel de carroças. Naquela época era muito comum se utilizar esse tipo de transporte para se fazer mudanças ou transportar uma determinada carga qualquer, de um ponto para outro da cidade.
Logo após a Panificação, seguindo pela mesma Avenida, na calçada do muro do fundo do Colégio São José, existia a famosa Feira do Passarinho. Eita lugar bom! Nessa Feira se encontrava muitas espécies de pássaros que eram comercializados a céu aberto. Lá se encontrava o xexéu, o galo de campina, o papa-capim, o canário e o mais famoso de todos: O curió. Lá se vendia também todos os tipos de gaiolas: Grandes, pequenas, novas, usadas, alçapão... Tinha uma gaiola muito famosa que se não estou enganado se chamava: "gaiola pião". Era chamada assim, por ter na sua parte superior uma espécie de pião de madeira, onde as talas que formavam o engradado da gaiola, se juntavam formando a gaiola. Hoje ainda existe essas tais gaiolas para vender. A barba-de-bode, que servia para fazer os engradados das gaiolas, também era vendida lá.
Nessa feira também se encontravam todos os tipos de alimentos alimentos e vitaminas para os passarinhos. Desde plantas comercializadas frescas, até outro tipos de alimentos que no momento, não me recordo. Me lembro apenas, que existia para venda, uma espécie de osso, que se dizia ser de baleia e que servia para repor o cálcio, principalmente para reforço do bico do pássaro. Era muito branquinho e segundo as pessoas que comercializavam esse produto, era muito macio e não prejudicava o pássaro. Eu tenho um amigo, que morava vizinho a minha casa, na antiga Rua São Domingos, no Prado, meu amigo Herbert, casado com a Audinete, que confeccionava todo tipo de gaiola. Eu era seu aluno e ajudante. Aprendi com ele a fazer gaiolas e cheguei a fazer uma. Na quela época se usava o arco-de-pua, para furar os buracos por onde a barba-de-bode passava. Era muito interessante!
Muitas vezes, saía Eu, o meu amigo Herbert e um amigo dele que depois nos tornamos muito amigos. O "Mané Braçinho", chamado assim por ter nascido com um defeito em um dos braços e que apesar de tudo, era o nosso remador oficial. Alugávamos uma canoa no Pontal da Parra e bem cedinho, atravessávamos a Lagoa Mundaú e íamos em direção a Bica da Pedra, no rio dos remédios a procura da famosa planta "barba de bode", encontrada em abundância em terrenos encharcados. Essa planta desenvolve um talo muito duro e que depois de seco ao sol serve para fazer o engradado das gaiolas e era muito utilizado na época. Era um dia maravilhoso! Passávamos o dia remando por entre os canais existentes na lago a Mundaú a procura dessa planta. Sempre levávamos um ou mais litros de vinho de jurubeba, para esquentar e, é claro, um lanche bem reforçado. Chegávamos em casa com uma boa quantidade dessa planta.
Logo após a Feira do Passarinho, tinha uma outra Feira onde se vendia de tudo: discos de vinil(LP's), radiolas portáteis, eletrolas, rádios de todas as marcas, modelos e tamanhos, bicicletas, ferramentas das mais diversas e de variadas funções. Enfim! tudo que se podia imaginar, tinha nessa Feira. A grande maioria desses produtos eram usados. Lá se fazia qualquer negócio: se vendia, se trocava... Um exemplo muito comum eram os discos de vinil. Lá muitos fanáticos, levavam seus LP's para trocar por outros que eles ainda não tinham e até mesmo comprar aqueles que lhes agradassem.
Com o passar do tempo, essa tão saudosa Feira, passou a ser chamada de "Feira do Rato", pois se descobriu que a maioria dos produtos ali comercializados, era, na sua maioria, roubados. Me lembro como se fosse hoje, Eu andando nessas Feiras, olhando e curtindo todo aquele movimento de pessoas e de produtos postos à venda! Gostava muito de fazer isso! Tanto a Feira do Rato como a Feira do Passarinho eram muito interessantes. Era um barulho danado dos vendedores expondo e fazendo propaganda dos seus produtos.
Do outro lado da Rua em frente essas duas feira, tinha um monte de bodegas, na sua maioria de madeira onde também se vendia de tudo. O interessante era que algumas dessas bodegas eram lanchonetes, "pega-bebo" e tinha algumas que serviam café da manhã e almoço. Muitos desses fatos e lugares existiram nas décadas de 60 e 70. Tenho certeza que muitas pessoas lembram desses locais e dessas histórias.

Nicolau Cavalcanti em 21/02/2013

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