terça-feira, 25 de setembro de 2012

A nossa incrível e criativa "Fábrica de Brinquedos": "Fabricávamos de tudo! Funcionavam todos!!!"

Como já falei anteriormente, éramos uma turma curiosa e de tudo tínhamos vontade de saber e de fazer. Tínhamos inclusive um dos amigos: o Zequinha que era chamado de "cientista maluco". Aliás! ele e eu gostávamos muito de inventar coisas diferentes. Éramos ligados em foguetes. Tínhamos um sonho de um dia, quem sabe, construir um que realmente subisse ao céu. Tem inclusive uma história que quase terminou em tragédia. Inventamos de construir um foguete. Na realidade era uma lata de leite ninho com bombas amaradas nas laterais da lata. Colocamos um pequeno gato em cima da lata e acendemos as bombas. Pra sorte do gatinho, assim que ouviu os chiados das bombas deu um pulo e se mandou. Aí as bombas começaram a explodir e a lata voava em todas as direções. Ufa! Que susto nós tomamos!
Muitos brinquedos da época éramos nós mesmos que fazíamos e era muito legal. Funcionavam mesmo! Vou tentar descrever como fazíamos e como funcionavam essas máquinas que na época eram pra nós, top de linha, apesar da "grande concorrência" dos brinquedos Estrela e de outras marcas que existiam no mercado!

Alguém se lembra de um brinquedo que existia e que era muito fácil de fazer. Aquele que utilizávamos latas de leite ninho, onde fazíamos um furo no centro do fundo da lata e outro no centro da tampa, passávamos um arame nos dois furos, enchíamos a lata de barro ou areia preta úmida e bem socada, fechávamos a lata e amarrávamos um barbante nas extremidades do arame e estava pronto o brinquedo. Era só puxar que lata pesada girava e então era só aproveitar. Colocávamos várias latas preparadas do mesmo jeito e as extremidades do arame eram amarradas no arame da primeira lata próximos aos furos e assim por diante. Fazíamos com duas, três, quatro, até suportarmos puxar o peso das latas. Era muito bom! Todas as latas giravam e chamávamos aquele brinquedo de "trator".

Um outro brinquedo que fazíamos muito, aliás, não precisava nem fabricar. Era só conseguir um pneu velho e, com o pneu na vertical, dava-se um empurrão nele com a mão, fazendo o mesmo girar e aí era só continuar impulsionando pra frente o pneu com a mão e, ter muito cuidado para não atropelar ninguém. As manobras como curvas e paradas eram feitas com a própria mão ou com um pedaço de madeira ou até mesmo com a sandália havaiana que usávamos. Quando a turma inventava de brincar de pneus, era um "Deus nos acuda"! "Salve-se que puder!" Era gente pulando pra todos os lados. A turma não dava trégua. Metia o pneu em cima de quem ousasse atravessar na frente daquele trambolho. Saíamos de bando empurrando os pneus. Era um verdadeiro ataque para as pessoas que transitavam tranqüilas pelas calçadas. Muitas vezes, perdíamos o controle e o pneu escapava de nossas mãos, aí a coisa pegava.

Um outro também muito usado para passar o tempo, consistia numa roda, de preferência de ferro, por exemplo: jantes de bicicleta pequenas ou grandes ou coisa parecida, e um pedaço de vergalhão onde em uma das extremidades se fazia uma um dobra em forma de "U", num angulo de 90° com restante do vergalhão, na largura da roda e na outra se dobrava um pedaço para facilitar o apoio da mão e, estava pronto mais uma máquina. Pra se usar era só dar um impulso na roda de forma que ela começasse a rodar na vertical e depois aproveitando ela rodando, dava-se continuidade usando o vergalhão e encaixando-se a parte em "U" na roda e empurrando para a frente a mesma. As manobras eram feitas pelo vergalhão dependendo da posição em que virávamos o mesmo. Gente! Pense num brinquedo legal!

Uma outra máquina que fazíamos era os carros de lata de óleo. Antigamente tinha uma marca de óleo que a lata era retangular. Se não estou enganado era a lata de óleo Mazolla. Cortava-se a lata de óleo no sentido longitudinal no lado mais largo, nas duas quinas. Soltava-se um dos lados mais estreito e depois virava-se a parte solta em sentido contrário ao dos cortes e com isso se moldava a boléia do caminhão, que parecia muito com o FNM ou então o Mercedes, o da estrela. Tirávamos as rebarbas amoladas nas partes cortadas batendo-se com um martelo, na calçada. Prendia-se a lata em um pedaço de madeira da largura da lata e um pouco maior do que o seu comprimento, como também a parte da boléia na extremidade da madeira que sobrava no comprimento e estava pronta a carcaça do caminhão.
O eixo traseiro era preso em dois pedaços daquelas fitas de aço que serviam para amarrar caixotes e essas eram presas na parte de baixo do caminhão. O eixo dianteiro era preso apenas a um pedaço da mesma fita no meio do eixo, fazendo com que ele se movimentasse para direita ou para esquerda, fazendo com que o pequeno veículo se movimentasse de acordo a vontade de seu dono. Era presa também na parte de baixo da carcaça. As rodas eram de madeira e compradas no mercado, na "Feira do Rato". As fitas de aço serviam de mola. Estava pronto o caminhão. Para puxa-lo era amarrar as pontas de um pedaço de cordão nas extremidades do eixo dianteiro e pronto! Era só aproveitar o tempo livre e brincar. Era uma maravilha! Carregava-se a carroceira e era só puxar. Uma maneira mais simples de fazer esse carro era simplesmente fixando os dois eixos dois eixos diretamente na carcaça do caminhão. Fizemos muitos desses! Carregamos muitas "cargas"!

Tinha também o "carrinho de rolimã". Esse era legal! Um pedaço de madeira de uns 40 cm de largura e uns 50 a 60 cm de comprimento, onde nas extremidades do lado mais estreito, prendia-se um eixo e nas extremidades desses eixos se fixavam rolimãs de forma que ficassem realmente bem fixadas. Esse era o mais simples. Tinha um outro que um dos eixos era móvel, fazendo com que pudéssemos direcionar o seu movimento. Era só prender um dos eixos no centro com apenas um parafuso fazendo com que o eixo se movimentasse para esquerda ou para direita. Esse eixo era maior para que o piloto apoiasse os pés e com isso pudesse direcionar o carinho de rolimã. Agora era só pedir a um amigo para que empurrasse e, pronto.

Por fim o patinete. Esse é bastante conhecido de todos e também era mais difícil de fazer, assim mesmo fazíamos. O mais difícil era juntar as duas parte do patinete. Uma para direcionar o patinete e a outra para apoiar os pés. Mas em qualquer serralharia se encontrava a peça. Tinha também serraria que fazia. A gente levava a peça que unia as duas partes como também os dois rolimãs, e já recebíamos pronto. Era só pagar pela madeira e pela mão de obra.

Aliás! Faltou mais um! Eram aqueles caminhões que empurrávamos por trás com um cabo de vassouras e dirigíamos eles para onde quiséssemos. Na maioria das vezes comprávamos, o caminhão pronto e fazíamos uma adaptação. Tirávamos o eixo dianteiro e fixava ele, deixando-o preso por apenas um prego no centro, de maneira que ele pudesse girar para direita e para esquerda para que pudéssemos dirigi-lo. Na parte traseira, no final da carroceira, prendia-se um pedaço de madeira com um meio furo no centro, de forma que conseguíssemos apoiar o cabo de vassoura e empurrar e dirigir o caminhão. Para movimentar o eixo dianteiro amarrávamos as pontas de um pedaço de cordão nas extremidades do eixo. Em uma das extremidades do cabo de vassoura se colocava um prego em cada lado de forma que os dois ficassem em posições opostas. O cordão amarrado na extremidades do eixo teria de ter um tamanho um pouco maior do eixo até o pedaço de madeira com o meio furo. Agora era só prender o cordão nos dois pregos. Existia uma forma muito simples de se fazer isso. Invertendo-se a posição dos cordão. O que estivesse amarrado na extremidade direita do eixo, teria de está preso no prego do lado esquerdo e vice versa. Agora era só aproveitar. Tinha alguns amigos que pregava na outra extremidade do cabo de vassoura um lata de goiabada para servir de volante. Com certeza tinham muitos mais. Só que no momento não me recordo.
Tenho um primo de nome Rivaldo que na época morava com seus avós na Avenida Moreira e Silva e tinha um caminhão desses que era uma coisa linda. Gostava de ir lá na sua casa e brincar com ele na Praça do Centenário com o caminhão. Passávamos horas brincando. Ficávamos alternando: uma hora era eu e outra era ele. Como era bom!

Parei! Pensei! E apareceu mais um! Quem não se lembra das "pernas de pau". Essa era muito fácil de fazer. Era só conseguir dois pedaço de madeira que poderia ser um pedaço de caibro ou algo parecido, com o comprimento igual a altura do ombro e neles se fixavam um pedaço de madeira perpendicular e na altura dos joelhos, do tamanho um pouco maior do que o dos pés e, nas extremidade desses, se fixavam um pedaço de madeira maior e a outra extremidade se fixava no caibro, abaixo do apoio do pé e servia de suporte para esse apoio. Esses suportes e os apoios dos pés, tinham de ser bem fixados, pois iriam suportar o peso do corpo de quem ousasse andar nas "pernas de pau". Para se usar as "pernas de pau", o sujeito teria de ser bom no equilíbrio. Com a ajuda dos amigos, subia-se nas "pernas de pau" e era só se equilibrar e sair andando levantando o caibro da perna que se iniciava a passada e assim sucessivamente alternando-se as pernas. Levamos muitas quedas dessas "pernas de pau".

Bem gente! Esse vai ser o último! Mas não poderia deixar de mencionar, pois acredito que todos da nossa época andou nesse brinquedo. Alguém na sua infância de antigamente, andou em cima de cacos de Cocos? Como era legal! não era?
Pra fazer era muito fácil. Era só conseguir duas bandas de cacos de côcos secos, pois teriam de agüentar o peso do nosso corpo. De preferência, aquelas em que tem o furo, o olho do coco, pois não perdíamos tempo furando a cascas de côcos, por ser muito dura. Limpar a parte externa das cascas, deixando elas sem rebarbas, para não machucar os pés de quem iria utilizar o brinquedo. Depois era só conseguirmos um pedaço de barbante do tamanho do dobro da altura da cintura e passávamos as extremidades em cada furo da casca de coco e para que as extremidades do barbante ficassem presas as cascas de coco, amarrava-se em cada uma um pequeno pedaço de madeira ou coisa semelhante. Para andar em cima da casca de coco, era só subir nelas se equilibrar e passar o barbante entre o dedão do pé e apertar segurando-o. Agora era só fazer os mesmos movimentos que se fazia para andar nas "pernas de pau".

Quando paro pra pensar em tudo aquilo que vivíamos, sinto até que estou sonhando construindo aquelas máquinas ou até mesmo distraído brincando com meus amigos da esquina de Dona Amélia, com aquelas invenções, que eram tão simples, mas pelo fato de termos construídos, considerávamos invenções de primeiro mundo. Melhor não poderia ser! Aquilo é que eram brincadeiras! Aquilo é que era viver! Muitas vezes, empolgados por ver as nossa "potentes" máquinas funcionando, atropelava os próprios amigos com algumas delas ou então pregávamos sustos nas pessoas que distraidamente caminhavam tranqüilas pelas calçadas das ruas próximas da esquina da Dona Amélia ou pela Praça da Faculdade de Medicina. Éramos muitos felizes!

Nicolau Cavalcanti em 24/09/2012

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