domingo, 30 de setembro de 2012

As nossas loucas caminhadas: "só sabíamos o início e o fim: na Esquina da Dona Amélia!!!"

A nossa turma da esquina da Dona Amélia, sempre estava perturbando por aí afora, se juntava Eu Niel, aliás, com relação a esse nome Niel, na realidade era mesmo o meu apelido colocados por meus avós. Colocaram meu nome, os nomes dos meus dois Avôs: Nicolau Elpidio. Para facilitar as coisas, tiraram a primeira sílaba do Nicolau, "NI" e a primeira do Elpidio "EL", juntou as duas e estava pronto o meu apelido: NIEL! Só funcionou enquanto não comecei a estudar! Meus amigos de infância só me chamam de Niel, mesmo sabendo o meu verdadeiro nome.
Sim! Saíamos todos juntos, sempre da Esquina da Dona Amélia: Eu, Erico, Jarbas, Zezinho, Carlinhos "Matasma", Missinho, Paulinho "Buçú", Beto "Torreiro", Ciço "Bomba", Geraldo "Cabeção", Laurinho, seu irmão Beto e muitos outros. Saíamos sem destino. Na foto abaixo, aparece a tão falada e famosa Esquina da Dona Amélia. Começando da esquerda: Roberto Pinheiro, Érico e Eu Niel.
As vezes íamos na Feira do Passarinho olhar a variedade de pássaros que eram vendidos ali. Na época tinha de tudo: xexéu, canário, sanhaçu, do azul e do cinza, azulão, papagaio... Tinha inclusive o mais procurado de todos: o curió. Esse passarinho dependendo da quantidade de repetições do seu canto, valia ouro! E tinha muito mais. Lá eram vendidas gaiolas de todos os tipos, tinha uma que conhecida como "pião" e era a mais cara, como também as gaiolas exclusivas para o cruzamento e reprodução de canários. Vendia-se também, barba de bode para confecção de gaiolas, alçapão, plantas que serviam como alimentação de passarinhos, osso de baleia, para fortalecer o bico, na época da muda, etc... Tinha tudo que se procurava para a criação de passarinhos.
A feira funcionava embaixo de alguns pés de amendoeiras que existem até hoje no local, nos fundos do Colégio São José e começava logo depois da Panificação Nossa Senhora das Graças.

Por incrível por pareça, o local não era sujo como hoje e até comíamos as amêndoas caídas não chão. Coisas de "moleque"! E isso éramos todos! Tinham aquelas amarelas que não manchavam as nossas línguas mas, as roxas deixavam não só a boca mas, a língua e até os dentes manchados de roxo, resultante o sumo das frutas. Na foto ao lado, um cacho de amêndoas ainda verdes, no pé de amêndoas. A Feira do Passarinho já não existe mais no local. Depois que o IBAMA, proibiu a comercialização de qualquer tipo de aves e armadilhas para capturar essas aves, o comércio de passarinhos praticamente acabou. Mesmo assim ainda funciona clandestinamente em uma outra área próxima ao mercado. De vez em quando os fiscais do IBAMA faz uma batida no local e recolhem todos os pássaros e as pessoas que estão cometendo esse ato ilícito.
Depois passávamos pela Feira do "Rato", que na realidade era a extensão da Feira do Passarinho. Lá encontrava-se de tudo. Eram artigos de segunda mão, mas ainda em perfeitas condições de uso. O bom, era o preço. Certos artigos, se comprava por menos da metade do preço. O nome da Feira do "Rato", surgiu exatamente por isso. Não tinha como se vender um produto qualquer pelo preço que ali era negociado, a não ser se fosse "roubado". Quando ocorria algum roubo de objetos pessoais ou de casa, a Polícia fazia uma batida no local. A maioria dos produtos ali vendidos eram produtos cuja procedência era legal. Muitas vezes, pessoas que estavam a precisar de dinheiro, ia lá vender alguma coisa, para conseguir algum trocado. Lá se encontrava: LP's, bicicletas, relógios, todo tipo de ferramentas, toca-fitas pra carro e portátil à pilhas, rádios e radiolas de pilhas os de válvulas, sobras de material de construção, etc...
Partindo dali, pegávamos a Rua Augusta, mais conhecida como Rua das Árvores, e íamos comer oiti. Parte da Rua Augusta, tem ainda hoje vários pés de oitizeiros e que, durante a época desses frutos dessas frondosas árvores, a Rua ficava repleta deles, no chão. Eram tantos frutos que caíam, principalmente quando estava ventando, que muitas pessoas evitavam passar no local, principalmente por baixo das árvores, com medo de algum daqueles frutos caísse em suas cabeças. O que não era difícil!

Passávamos um bom tempo "catando" dentre os oitis caídos no chão, aqueles que ficavam mais inteiros depois da queda, para depois "paparmos" um a um! Na foto ao lado, vários oitis ainda no pé de oitizeiro. Quando estavam maduros ficavam bem amarelinhos.
Antigamente aquela Rua era muito tranquila e não tinha o movimento de hoje. As casas eram todas residenciais. Andava-se tranquilamente na Rua, pois não existia esse movimento de pessoas, veículos e de comércio que se proliferou, a partir do final dos anos 60.
Da Rua Augusta, voltávamos em direção a Praça Deodoro, demorávamos um pouco sentados nos bancos de concreto que existiam, curtindo o movimento e depois retornávamos a esquina de Dona Amélia. Quando a Venda de Seu Toledo, estava aberta, assinávamos o ponto por lá e, depois cada um partia para suas casas. Uns almoçavam e iam para escola e outros descansavam o almoço e voltavam para esquina da Dona Amélia. Que vida boa!
Muitas vezes íamos acompanhar a construção do Estádio "Rei Pelé". Ficávamos impressionados com o tamanho da construção. Passávamos um bom tempo andando pela estrutura do Estádio. Fazíamos isso escondidos, pois não era permitida a entrada de pessoas que não estivesse envolvida na construção. Muitas vezes pedíamos a algum fiscal da obra e ele autorizavam. Chegamos uma certa vez inclusive, a subir na laje principal do Estádio, aquela que fica em cima da cabines de rádios. Pense numa aventura! Não era qualquer turma que tinha a coragem de fazer o que fazíamos!
Todos os acidentes graves que ocorriam na época, quando ouvíamos pelo rádios ou quando víamos o movimento de pessoas ou várias ambulâncias chegando ao HPS-Hospital de Pronto Socorro, com as suas sirenes ligadas, corríamos para ver a chegada das vítimas. Presenciamos muitas cenas fortes! Se tinham vítimas fatais, corríamos então para o Necrotério, que era no mesmo local de hoje: ao lado do Prédio da Faculdade de Medicina. Até hoje não mudou em nada, a não ser os serviços que pioraram e muito. O Doutor Duda Calado, pai do nosso amigo João Calado, era médico legista de renome em todo estado, trabalhava lá. O João contava que seu pai, para fazer uma exumação, quando era solicitado, muitas vezes tinha de tomar umas doses de uísque, para encarar o defunto!
Quando acontecia algum assassinato de pessoas influentes e autoridades como também de bandidos famosos, estávamos todos lá no necrotério. Foram muitas as vezes que estivemos naquele lugar. Nas década de 60 e 70 existiam muitas brigas entre famílias e que sempre terminavam em tragédias.
A praia nem se fala, praticamente todos os dias estávamos por lá. Para dar um mergulho ou simplesmente passear e curtir as "cocotas" de biquínis lambuzada com um bronzeador muito usado na época, da cor, se não estou enganado roxa como beterraba e eram vendidos em pequenos "sachês" de plástico. Tinha "cocota" que se lambuzava da cabeça aos pés. Ficava realmente uma "graça". Não sabíamos se estava bronzeada ou pintada! Muitas chamavam até a atenção de todos, se embolavam na areia e pareciam até bifes passados na farinha de pão, antes de fritar.
Também tinham duas coisas que gostávamos de fazer na praia: tomar uma "raspadinha", gelo raspado, e garapa de maracujá, coco, baunilha, maçã e maçã com coco. Era uma delícia! Tinha também o "flau" de sabor uva, laranja e maçã, se não estou enganado! Era uma maravilha! E geladinho! hum! Era vendido em embalagem plástica totalmente fechada e na própria embalagem acompanhava um canudo de plástico bem resistente. Para se tomar o conteúdo da embalagem, furava-se ela com o canudo e aí era só chupar e tomar aquele delicioso líquido. Muitos gaiatos gostavam de, depois da embalagem vazia, enchê-la de ar soprando pelo canudo, depois de cheia, furavam o outro lado da embalagem plástica com o canudo, ficando a embalagem cheia de ar. Depois jogavam no chão e pisavam bem forte na embalagem. Era um estouro danado! Fazíamos muito isso! Coisas simples mas hoje tem um significado nostálgico que faz a gente reviver aqueles momentos inesquecíveis!

Obs: Fotos copiadas do Google.

Nicolau Cavalcanti em 29/09/2012

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