segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Festival de Verão de Marechal Deodoro: Estávamos todos lá na "BARRACABAÇO"!!!

Mais uma vez coloquei a cabeça pra funcionar e não é que me lembrei do Festival de Verão de Marechal Deodoro! Esse festival acontecia anualmente na cidade histórica de Marechal Deodoro, na década de 70 e, na época ficou muito famoso, pois conseguia reunir artistas e cantores não só da terra mas também de renome nacional. O festival tinha a duração de uma semana, se não estou enganado e, durante esses dias havia uma vasta programação diária com a apresentação de grupos de danças folclóricas, bandas de pífanos, que alegravam a todos percorrendo as principais ruas da cidade, as famosas orquestras que se apresentavam na Praça principal da cidade e eram formadas de pessoas nativas e comandadas pelos seus famosos maestros, filhos da terra, que existiam e existem até hoje na cidade, como também muitas outras atrações. No final de cada dia sempre havia uma atração principal que fechava com "chave de ouro" a grande noitada.
Esse festival ficou muito famoso e conhecido em todo Brasil, pela apresentação de figuras ilustres que eram convidadas a participar do festival como foi o caso do famoso cantor, compositor e poeta Vinicius de Moraes que se apresentou juntamente com a cantora Maria Creuza e Toquinho. Esse último, também compositor e cantor que em parceria com Vinicius de Moraes, compuseram inúmeras canções de sucesso no Brasil e em todo o mundo e que na época, estava no auge dessa parceria. Esses trio espetacular, encerrou um desses festivais de verão, levando a loucura os nativos, turistas e maceioenses que lotavam todos os quatro cantos da cidade para curtir o evento. Segundo o meu cunhado Pedrinho, que não perdia um festival, Vinicius de Moraes, estava sempre acompanhado com o seu inseparável copo com uísque. Nos demais anos, muitos outros artistas passaram a participar do festival convidados pela organização do evento. Uns apenas como turistas para abrilhantar o festival, como era o caso do Jô Soares, que adorava, já nessa época, a praia do Francês e, do festival, nem se fala! Segundo minha irmã Lilian. Outros vinham não só para passear mas também para se apresentar, como foi o caso da dupla Dóris Monteiro e Miltinho, famosos na MPB. Muitos outros se apresentaram mas que não recordo os seu nomes.
Os hippies, muito comuns na época, com as suas roupas e cabelos extravagantes, chamavam a atenção de todos e sobreviviam vendendo enfeites e miçangas produzidos artesanalmente por eles. Eles passavam o dia mostrando suas habilidades confeccionando peças das mais variadas, para vender. A maioria dos seus clientes era do sexo feminino que, ficavam doidas não só pelos marmanjos como também pelas peças confeccionada por eles. Dormiam em barracas montadas em qualquer espaço e tinham uma vida de nômades. Não demorava muito em um mesmo lugar.
Na época, a maconha estava se espalhando em Maceió e lá no festival, não era diferente. Tinha muita gente "lombrada"! "doidona"! "Dando bode"! Como dizia a letra da música do Tim Maia: "...é o bode da gente! É o bode bé! Em certos locais era um verdadeiro fumaçê!...RÊ RÊ RÊ fumacê...RÁ RÁ RÁ fumaçá!!! Tinha gente delirando e vendo até disco voador!!!
Num desses anos, a nossa turma resolveu participar desse festival, mas não por um dia, como costumávamos participar mas, acampar e passar um fim de semana curtindo o dia-à-dia desse famoso evento. A maioria das pessoas que iam participar daquele festival, ficavam hospedadas em casas de parentes ou amigos, pois hotel praticamente não existia, principalmente pela quantidade de pessoas que participavam do festa. Muitos iam de carro, passavam o dia, curtiam e depois voltavam. Quando a "maré" estava boa, dormiam no próprio carro. Os menos privilegiados, iam e voltavam de ônibus. Essa era a situação minha e da maioria dos amigos da nossa turma. Outra coisa! Chegar em Marechal Deodoro, na época, era uma verdadeira viagem e, na praia do Francês, nem se fala. Pegava-se um ônibus e para que chegássemos lá, tínhamos de ir por cima, pela Chã do Pilar. Era um arrodeio danado. Ainda não existia a estrada nova, com as duas pontes. Sim! Tinha também uma terceira opção: ir de barco. Se não me engano, só era possível esse tipo de viagem durante o dia. Pega-se o barco, no Porto da barca ou da balsa, não me recordo bem o nome correto, que ficava numa entrada no final da Praça Pingo D'água, no Bairro do Pontal da Barra. Era uma viagem demorada mas, excelente, pois íamos e vínhamos, apreciando as belezas das Lagoas Mundaú e Manguaba. Quem tinha lancha, não tinha nenhuma dificuldade.
Pois é, resolvemos ir e passar o fim de semana que fechava o festival. Não estou lembrado das atrações que encerraram esse festival. As pessoas que iam para ficar toda a semana em Marechal, e não tinham parentes nem amigos por lá, só tinham uma única opção: montar barracas nas ruas próximas a Lagoa ou em outro local onde houvesse espaço para acampar durante todo o período do festival. Foi o que realmente fizemos. Arrumamos duas lonas de caminhão. Uma para a coberta e a outra para forrar o chão e servir de cama para todos nós. Algumas estroncas, para montar a estrutura da barraca, um fogão de duas bocas, desses utilizados para acampar, fizemos uma boa feira e convidamos o cozinheiro do Bar do Seu Toledo: o famoso Zezé Macedo! Uma bicha muito louca que por qualquer coisa desbundava todo mas, cozinhava como poucas mulheres! Foi cozinheiro de uma empresa que trabalhava para Petrobrás, na Bahia. Era uma figura muito engraçada e, quando bebia, dava show! Me lembro de várias vezes, eu e a turma ter assistido o Zezé Macedo dançando rumba em cima da mesa na Venda do Seu Toledo e, a turma toda batendo palmas e gritando o seu nome. A turma já fazia de sacanagem, dava corda e enchia a cara do coitado de cachaça. Era uma verdadeira "zona". Ele desbundava todo. Colocava o seu lado bicha, todo pra fora. Claro que só fazia isso quando Seu Toledo não estava na Venda. Ele ficou tão satisfeito com o convite que, garantiu que ia se comportar como um verdadeiro "homenzinho" e, que não iria nos decepcionar. Comida boa não iria faltar! Falamos também com o Seu Toledo e ele liberou o Zezé Macedo sem dificuldades.
Barraca ok, comida e cozinheiro ok. Só restávamos agora, escolher um nome para a barraca, para chamar a atenção de todos que vissem a dita cuja e marcar a nossa ida para o festival. Pensamos, discutimos, vários nomes surgiram e, de comum acordo resolvemos colocar o nome de "BARRACABAÇO". Sim! Esse seria o nome! Um pouco malicioso mas, só para os maldosos. Pintamos até uma faixa com o nome para colocar na frente da barraca. Conversando o Missinho recentemente ele me falou que quem levou as lonas, as estroncas e a feira, foi o Bônzio, o irmão do Júlio, em seu caminhão e foi ele quem lhe pediu para levar.
Toda a turma foi de barco. Saímos pela Avenida Siqueira Campos, andando até o Porto da Barca fazendo aquela bagunça de sempre. Chegando em Marechal, tratamos logo de escolher um local para armar a barraca. Estávamos com sorte! Encontramos um terreno bem próximo da lagoa Manguaba, numa rua transversal a rua da lagoa. O local era excelente, além de ficar próximo ao Centro da cidade, onde havia a praça e o palanque principal onde se apresentavam os artistas convidados, ficava também a uns 50 metros da rua principal que dava para a lagoa. A orla lagunar, onde tínhamos um maravilhoso visual e muitas barracas que vendiam bebidas e tira-gostos. Eram na realidade, barzinhos que viviam cheios dia e noite. A farra era grande! O barulho era de mais!
De bebida só tínhamos levado aguardente e run montilla. O tira-gosto, era improvisado, enquanto o nosso cozinheiro não chegava . Uma outra vantagem da localização estratégica do local, era porque ficava em frente a uma casa grande, onde morava uma família numerosa e, que tinha várias "cocotas", filhas dos donos da casa, cuja barraca e a nossa turma, despertou a curiosidade de todas. Afinal de contas, éramos jovens, bonitos e solteiros!
Conversamos com a família e explicamos que estávamos ali só para curtir o festival. Que não se preocupassem, pois não iríamos abusar. Fomos tão bem aceitos por toda a família, que os donos da casa, nos colocaram a disposição quaisquer coisa que precisássemos. O mais importante para nós era: água pra cozinhar, beber e tomar banho, como também um sanitário. Sem nenhum problema os donos da casa afirmaram que com relação a esses itens não íamos ter problemas.
Bem! Tudo resolvido, barraca armada e tudo arrumado, iniciamos a nossa farra. Abrimos uma garrafa de cachaça e com algumas "lapadas" com limão, secamos rapidinho a dita cuja. O tira-gosto era de caju, que nessa época tinha bastante e a preço de banana. Depois dessa esquentada na "máquina", estávamos prontos para dar uma volta pela cidade e, conhecer melhor e ao vivo o festival. Era muito bom. Muitas "cocotas" bonitas, desfilando nas ruas e dando "sopa" para todos nós! Era época da mini saia e do micro short e a galera feminina, usava sem vergonha. Não estava nem aí, deixando todos nós marmanjos, de boca aberta. A praça e as ruas próximas ao palanque onde diariamente se apresentavam as atrações ficavam lotadas. Os bares não davam pra ninguém.
Tinha um colega de trabalho que me falou posteriormente que seus pais tinham um bar na época e, que teve a honra de receber não só o famoso trio: Vinícius de Moraes, Maria Creuza e Toquinho, como também muitos outros cantores, conjuntos de sucesso e figuras ilustres, conhecidas em todo Brasil. Tinha também vários quadros com as fotos dessas celebridades pendurados nas paredes. Falou que um dos tira-gostos mais famoso e solicitado no bar, era o "camarão de cueca". Disse como era preparado esse delicioso prato, mas realmente não me recordo. Só sei que o nome era porque o camarão graúdo, era servido sem cabeça e a sua casca era retirada ficando a última parte e o rabo, daí o nome.
Voltando a nossa interessante história, passávamos o dia bebendo, paquerado e perturbando. O nosso cozinheiro Zezé Macedo, apesar de beber muito, no início, a comida e o tira-gosto saiam de primeira! Agora, Quando baixava o santo e estava com a cabeça cheia de "manguaça", dançava rumba e rebolava ao som dos gritos e aplausos da turma. Quem gostava de fazer dupla na dança com o Zezé Macedo, era o Geraldo "Cabeção". Era muito bom!
À noite, era a mesma coisa. Continuávamos bebendo e paquerando pelas ruas iluminadas com gambiarras deixando a cidade mais iluminada e mais alegre. No palanque, várias atrações se apresentavam e o povo ao redor vibrava, dando gritos estéricos, cantando e aplaudindo a atração da vez. Nós todos estávamos por lá. Depois de muito brincar e beber, chegava a hora de dormir. Uma lona era forrada no chão de areia e cada qual que fosse chegando se aninhava entre os demais. Era uma verdadeira zona, mas uma zona de guerra. Era preciso estar bastante "chumbado", para enfrentar o ambiente. Uns arrotavam, outros peidavam, outros fumavam, alguns corriam para fora da barraca para vomitar... PQP! Sem contar com o bafo forte de cachaça que saia da boca podre, de todos nós. O ambiente ficava muito pesado. Imaginem só, o mal cheiro dessa mistura! Quem estava sem sono perturbava pra caramba. O Zezé Macedo saía no início da noite e só chegava pela manhã, com a cara de quem "deu e não gostou!". Sim! Ainda tinham aqueles que roncavam!
Numa dessas noites já estávamos deitados quando ouvimos uma discussão que a cada momento ficava mais acalorada. Nos levantamos e fomos até a esquina, pois os gritos vinham de um dos bares montados na rua da lagoa. Quando chegamos na esquina, o que vimos foi uma cena que até hoje me lembro dos mínimos detalhes: um sujeito moreno, baixo e magro estava esfaqueando um pessoa que ao tentar se defender caiu e o indivíduo, não deu trégua e continuou esfaqueando a pessoa que mesmo caída, se defendia freneticamente com os braços e as pernas, pedindo socorro. A turma que estava na barraca tentou segurar o indivíduo mas não conseguiu. De arma branca em punho, ameaçava a todos.
O meliante cansado de golpear a vítima, saiu correndo com a faca na mão em direção ao centro da cidade, enquanto a vítima ensangüentada pedia socorro, dizendo que não queria morrer, pois tinha uma família para cuidar. A briga envolveu um nativo e uma pessoa que depois descobrimos que era irmão de um amigo da turma. O cara era casado e foi ao festival sozinho, curtir aquela festa considerada por todos, a melhor do calendário turístico de Alagoas.
Ficamos muito assustados com as cenas de violência que tínhamos presenciado e então corremos rapidamente para a barraca, deitamos e ficamos quietos. A polícia chegou rapidamente no local. A vítima já tinha sido socorrida e a polícia começava a fazer os primeiros levantamentos sobre a tentativa de homicídio. Logo depois, ouvimos vozes de pessoas que se aproximavam da nossa barraca. De repente! Uma voz num tom mais forte pediu a todos que estavam na barraca, que saíssem calados e com as mãos na cabeça, dizendo que era a polícia. O coitado do Zezé Macedo tremia mais de que "ford de bigode" e suava mais do que "tampa de chaleira". Saímos todos de mãos na cabeça. A polícia então revistou toda a barraca. Aliás! Todo o vão da barraca, pois não tinha como qualquer cristão se esconder no interior da barraca. Depois veio o pior: a revista em todos nós e aquele interrogatório chato pra caramba: vocês são de onde? Presenciaram a tentativa de assassinato? Vocês usam drogas?... Pense no saco! Com o susto, a farra que tínhamos feito durante o dia e parte da noite, foi embora ligeirinho. Estávamos mais lúcidos do que quando iniciamos a brincadeira e prontos pra começar tudo novamente. Decidimos então descansar e no outro dia sabermos das novidades.
Era o último dia do festival e acordamos com vontade de aproveitar cada segundo. O Zezé Macedo, depois do susto da noite passada, encheu a cara de "birita". Se apagou! Andou colocando alguns "bezerros" por todos os cantos, fora da barraca, é claro! Pense numa boneca muito louca! Só sei que ele literalmente se apagou! Dormiu e não teve quem conseguisse acorda-lo. Quando tentávamos acorda-lo, só fazia gemer e virava a bunda de um lado pro outro e nada de acordar. Passamos parte do dia improvisando comida mas, isso não nos deixou abalados. Caímos na gandaia e só paramos quando não agüentávamos mais. A turma era mesmo muito perigosa. Na época em que ninguém sabia ou se falava de "arrastão", a nossa turma já praticava. Andávamos no meio da multidão, procurando "cocotas" gostosas e de preferência que tivesse acompanhada de "cocotas", ainda mais gostosas. Aí começávamos o "arrastão": nossa turma, partia pra cima das "filhinhas de papai", no bom sentido e, haja "mão boba" nos traseiros das "cocotas". Claro que fazíamos com classe e, elas nem percebiam e se percebiam não reclamavam. Muitas até gostavam.
Em recente encontro com o Missinho, o Geraldo "Cabeção" e o Equinho, conversando sobre o Festival, eles contaram algumas histórias interessantes. Uma delas, aconteceu na hora do café. O Geraldo tinha cozinhado a batata doce e ia começar a fritar os ovos para comer com as batatas. Diga-se de passagem, essa mistura é muita boa e, se tiver um cafezinho, aí não tem que resista. O problema era o grande efeito colateral.
Enquanto o Geraldo fritava os ovos, o restante da turma avançava na panela e devorava as batatas. O Geraldo vendo aquele alvoroço em cima da panela de batatas, alertou: "pessoal deixe a batata para comer com os ovos". A turma não estava nem aí e continuava comendo toda a batata, só deixado as extremidades delas. Quando o Geraldo terminou de fritar os ovos e partiu sonhando em comer a deliciosa mistura, quando procurou a panela de batatas, só tinha as piores partes. Então ele puto da vida, chamou uma porra maior do que a sua "cabeção" e concluiu: "seu bando de FDP, puta merda... Pois bem! Já que devoraram as batatas, não vão comer os ovos, não!" Aí jogou os ovos fritos no chão, no meio da barraca. Só sei que a história rendeu o dia todo e só terminou à noite, com as rajadas de "bufas" e "porrotes" que durou toda a madrugada e o coitado do Geraldo "Cabeção", além de não comer as batatas e nem os ovos, só lhe restou cheirar os efeitos da batata.
Uma outra história que me contaram e que não me lembrava mais, aconteceu com o Mario Veiga, vulgo "Ciro Doido". O nosso amigo Mario, toda vez que tomava uma, endoidava. Pois é! Numa certa noite estávamos tomando umas na "BARRACABAÇO", quando apareceu uma turma de soldados do batalhão de cavalaria que fazia uma ronda na área. O "Ciro Doido", já "tungado", vendo aqueles soldados montados à cavalo, berrou: "minha gente! Venham ver o Marechal Deodoro! Ele está aqui! Marechal, tudo bem com você?" Os soldados apenas riram e seguiram em frente...
Os turistas aproveitavam o festival, para conhecer a cidade, seu artesanato, suas inúmeras Igrejas, o Convento de São Francisco, a casa onde nasceu Marechal Deodoro, que hoje é um museu e guarda em seu acervo, móveis e utensílios que pertenceram ao primeiro Presidente do Brasil, assim como uma série de documentos da época. Aproveitavam também para degustarem as comidas típicas da cidade e, lógico! Para curtir o festival.
Tiramos uma noite e fomos até a Praia do Francês, se não estou enganado, de ônibus. Meu Deus! Como era diferente. Um verdadeiro deserto! A maioria das casas eram de pescadores. Fomos a um barzinho que apesar da distância estava lotado. Confesso a vocês que todos nós estávamos perdidos. Será que estávamos realmente na praia do Francês? Não sabíamos onde realmente estávamos. Tomamos algumas doses de "água que Pinto não bebe", encontramos alguns amigos mas, não podíamos demorar muito, porque o último ônibus que passava em Marechal estava chegando e se perdêssemos, teríamos de passar a noite no Francês o que não seria nada agradável pra nós.
É minha gente! O festival acabou deixando em todos nós muitas saudades. Fizemos uma grande amizade com a turma da casa em frente da nossa barraca e, agradecemos muito a ajuda que nos deu e principalmente aceitando todos nós como vizinhos, por um breve período. Dormimos a última noite na nossa "BARRACABAÇO" e, pela manhã, desmanchamos ela, arrumamos todas as nossas tralhas, não me lembro quem levou de volta pra Maceió ou se fomos nós mesmos que levamos, já que a bagagem tinha diminuído muito. Enfim! Pegamos o barco e voltamos todos pra nossa terrinha. Quando o barco chegou no Porto da barca, no bairro do Pontal da Barra, voltamos à pé até a esquina da Dona Amélia, todos cansados mas, o espírito alegre sobressaia em nós e, íamos pela Avenida Siqueira Campos brincando, fazendo bagunça e comentando os nossos feitos no festival.
Soubemos depois que o irmão do nosso amigo que foi barbaramente esfaqueado, levou muitos golpes mas, a maioria nas pernas e nos braços mas, graças a Deus, estava fora de perigo e se recuperando bem. Com relação a nossa turma, falei, falei, mas não citei o nome de ninguém. Pois vai aí a relação dos "locas" que me lembro no momento: Eu Niel, Jarbas, Equinho, Mario Veiga, Geraldo "Cabeção", Missinho, Paulinho "Buçú", Piaba, Carlos Luna, Zezinho e o nosso "metre" Zezé Macedo... Com certeza, teve muito mais gente que participou das nossas farras diárias mas que não dormiam na barraca. Que me desculpem aqueles que ficaram de fora. Mas é só passar um email com nome e eu incluirei na relação. O Haroldo ia todos os dias de carona com seu irmão Bebéu no seu fosquinha 69, verde escuro. Aliás, até a casa onde morava o Bebéu era pintada na cor verde escura. Paredes, portas e janelas. Segundo o próprio Bebéu, a cor verde escura era a sua cor da sorte, segundo uma de suas irmãs. O João Chagas, irmão do Geraldo "Cabeção" fazia o mesmo. Desfilava nas ruas ladeiradas da cidade com o seu jipe "candango" todo "guaribado". O João era mecânico e um dos poucos que entendia da mecânica do "candango", em Maceió.
Outros amigos também vinham durante o dia, e se juntavam a nós, brincávamos bastante e depois voltavam para Maceió. A barraca fez bastante sucesso. Teve inclusive pessoas que tiravam fotos para levar de lembrança. Não me lembro por quantos anos o festival aconteceu mas, o que vivemos naquele ano marcou muito a vida de todos nós. A "BARRACABAÇO" foi mais uma página escrita na história da nossa turma da esquina de Dona Amélia.

Nicolau Cavalcanti em 23/09/2012

Um comentário:

  1. Olá Nicolau, fiquei interessada no seu relato sobre os Festivais de verão, te mandei um e-mail dando detalhes do que se trata, e gostaria de saber se o senhor teria interesse em participar.
    Obrigada.

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