sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A nossa secretária Quitéria, muito assustada gritou: "Arrocha Seu Descolau!!! E caiu na gargalhada!!!

Já casado e com a família crescendo, minha esposa Fatima resolveu contratar mais uma pessoa para ajudar a Maria, uma secretária que já tínhamos em nossa casa e apesar de ser uma excelente profissional não estava dando conta do serviço pois, tinha nascido a nossa segunda filha e com certeza tínhamos de ter mais uma secretária para dividir as tarefas diárias, que não eram poucas. A Maria era de União dos Palmares, um município a 80 km de Maceió e morava num sítio na zona rural do Município e nunca tinha trabalhado como doméstica, mas se adaptou rapidamente ao trabalho. Também pudera! A minha Sogra foi a professora E deixou a Maria "craque"!
Nessa época morávamos na Rua Campos Teixeira, no Conjunto Jardim Tropical, no quarto andar do Edifício Anturius, no bairro da Pajuçara. Como estávamos procurando alguém para auxiliar a Maria, nada melhor do saber dela conhecia alguém para ser sua companheira de trabalho, lá onde sua família morava. Ela prontamente respondeu que tinham várias pessoas que gostariam de trabalhar em Maceió, mas que ia escolher uma que gostasse realmente de trabalhar pois, muitas queriam apenas conhecer a cidade e principalmente ver e tomar banho de mar. De quinze em quinze dias a Maria tinha um fim de semana de folga e sempre viajava para visitar a família, cujas despesas eram todas por nossa conta. Foi numa dessas idas e vindas que ela trouxe a Quitéria. Uma criatura nova, de cabelos duros, enrolados e bem curtinho, mas pelo seu porte físico e pela disposição e alegria, acreditamos que a Maria tinha acertado em cheio. Era realmente uma pessoa muito alegre porém muito inocente. Já veio de lá com o apelido de "coquinho". Segundo a Maria esse seu apelido era porque a Quitéria tinha a cabeça bem redonda e seus cabelos curtos e enrolados que sempre estavam assanhados. Sua cabeça por ser redonda, parecia realmente um coco depois de retirada a casca. Era verdade mesmo!
Apesar das suas qualidades, era uma criatura praticamente analfabeta e falava muito errado. Mas, mesmo assim, achamos não ser motivo de preocupação. Sempre que podíamos, lhe orientava e corrigia algumas palavras e até frases, falada por ela. O engraçado era que ela só me chamava de Seu Descolau, mesmo tendo lhe ensinado como falar corretamente o meu nome Nicolau, só me chamava de Seu Descolau! Não tive jeito!
A matutinha se adaptou rapidamente ao trabalho e com a nossa família. Gostava muito das nossas crianças. Deixávamos as duas totalmente a vontade e isso ajudou bastante, principalmente à Quitéria, que era recém chegada.
O nosso apartamento tinha apenas dois banheiro, um social que era utilizado pela nossa família e um outro na área de serviço que era utilizado pelas nossas secretárias.
O nosso banheiro tinha a sua ventilação, voltada para a área de serviço. Um retângulo de 0,20x1,00 m, na altura de mais ou menos 2,10m. Era um local inconveniente para a ventilação, mas infelizmente não se tinha outra opção pois, fazia parte do projeto do edifício. Tudo que se fizesse no banheiro, dependendo da altura, se ouvia tudinho na área de serviço.
Pois bem! Certa vez, estava Eu no banheiro, bem à vontade, sentado no trono, sério que nem um "porco mijando", quando sem querer, deixei escapar um baita de um peido. Daqueles de estremecer todo o banheiro. Confesso que foi daqueles que não se pega nem pelo rabo, de tão rápido como escapou. O fedor era insuportável. Mais parecia uma mistura de enxofre, gás butano e outros gazes não identificados cuja mistura engarrafada poderia ser utilizado como arma letal. Foi quando, de repente, sem que nem pra que, ouvi a voz da Quitéria gritando, sem nenhum constrangimento, como se estivesse lá na roça: "arrocha Seu Descolau! Arrocha Seu Descolau!", E depois ouvi dela uma longa e estridente gaitada vinda da área de serviço. Eu não me contive e, também caí na gargalhada. Ri pra me acabar! A Fatima ouvindo toda aquela algazarra, correu para ver o que estava acontecendo. A nossa secretária "coquinho", ainda rindo, contou tudo para ela, tim tim, por tim tim!
Depois que passou aquele momento de pura histeria. Parei e pensei: Ora bolas! Será que fiz alguma coisa diferente ou errada? Será que só eu tenho "cu"? Será que ninguém, nunca passou por uma situação constrangedora, como essa? Será que ninguém soltou um "porrote" ou nenhuma "bufa", sem querer? Estou pagando pra ver! Já dizia o verso de um autor desconhecido mas, com muita propriedade e profundidade:

Peida Eu e peida tu,
Peida todos que tem cu,
Peida o Rei e peida o Papa,
De peidar ninguém escapa...

Meu Avô também já dizia: "o peido é um mal inquilino! Não cumpriu o contrato! Rua!!!

Essa história, por incrível que pareça e para meu azar, foi parar exatamente na boca do "Bocão", nosso amigo Osman Ramires, que com a sua boca avantajada, também nunca foi de guardar segredo. Logo essa história se espalhou de tal forma, que toda a TELASA estava sabendo dessa bizarra e engraçada história.
Bem! O tempo passou e eu não tinha como tornar pública essa história, já que na época não tínhamos toda essa gama de tecnologia às nossas mãos, para que todos os mortais que tem abaixo do osso do "mucumbu", esse orifício, que muitos utilizam de forma errada mas que, esse danado desse orifício, nas suas horas de lazer, exatamente nas horas em que mais sofremos, gosta muito de fazer imitações, como é o caso: imitar a "vuvuzela", aquela gaita africana, muito tocada em uma das Copas.
Vou ter de parar por aqui pois, sem que, nem pra que, a barriga começou a dá sinais de que algo de errado está para acontecer. Ainda bem que já não moro mais no mesmo apartamento e a nossa secretária Quitéria, infelizmente já não está mais com a gente. Arrumou um matuto, casou e vive feliz em algum lugar da nossa Alagoas, com uma ruma de filhos. Fui!!!

Nicolau Cavalcanti em 15/11/2012

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