terça-feira, 24 de julho de 2012

Bar da Viúva! Dona Iraci e sua Família. Eita lugarzinho legal!!!

Não sei como foi que descobrimos esse lugar. Só sei que a turma foi chegando e de repente estávamos todos lá. Aliás, éramos "craques" em descobrir lugares diferentes para juntarmos a turma. Gostávamos muito de respirar novos ares! Não só nesse sentido mas, em tudo que gostávamos de fazer. Esse bar Ficava localizado na Rua Xavier de Brito, quase em frente à "Venda do Seu Bia", que ficava na esquina da mesma rua e a Rua do Ceará, no Bairro do Prado.
Era uma casa onde uma das salas, se não me engano, a última, e uma área coberta no final da casa eram utilizadas como bar. Foi durante algum tempo um dos locais bem freqüentado pela nossa turma, principalmente nos sábados à tarde. Começávamos a brincadeira na Venda do Seu Luiz que sempre às 14:00 horas, impreterivelmente, fechava. Não tinha quem o fizesse deixar a Venda aberta, depois desse horário. Ia almoçar e depois tirar uma boa soneca.
Dando continuidade a nossa brincadeira, íamos todos para o Bar da Viúva, para tomar aquela cerveja bem gelada, saborear aquele caldinho de feijão e degustar aquela deliciosa feijoada, que era o prato mais pedido da casa. A feijoada era preparada por Dona Iraci, que além de viúva era dona do Bar. Daí o nome Bar da Viúva. Foi assim que batizamos o Bar.
A Dona Iraci era uma pessoa muito calma e aceitava sem problemas as nossas brincadeiras. Bota calma nisso! Pois, para agüentar uma turma como a nossa, tinha de ter muita paciência, mesmo. Éramos pessoas inquietas a sempre estávamos baguçando. Era Ela mesma quem preparava todos os tira-gostos servidos no Bar. Mas a sua feijoada não tinha igual! Tinha realmente uma mão muito boa para temperar os seus deliciosos pratos
Tinha as sobrancelhas grossas, a marca bem de leve de um aparente bigode e as pernas tinham bastante pelos. Acredito que era de família, pois uma de suas filhas e a sua sobrinha, tinham também essas mesmas cacteríticas. Curtíamos também uma boa música, sucessos da época e normalmente levávamos os nossos LP's: ouvíamos Beatles, Renato e seus Blue Caps, The Fevers, Tina Charles, etc... Já que lá não tinha muitas opções de músicas. Bebia-se até "umas horas"! Ali, além da cerveja bem gelada, do bom papo e do bom tira-gosto, jogávamos também a famosa “porrinha” e, tinha dia que a "coisa pegava" e tinha gente que terminava pagando tudo. A gente lamentava muito, mas fazia parte do jogo. Algumas vezes, utilizávamos um recurso que a Viúva não gostava muito, mas quando a pessoa já era conhecida e já tinha crédito na casa, podíamos deixar parte da conta ou até toda a conta, no famoso “prego” da Viúva. Eita pregrinho bom! Tinhámos a preocupação de sempre pagar em dia, uma vez que a Viúva era quem sustentava toda a família e, não poderíamos falhar com ela, nesse ponto. No final da farra, antes de pagarmos a conta sempre tinha uma tal de uma ideira, depois uma tal de uma saideira e aí, muitas vezes, bebíamos além da conta!
O Bar da Viúva era também a sua residência. Moravam com ela, duas filhas, um filho e uma sobrinha. Pra nossa sorte, suas filhas, criaturas novas, bonitas e sempre estavam dando uma ajuda pra mãe na cozinha e também atendendo aos pedidos dos clientes. Pra nossa felicidade, clientes "sérios e bem intencionados", na maioria das vezes gostavam de usar um short jeans, bem curtinho. Era moda na época! Tinha com certeza a nossa aprovação! Também pudera, o "calor" era intenso pois a casa não tinha a "mínima ventilação"! Era justo que se vestissem desse jeito.
A turma, sempre concentrada no jogo de “porrinha” ou até naquele papo agradável, nem “percebia” esses detalhes! O irmão, coitado sofria pra caramba. Ficava muito puto da vida, pois sempre quando vinha servir a nossa mesa, pedíamos para que ele voltasse e mandasse uma das irmãs nos servir e, se possível, as duas, afinal de contas, elas tinham muito mais jeito para executar essa tarefa. O nosso amigo, apesar das brincadeiras, não esquenta a cabeça. Tinha o mesmo gênio da mãe. Sempre que elas passavam ou mesmo vinham atender à nossa mesa, a gente sempre achava um jeitinho de soltar uma piadinha de "bom gosto", é lógico, ou "na baixa", dar uma olhadinha no visual, mas o seu irmão estava sempre atento para nossas brincadeiras. Brincávamos muitos, mas sempre mantínhamos o respeito com toda a família. As duas irmãs não falavam, mas tenho certeza que gostavam da nossa brincadeira.
Não me recordo ao certo o que aconteceu, mas só sei que o bar de repente acabou e a casa foi vendida. Sentimos muita falta, principalmente pela relação de amizade que criamos com a Dona Iraci e a sua família. Éramos verdadeiros nômades. Sempre tínhamos outras opções guardadas na "cartola", e logo, já estávamos tomando uma "geladinha", em outra praia!!!

Nicolau Cavalcanti em 24/07/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário