domingo, 22 de julho de 2012

Restaurante "O Maré": "Vai ter sururu! Vai ter sururu! O Maré fica na beira da Lagoa Mundaú"!!!

O Restaurante "O Maré" ainda funciona até hoje no mesmo local. Localizado na Avenida Alípio Barbosa da Silva, no Pontal da Barra, em Maceió, de frente para a Lagoa Mundaú. Esse era o grande diferencial que ele tinha nos bons tempos e na época em que frequentávamos aquele maravilhoso lugar. Frequentei por muitos anos o Restaurante "O Maré". Desde o início do meu namoro com a minha esposa Fatima e depois, por um bom tempo, quando nos casamos e a nossa primeira filha nasceu. Sempre estávamos acompanhados de amigos que assim como nós, iam para lá se divertir. Era o maior barato! Aproveitávamos bastante os nossos encontros!
O Restaurante em si, era muito simples não oferecia e nem oferece até hoje nenhum conforto a mais para os seus clientes, mas gostávamos de lá pela posição estratégica. De frente pra Lagoa Mundaú, de onde podíamos vislumbrar e apreciar aquela maravilhosa paisagem, que mais parecia um lindo cartão postal. Esperar o por do sol, era o maior barato! Não tinha nada de igual! Era magnífico! Na época de verão quando o céu límpido, sem uma nuvem, o sol si punha entre os coqueirais, refletindo seus últimos raios avermelhados no céu e nas águas da Lagoa Mundaú, era indescritível! Eram momentos extraordinários! Na foto abaixo, tirada pela nossa amiga Loló, apenas as silhuetas minha, da Fatima, minha esposa, grávida de 8 meses e da nossa comadre e grande amiga Saletinha. Ao fundo, uma visão maravilhosa que tínhamos da Lagoa Mundaú. Era uma paisagem deslumbrante! Só estando lá para ver e curtir aquela maravilha de paisagem!

Lá estávamos tomando uma cervejinha bem gelada e comendo de tudo! Desde os mariscos preparados no côco, como o massunim, o sururu e o siri despinicado, hoje mais conhecido como filé de siri e a moqueca de siri mole. Lá também nunca faltava o siri de coral e o  caranguejo guaiamum estufando de gordo e entupidos de coral, cozinhados na água e sal. Eram deliciosos e não tinha quantidade que o cliente degustasse que desse para saciar a sua vontade de comer. Sempre pediam mais! Tinha também, o camarão no côco e o acebolado, sem contar com os tradicionais caldinhos de frutos do mar, que eram maravilhosos. No final, para forrar a barriga e fechar com chave de ouro a nossa brincadeira, normalmente pedíamos aquela tradicional peixada a moda da casa, preparada com postas de arabaiana. Essa não tinha quem resistisse! As postas de arabaiana eram cozinhadas no molho de côco com todos os temperos, indispensáveis nesse tipo de prato e pra terminar, acrescentava-se vários tipos de legumes, que depois de cozinhados, estava pronta aquela deliciosa peixada. Sim tinha também ovo cozido! Acompanhava o prato principal, o arroz branco e o tradicional pirão, preparado com o caldo do peixe e farinha de mandioca, mexidos. Era realmente um prato delicioso! Maravilhoso! No final da comilança, só sobravam as espinhas! Só restava pedir a "saideira"!
O Restaurante tinha uma área coberta, acredito que por sapé, que normalmente era utilizada tanto para as refeições, como também para as reuniões de amigos e de famílias. Um ambiente mais social. Tinha também, um primeiro andar que era um ambiente mais reservado e pra falar a verdade, nunca me arrisquei a ir até lá. Alguns casais mais discretos, utilizavam esse ambiente freqüentemente. Por fim uma área lateral aberta com muitas árvores e plantas diversas onde as pessoas que iam curtir o local, costumavam ficar. As crianças adoravam! Tinha muita sombra e era bastante ventilada. Os pés de amêndoas, ajudavam bastante. Tínhamos uma visão privilegiada da lagoa. Essa área apesar de já existir desde o início do Restaurante, só depois é que foi incorporada ao Restaurante, se não estou enganado.
Na área coberta tinha um grande aquário, com peixes da lagoa de diversos tipos e tamanhos, que a criançada gostava muito de apreciar. A Paulinha, minha filha, adorava ficar olhando o vai e vem dos peixes entre as várias plantas aquáticas existentes no aquário. Quando íamos só almoçar, sentávamos numa mesa bem próxima do aquário, para a Paulinha e todos nós curtirmos também o aquário. Um detalhe interessante era que a armação que suportava os vidros do aquário, como também as colunas que sustentavam a coberta, bancos e mesas eram todas enfeitadas de conchas de massunim e de ostras, dando um visual diferente e bonito ao aquário e ao ambiente. Na foto abaixo, detalhes do bar e das conchas. Da esquerda para direita: Eu Nicolau, Fatima minha esposa com o seu barrigão, a nossa amiga Loló e por último a Márcia, esposa do Abelardo. No fundo se ver parte do aquário. será que ainda existe? Era muito legal!

Na área descoberta tinham duas coisas que atraiam muito a atenção da garotada: o viveiro para cevar o caranguejo guaiamum, que sempre estava cheio e, uma espécie de gaiola/jaula com um macaco prego, muito arisco. Era realmente a principal atração e a diversão de toda a criançada. O macaco não parava de pular e fazer piruetas e comia tudo que a garotada jogava na gaiola. De vez em quando uma criança mais afoita ou muito distraída, chegava muito perto da gaiola para tentar dar comida ao macaco com a própria mão e o macaco num movimento rápido puxava a mão da criança ou até mesmo os cabelos e a criança saía correndo e chorando pra se acabar! A Paulinha tinha um medo que se pelava do tal macaco, só chegava perto acompanhada por um de nós.
O Restaurante ficou famoso quando o cantor e compositor Martinho da Vila incluiu em um de seus discos, um samba onde o nome do Restaurante aparece em uma das letras de uma música: “Vai ter sururu, vai ter sururu, o Maré fica na beira da lagoa Mundaú”... Olha! só faltou isso para o Bar ser incluído no roteiro de muitos turistas que vinham visitar Maceió.
Na realidade, sempre que vinha à Maceió, o cantor tinha que dar uma passadinha por lá e tomar tomar um drinque! Certa vez, eu, Fatima, o casal amigo Abelardo e Márcia e as crianças, estávamos lá e nós tomando uma cervejinha, quando de repente, pra nossa surpresa, apareceu o cantor Martinho da Vila, em pessoa! O que chamou a atenção de todos os clientes. Ele já estava de saída, mas, com aquele seu sorriso aberto e o seu jeito simples de ser, não deixou de cumprimentar a todos os clientes que lá estavam. A Márcia ainda arriscou pedir um autógrafo, mas não teve coragem. Diziam os garçons que ele era muito amigo do dono do Restaurante e, sempre que vinha a Maceió, dava uma passadinha no Maré e depois ia pra Barra de São Miguel onde o dono do Restaurante "O Maré", tinha uma excelente casa de praia. Ia para aproveitar a praia, descansar e tomar umas boas "lapadas", porque, afinal de contas, ninguém é de ferro!
Certa vez estava na praia do Francês Eu, Fátima, grávida da Paulinha, nossa primeira filha, Saletinha, nossa comadre, Loló, Abelardo e Márcia velhos amigos e resolvemos tomar a “saideira” no Maré, para ver o por do sol. Era a nossa desculpa! Chegamos lá, já depois das 15:00hs e, já tínhamos tomado bastante cerveja no Francês. Mas, como não podia faltar, pedimos uma cerveja, siri de coral e caranguejo guaiamum, pois a Fátima grávida, só queria saber de comer caranguejo, isso era em todo barzinhos e restaurante que íamos. Sentamos numa mesa de frente pra a lagoa, num local privilegiado. Aí chegou a cerveja e o tira gosto e aí a brincadeira continuou muito legal, como no Francês. A cerveja estava geladíssima e o siri, entupido de coral. Tudo estava como queríamos. A descontração e alegria de todos por está naquele lugar, era impressionante. A Fatima se fez na comida de guaiamum, e só parou quando já não entrava mais nada! Nem vento!
Pra comer o siri e o caranguejo, acompanhava o prato, umas colheres de alumínio, muito mal acabada e muito usadas na época. Eram muito fraca e qualquer esforço que se fizesse, elas quebravam, principalmente as pequenas. Lembro do Abelardo, que a cada siri que comia, jogava a colher na lagoa, dizendo que: "essa colher não é colher para ser usada em restaurante, principalmente no Restaurante "O Maré", famoso em todo Brasil". Olha! Ele deve ter consumido, no mínimo, uns cinco siris! Sem contar com os caranguejos!
Conversamos bastante, tomamos muita cerveja, comemos bastante tira-gostos, mas o principal estava por vir: O por do sol! A tarde estava indo embora e no céu não tinha uma nuvem. O sol começou a descer e se esconder entre os coqueirais, proporcionando para todos nós um cenário maravilhoso. Saímos de lá, já era realmente noite e fomos todos pra casa descansar e curtir a ressaca.
De vez em quando íamos pro Maré à noite, principalmente noite de lua cheia onde ficávamos tomando uma cervejinha e curtindo o visual da lua cheia clareando a noite e deixando o seu maravilhoso reflexo nas águas tranqüilas da Lagoa Mundaú. Aqui acolá a silhuetas de canoas e pescadores. Foi uma época maravilhosa, quando Eu e Fatima noivos e recém casados, aproveitamos bastante esses momentos maravilhosos da nossa vida. Nunca mais, dei uma a paradinha por lá, já até passamos várias vezes pela sua entrada, mas o visual já não estava legal e não sentimos vontade de parar. É lamentável!!!

Nicolau Cavalcanti em 22/07/2012

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